Se bem sucedida nos testes, vacina poderá ser produzida no país e disponibilizada no SUS a partir de junho de 2021.
Na tarde de quinta-feira, no Palácio dos Bandeirantes em São Paulo, o batataense Dimas Tadeu Covas junto com o governador de São Paulo, João Doria, anunciaram parceria entre o Instituto Butantan e um laboratório chinês para testes de uma vacina contra o coronavírus. Serão 9 mil voluntários brasileiros que receberão as doses inicialmente. “O domínio dessa tecnologia é brasileiro e chinês nestas vacinas. Ela foi batizada de Coronavac. A vacina da Sinovac já foi administrada em mil pessoas nas fases 1 e 2 na China. E agora, na fase 3, que é a última, aqui em 9 mil voluntários brasileiros. O acordo de transferência de tecnologia com o Instituto Butantan, presidido por Dimas, permite que São Paulo participe dos principais avanços do mundo na luta contra o coronavírus.
Se bem-sucedida nos testes, a vacina poderá ser produzida no país e disponibilizada no SUS a partir de junho de 2021, segundo previsão do Governo Paulista. “Comprovada a eficácia e a segurança da vacina, o Instituto Butantan terá o domínio da tecnologia e a vacina poderá ser produzida em larga escala no Brasil pelo próprio Butantan, para fornecimento ao SUS de forma gratuita até junho de 2021 “, afirmou o Governador Doria durante coletiva.
Ainda segundo o Governo, outros acordos com Sinovac estão sendo feitos para garantir o fornecimento do produto ao país enquanto a tecnologia de produção da vacina é transferida para o Butantan.
Os estudos clínicos no Brasil serão iniciados após a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e dos comitês de ética em pesquisa.
Vacina
A vacina da Sinovac Biotech já foi aprovada para testes clínicos na China. Ela usa uma versão do vírus inativado. Isso quer dizer que não há a presença do coronavírus Sars-Cov-2 vivo na solução, o que reduz os riscos deste tipo de imunização.
Vacinas inativadas são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Isso garante que ele não consiga se duplicar no sistema. É o mesmo princípio das vacinas contra a hepatite e a influenza (gripe).
Ela implanta uma espécie de memória celular responsável por ativar a imunidade de quem é vacinado. Quando entra em contato com o coronavírus ativo, o corpo já está preparado para induzir uma resposta imune.
Cientistas chineses chegaram à fase clínica de testes – ensaios em humanos – em outras três vacinas. Uma produzida por militares em colaboração com a CanSino Biologics, e mais duas desenvolvidas pela estatal China National Biotec.
Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam percorrer diversas etapas para testar segurança e resposta imune. Primeiro há uma fase exploratória, com pesquisa e identificação de moléculas promissoras (antígenos).
O segundo momento é de fase pré-clínica, em que ocorre a validação da vacina em organismos vivos, usando animais (ratos, por exemplo).
Só então é chegada à fase clínica, em humanos, dividida em três momentos:
- Fase 1: avaliação preliminar com poucos voluntários adultos monitorados de perto;
- Fase 2: testes em centenas de participantes que indicam informações sobre doses e horários que serão usados na fase 3. Pacientes são escolhidos de forma randomizada (aleatória) e são bem controlados;
- Fase 3: ensaio em larga escala (com milhares de indivíduos) que precisa fornecer uma avaliação definitiva da eficácia/segurança e prever eventos adversos; só então há um registro sanitário