Olá pessoal, vamos discutir aqui um tema muito sensível, e eu trouxe isso porque é de fato um problema que precisamos debater.
Mas antes vamos contextualizar um pouquinho.
As redes sociais nasceram a partir de 1995, quando a classmates.com foi fundada, isso ainda nos primórdios da internet. Ela foi criada para conectar pessoas, em especial amigos dos tempos de escola que não se viam mais.
Por volta dos anos 2000, a internet teve um aumento significativo de presença no trabalho e na casa das pessoas. Com isso, as redes sociais alavancaram uma imensa massa de usuários e a partir desse período uma infinidade de serviços foram surgindo.
Em 2002, nasceram o Fotolog e o Friendster. Esse primeiro produto consistia em publicações baseadas em fotografias acompanhadas de ideias, sentimentos ou o que mais viesse à cabeça do internauta. Além disso, era possível seguir as publicações de conhecidos e comentá-las.
Em seguida, ao longo de 2003, foram lançados o LinkedIn que se direciona para relacionamentos profissionais e o MySpace (morto vivo). Atualmente, o LinkedIn tem milhões de usuários, e o Brasil é um dos países com imensa utilização.
Nos próximos anos surgiram diversas redes sociais, e elas cresceram, cresceram, e se transformaram nos monstros que são atualmente, com braços longos em aspectos de lazer, negócios e entretenimento.
A BBC News Brasil recentemente publicou uma entrevista que realizou com Rebooting Social Media, que é um instituto criado este ano, que se propõe a realizar este movimento de reiniciar as redes sociais em 3 anos.
Este instituto é uma nova iniciativa da BKCIS (Berkman Klein Center for Internet & Society) da Universidade de Harvard, que tem um financiamento de US$ 2 milhões (um pouco mais de 10 milhões de reais), vindos de diversas fundações filantrópicas e de pesquisa.
O conceito que estão utilizando, “Reiniciar”, é apenas para seguir a linha de pensamento que temos quando um computador está travado, onde só nos resta apertar o botão e reiniciar tudo.
Sabemos que as redes sociais cada vez mais tem se distanciado de seus objetivos iniciais, onde o relacionamento humano, o entretenimento, equalizar as oportunidades de fala, a divulgação de informações úteis, estão cada vez mais em segundo ou terceiro plano.
As redes sociais trouxeram consigo inúmeros benefícios, mas também existe o outro lado, pois a dependência das tais redes é imensa, e entre as causas mais conhecidas dos efeitos negativos estão a baixa autoestima, a insatisfação pessoal, a depressão ou hiperatividade e, inclusive, a falta de afeto, carência que muitas vezes os adolescentes tentam preencher com os famosos likes.
Entre os maiores problemas das redes podemos citar: bullying e boatos, brigas e discussões, distorção da realidade, distração, pressão, e até problemas de saúde.
Segundo Jonathan Zittrain, cofundador da BKCIS, é importante avaliar e conhecer melhor a evolução das redes sociais, pois só assim viabilizará uma reforma completa das plataformas.
As redes sociais inicialmente eram anunciadas como motores da democracia e da disseminação da verdade. Porém, agora elas são vistas de maneira contrária: facilitadoras da disseminação de mentiras, da divisão entre as pessoas.
Em um exemplo recente, as redes sociais foram usadas para estimular o uso de ivermectina e cloroquina como medicamentos para tratar a covid-19, embora não exista comprovação científica de que eles funcionem.
Os especialistas do BKCIS também dizem que as redes sociais contribuíram para a decadência da confiança nas instituições, influenciaram negativamente as eleições de vários países e ajudaram no crescimento de animosidades raciais, étnicas, políticas, religiosas e de gênero.
Quando as redes sociais surgiram, elas serviam para estimular o pensamento, porque todos em tese teriam uma voz. Porém, claramente algo está errado, afirma Mitchell Marovitz, diretor do programa de comunicação, jornalismo e discurso da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
Apesar de seus defeitos, as redes sociais e os ambientes online têm benefícios claros que também vale a pena preservar.
Não há dúvida de que as plataformas, por exemplo, aumentam o acesso a uma vasta quantidade de conhecimento, criam valiosas comunidades autogerenciadas e estimulam movimentos culturais importantes.
Parte do trabalho do novo instituto será fortalecer esses benefícios da comunicação online, ao mesmo tempo em que tenta minimizar suas partes prejudiciais.
Sempre que você reúne milhões de pessoas, vai amplificar o que há de melhor nelas, mas também o que existe de pior.
Em sua fala, os profissionais do instituto deixam claro que ainda não descobriram como maximizar o que é bom e minimizar o que é ruim. É nesta receita que interpretamos a frase ‘é preciso reiniciar as redes sociais’.”
No entanto, a escala e o alcance da mídia social tornarão essa reforma bastante difícil.
Os arquitetos do projeto de Harvard dizem que um sistema de colaboração está embutido no design do novo instituto. Ele usará uma abordagem multidisciplinar, reunindo participantes da indústria, governo, sociedade civil e academia para construir um portfólio de pesquisas, projetos, programação e oportunidades educacionais para melhorar o espaço social digital.
“Os serviços online são como hidras; se você consertar um problema, outro frequentemente surge”, explica James Mickens, professor de ciência da computação em Harvard. Mickens se juntará a Zittrain na liderança do novo instituto.
Neste artigo diversos profissionais se posicionam explicando a complexidade deste projeto e o quão difícil será executá-lo, alguns jornalistas chegam a afirmar que os objetivos são louváveis, porém é difícil afirmar o quão realistas são.
Quando analisei a estratégia do instituto, os movimentos que estão provocando, eu particularmente fiquei muito feliz, pois a necessidade de se fazer alguma coisa é evidente, porém sabemos o quão importante as redes sociais se tornaram, e melhorá-las neste sentido eu sou totalmente favorável, acredito que você também que chegou até aqui nesta leitura deve perceber os ganhos deste movimento. O que nos resta é torcer para conseguirem.
E por hoje ficamos por aqui.
Para terminar vamos fechar com uma frase de Mark Zuckerberg (criador do Facebook): “Em um mundo em que mudanças estão ocorrendo rapidamente, a única estratégia que terá garantia de fracasso é a de não correr riscos.”