Entendi a importância da imprensa na cozinha de casa.
Orgulhosamente, sou filho de jornalista. Meu pai, Carlito Toledo, dedicou mais da metade da vida à imprensa escrita. Durante anos foi repórter, redator e colunista da Tribuna de Batatais. Tive o privilégio de saber antes o que seria publicado no final de semana e, melhor ainda, debater com quem escreveu.
Aprendi com meu pai o valor da liberdade de opinião, da liberdade de imprensa, da democracia e do diálogo e como, para que tudo isso se mantenha, é indispensável quem busque a notícia, reflita sobre ela e nos provoque a refletir também.
Faz mais de quinze anos que minha fonte privilegiada secou.
Neste período, o jornalismo e a imprensa mudaram substancialmente, especialmente porque é a informação que nos encontra e não o contrário.
E vem aos montes, envolta de sujeira e ruídos. Pior: proliferam-se boatos como se fossem notícias e a mentira que, para ter ares sofisticados agora se denomina “fakenews”, graça nas redes, nos grupos e nas bocas.
Para isso, mais do que nunca, precisamos de quem vasculhe o emaranhado noticioso e ilumine o que importa, revele o que está oculto, desmascare a mentira e o mentiroso.
Precisamos de quem enxergue e critique, não para simplesmente nos convencer do que pensa, mas para nos estimular a ver o óbvio e a entrelinha para entender o que acontece com as pessoas e o mundo, desde as ruas até os palácios. E, sobretudo nestes tempos sombrios de intolerância e ignorância, não nos deixar esmorecer na busca contínua da liberdade e da democracia.
Essa é a tarefa do jornalista e da imprensa.
Muitas vezes gloriosa de anunciar a recuperação da economia, a vitória do esportista, o prêmio Nobel. Tantas outras inglória por falar da tragédia, da miséria, da corrupção.
É especialmente nestas horas que é odiada pelo titular do nome que aparece na notícia e, ultimamente, também por seus seguidores. Certos ou errados, tendemos a não gostar das críticas. Até aí, tudo bem. A imprensa não existe para fazer amigos. O problema surge quando o criticado ou o seguidor do criticado, ao invés de se justificar ou corrigir sua conduta, opina por calar ou desqualificar a imprensa. Quanto isso acontece, acendo o alerta contra a opressão.
Olhando pelo outro lado, quem noticia não fala apenas do fato. Fala de pessoas, famílias, amigos, empresas, empregos e tudo o mais ligado ao fato. Não pode ser leviano, não pode ser superficial, não pode ser vendilhão, nem capacho dos interessados na notícia.
Imprensa exige coragem, ética, respeito, equilíbrio e, sobretudo, humildade diante da notícia, para poder discernir entre o que ela revela e o que ela esconde. É a descrição do José Paulo Fernandes.
Me lembrei do meu pai. Saudades, Carlitão!
Sucesso, JP.
ALEXANDRE DOS SANTOS TOLEDO,
Advogado