As eleições deste ano para prefeito, vice-prefeito e vereadores já começaram de maneira atípica, com restrições sanitárias, calendário diferenciado, regras inéditas para coligações proporcionais e muitas dúvidas e preocupações com relação ao trânsito de eleitores no dia da eleição pelos locais de votação. A pandemia do coronavírus definitivamente irá marcar o pleito de 2020.
Mesmo com todas as medidas que o Tribunal Superior Eleitoral já anunciou através da campanha ‘Vote com Segurança’, a serem tomadas para organizar o fluxo dos eleitores no dia da eleição e resguardar a saúde de eleitores, candidatos, agentes da Justiça Eleitoral e demais profissionais que atuarão no pleito, a expectativa é de que teremos nesta eleição o maior índice de abstenções da história do país.
Preocupado com essa possibilidade, o TSE tenta passar tranquilidade ao eleitor, e vem divulgando o aumento de uma hora no horário de votação, que se iniciará às 7 horas, e não às 8 como em eleições anteriores. Outra novidade é que das 7hs até as 10hs, os eleitores maiores de 60 anos terão prioridade. E, lógico, o uso de máscara será obrigatório a todos.
Mesmo com essas medidas, o desinteresse do eleitor nas eleições deste ano, somado à toda preocupação com a possibilidade de infecção pelo coronavírus devem aumentar o estímulo da ausência de eleitores que não são obrigados a votar, ou seja, aqueles com mais de 16 e menos de 18 anos, e os maiores de 60 anos. Mas também deverá afetar as demais faixas etárias, que provavelmente se utilização para justificar a ausência, a preservação da saúde, por se inserir em algum grupo de risco.
Mas a verdade dos números é que o percentual de abstenção em nossa cidade vem crescendo sem trégua desde que as eleições passaram a utilizar as urnas eletrônicas em 2.000, conforme pode-se observar no gráfico abaixo:
Podemos notar que a tendência de crescimento da abstenção a cada eleição é uma constante desde 2.000, ou seja, mesmo sem o ‘efeito Covid’ presente neste ano, já existia a expectativa de uma abstenção maior. Caso a tendência da curva se mantenha, e atinja, por exemplo, o patamar de 40% nas eleições de 15 de novembro próximo, isso significaria em números que cerca de 17.600 batataenses deixariam de comparecer às seções de votação de nossa cidade.
Mas é certo que essa tendência não é observada somente em nossa cidade, mas em todo país, e a constatação predominante da maioria dos cientistas políticos é de que a principal causa deste crescente desinteresse é a desilusão com a classe política de forma geral, com constantes notícias de desvios de verbas, aplicação indevida de recursos públicos, corrupção e a péssima oferta de serviços públicos à população, sentimento que a cada pleito parece aumentar entre os eleitores do nosso país.
Os candidatos já preparam a campanha deste ano com trabalho a mais: além de convencer o eleitor a lhe conceder o voto, ele terá de convencê-lo a votar, uma vez que no Brasil o voto é obrigatório, mas a multa por não votar é de valor simbólico, que também estimula a abstenção.
Juntando-se essa constante insatisfação do eleitor, sempre presente nos processos eleitorais, ao atual cenário de atenção causado pela crise sanitária do Covid-19, a tendência mais provável é que o percentual de abstenção das eleições 2020 quebre um novo recorde aqui em Batatais, e no país como um todo.