Existe um mito popular (cabe aos biólogos a confirmação) que um sapo não reage ao aumento gradual de temperatura da água quando colocado em uma panela, esta vai esquentando aos poucos e ele será cozido tendo uma morte trágica, já na água fervendo ele reage e pula fora.
Essa parábola é uma reflexão sobre os processos de mudanças. Vamos observar o caso do Brasil, o abismo social desse país é o maior do mundo, 1% detém uma grande riqueza enquanto 99% navega com todos tipos de dificuldades de uma vida indigna.
Este 1% tem jatos, iates, carrões e mansões e exerce um fascínio tal que faz com que os 99% acham que poderão ter também, especialmente a classe média com seus cargos de gerência ou algo equivalente, mas estatisticamente isso é impossível. Estudos comprovam que são necessárias 9 gerações para alguém migrar do patamar de 99% pra o de 1%, ou seja, 225 anos!! Só para se ter uma ideia 6 famílias brasileiras detêm uma riqueza maior do que 100 milhões de pessoas e o pior é que as pessoas ou acham certo, ou não questionam tal absurdo e cultivam uma crença que dá para chegar lá, são os novos capitães do mato que defendem seus “carrascos de estimação”.
No Brasil a carga tributária é de 32% do PIB, um terço da riqueza do país se destina a redistribuição, só que se tira mais das classes pobres e transfere-se para os mais ricos, porque grande parte desses impostos estão sobre o consumo, enquanto lucro e renda são muito pouco taxados, dividendos não é taxado, então a conta é simples tira-se dos mais pobres e oferece-se aos mais ricos sendo que mais da metade do dinheiro arrecadado destina-se a pagar juros e amortização de dívidas que o Estado tomou emprestado dos mais ricos.
Tira-se do pequeno empresário, do pequeno agricultor e dos mais pobres propositalmente. É como se fosse uma guerra onde um grupo quer apropriar-se do excedente de produção do outro com o objetivo de aumentar o pedaço que está em guerra e definir quem manda na guerra. Mas mexer na desigualdade de riqueza é mexer na desigualdade de poder e aí está o problema.
Enquanto não resolvermos esse nó histórico em nosso país, esclarecendo a população a cerca desses descalabros seremos sapos fervidos achando que tudo que está aí é normal graças aos nossos “carrascos de estimação”.