Neste ano, em função do aumento de casos de covid-19 em janeiro e fevereiro, os desfiles das escolas de samba de São Paulo e do Rio de Janeiro foram adiados para este mês de abril. Os maiores espetáculos do gênero no país mais uma vez contarão com a participação de carnavalescos batataenses. Tivemos a oportunidade de falar com dois, Justino Melo e Marcos Teixeira.
Justino Melo fará uma maratona no carnaval paulistano. Vai desfilar em três escolas: Pérola Negra, dia 21, no grupo de acesso, como destaque central alto com a fantasia representando um Faraó; Colorado do Brás, dia 22, no segundo carro, como destaque central alto, com a fantasia o voo da borboleta e, na Águia de Ouro, no sábado, dia 23, onde se apresenta no quarto carro, como semi-destaque, com a fantasia representando o guerreiro de Oxaguian. As duas últimas escolas pelo grupo especial. “É como um sonho de criança sendo realizado. A primeira vez que assisti ao carnaval de São Paulo no Sambódromo do Anhembi foi no ano de 2006 e eu nunca imaginaria que teria essa oportunidade única nesse ano de 2022. Literalmente é um sonho e agradeço aos carnavalescos Eduardo Caetano, Anselmo Brito e Sidnei França”, afirmou.
Justino ressaltou que pôde aprimorar ainda mais suas fantasias com a espera dos últimos dois anos, tudo com apoio irrestrito da família. “Quero deixar aqui um agradecimento aos meus pais Rosa e José Bento por me apoiarem em todos os meus sonhos. Ao meu companheiro Valdir, que sempre está comigo nas minhas loucuras e, em especial ao Marcos Teixeira, que me orientou em vários processos da minha roupa. Agradeço também ao meu costureiro Carlos Furini, aos meus apoios de avenida e amigos queridos Samuel Hernandez e Adriano Almeida”, disse.
Em Batatais o carnavalesco desfilou pela Escola de Samba Castelo de 1994 a 2006, quando passou a integrar a Escola Unidos do Morro, onde permanece até hoje. Em 2013, além de desfilar pelo Morro, também se apresentou pela Acadêmicos do Samba.
Marcos Teixeira, que desfila no Rio de Janeiro, pela Vila Isabel, no próximo dia 23, disse que estava com tudo programado para o desfile em fevereiro e teve que rever toda a logística, com remarcação de hotel, passagens, férias, enfim, reorganizar para as apresentações neste mês de abril e, apesar do transtorno, deu tudo certo e que está feliz com a fantasia e aguarda com expectativa para o desfile. “Minha fantasia “Griô de Gbala” representa a memória e existência viva da ancestralidade, vestida em tons terrosos típicos das Áfricas, empunho as cabaças da sabedoria negra. Venho no quarto carro da Vila Isabel, denominado “Lições: samba de lá que eu sambo de cá!”, como destaque central alto. É uma criação do carnavalesco Edson Pereira e confecção toda minha. O esplendor com penas de faisões Albinos e Reais e plumas, mede 4x4m, a fantasia toda pesa 50 quilos e coube toda em uma caixa de 1,40m de comprimento por 0,80cm de largura devido ao sistema de encaixes, onde ela é toda montada na concentração horas antes do desfile. Os materiais que usei foram muitos, desde lantejoulas e espelhos que foram muito utilizados nos anos 1980 e 1990 desde strass, chatons, cordões, broches, e outros materiais alternativos que adaptei: linhas, miçangões, búzios, cabaças, enfim um universo afro que é o tema da fantasia”, informou.
Teixeira acredita que o desfile vai ter um gostinho especial, depois dos dois anos sem carnaval. “Será o melhor dos últimos anos por vários motivos, além desta fome de desfile que a dois anos não temos, na melhora no quadro desta pandemia, no enredo da Vila ser em homenagem ao seu Presidente de Honra Martinho da Vila e por ser a última escola a desfilar, que por si só já é uma celebração ao fim do carnaval e neste caso em específico celebrando a vida, como diz o samba enredo: ‘deixa a tristeza pra lá, canta forte minha Vila, que a vida vai melhorar…”, destacou.
A oportunidade de desfilar no maior palco do carnaval brasileiro
Com a ausência do carnaval em nossa cidade, onde trabalhou como carnavalesco e destaque da Castelo desde 1984, Marcos Teixeira disse que procurou outros lugares para mostrar a sua arte e o Rio de Janeiro foi a escolha pelo fato de amigos de lá já terem lhe convidado. “Este ano será a minha quinta participação nos desfiles do Rio de Janeiro, primeiramente comecei no Grupo de Acesso, nas escolas Acadêmicos da Rocinha e Unidos de Padre Miguel, e no Grupo especial em 2020, na Paraíso do Tuiuti e este ano na Vila Isabel. A minha alegria de desfilar no Rio é como se eu embarcasse em outro mundo, sonho de menino que sempre olhava as revistas de carnaval e sonhava em estar um dia entre eles”, concluiu.