Ao menos uma vez já admiramos e elogiamos, ainda que virtualmente, as limpas e organizadas as ruas de algumas cidades da Europa e dos Estados Unidos. E isso sem falar do Japão, com cidades conectadas e inteligentes, lixo reciclável separado do lixo orgânico, logradouros públicos quase assépticos. Lembro que na Copa do Mundo de Futebol os japoneses recolhiam o lixo das arquibancadas depois que o jogo terminava (isso, sim, é “fair play!”).
Que povo! Que lugar!
Pois é. Sabe o que os diferencia: é que eles fazem.
Sim, simplesmente fazem.
Não é preciso andar muito em Batatais para ver restos de construção, lixo, móveis quebrados jogados em terrenos baldios, nas estradas municipais ou no Horto Florestal.
Haverá quem diga: “é culpa do prefeito”. Será mesmo? Não há dúvida que o serviço público sempre pode melhorar, mas a responsabilidade não pode ser imputada apenas à Administração Municipal. Outro dirá: falta fiscalização. O fiscal só é necessário quando há quem não cumpra a regra.
No Brasil, muitos disfarçam a preguiça, o descaso e a canalhice culpando o “governo” por ruas que eles próprios sujaram. Temos entre nós uma corja de porcalhões de vários níveis, desde os que jogam a embalagem do chiclete no chão, passando pelos que arremessam latas e embalagens pelos vidros de seus carros, até os que despejam grandes quantidades de lixo de toda espécie no primeiro espaço que encontram. Parece que se assemelham a cães e cavalos que param em qualquer lugar, satisfazem suas necessidades e seguem em frente.
Perdoem-me o tom agressivo. Não é a proposta. Mas não dá para ver de outra maneira.
Cuidar corretamente do lixo é uma das pequenas tarefas que, praticada (ou não) no varejo no varejo, produz grandes resultados no atacado.
Não é apenas uma questão ambiental ou sanitária, mas exercício de cidadania e de patriotismo.
Sim, patriotismo.
Parece que já percebemos que ser patriota não é assistir jogos de futebol da Seleção de Futebol.
À parte de todas as concepções sociológicas e históricas, patriotismo é um sentimento de pertencimento a um lugar, que pode decorrer dos laços familiares ou de nascimento; do vínculo afetivo ou da simples escolha pragmática. Há pelo menos um lugar no mundo que identificamos como lar. E mesmo quem é afeito ao nomadismo se pode dizer patriota dos lugares onde perambula, o que poderia significar termo o mundo como pátria.
Pois se é assim, o mínimo exigido de um patriota é que contribua para melhorar o lugar onde vive e cuidar do lixo é só uma das muitas formas – talvez, a mais elementar – de fazer isso. Sim: não jogar papel no chão contribui para tornar o mundo melhor!
Agora, se você não tem este sentimento de pertencimento ou se acha que patriotismo é uma coisa piegas, então cuide de seu lixo simplesmente porque é seu dever. Já motivo mais que suficiente e será o bastante para tornar o mundo melhor.
Precisamos, com urgência, tornar melhor o lugar onde vivemos. É fácil e é possível. Que sabe em breve futuro os japoneses tenham inveja de nós?