A eleição presidencial ocorrerá daqui longínquos 13 meses, e toda aposta em resultados feitas agora não irão passar de palpites. A verdade é que a grande maioria dos eleitores não está pensando na sucessão, e em política, 13 meses é uma eternidade, muita novidade pode, e deverá acontecer.
Mas nunca deve-se desprezar as pesquisas (pelo menos as sérias), pois é com base nelas que os políticos vão movimentando o xadrez até as convenções. A análise da evolução da intenção e rejeição de voto dos candidatos sempre constituíram importantes ferramentas para que grupos políticos se movimentem e se organizem, seja em Brasília ou nos Estados, visando a formação de chapas para as disputas dos governos estaduais, e, principalmente, na eleição presidencial.
O Instituto Datafolha existe desde 1983, e sempre foi referência em pesquisas de mercado, sociais e políticas, tendo acertado o resultado das eleições presidenciais desde 1994, algumas com maior, outras com menor margem, mas sua metodologia e transparência nunca foram contestadas de forma concreta por quem quer que seja, e se permanece atuando no mercado há quase 40 anos, é porque tem um trabalho reconhecido, portanto, vamos utilizar os dados da sua pesquisa da corrida presidencial mais recente, publicada na semana passada.
Os números mostram que a intenção de voto para presidente da república, coloca Lula com 44%, Bolsonaro 26%, Ciro Gomes 9%, Dória 4% e Mandetta 3%. Em branco ou não sabe, 13%. Este cenário mantem-se praticamente estável ao da pesquisa anterior, feita no mês de julho passado.
Mas o que causa maior interesse na classe política, além da polarização ainda existente, são os números de rejeição de Lula (38%) e Bolsonaro (59%, um recorde). Ou seja, muita gente quer outro candidato, que não esses dois.
E mais, considerando a alta rejeição dos dois principais candidatos na disputa, fica claro que o anti-bolsonarismo e o anti-petismo serão protagonistas também na eleição do ano que vem, como ocorreu na eleição de 2018, com a diferença que no pleito passado, a rejeição ao PT ainda se mostrava mais acentuada que aquela do então candidato Bolsonaro. Pelos números da rejeição, há lugar para uma terceira via centrista, de discurso conciliatório, desde que este centro resolva seus próprios problemas, como definir quem vai ceder espaço para quem, e assim formar uma coalizão que reúna, além de partidos do centro, as demais agremiações da centro-esquerda não petista, e centro-direita não Bolsonarista.
Também é necessário, logicamente, demonstrar que há viabilidade para a tal terceira via, com compromissos programáticos que façam sentido para o momento atual do país e convençam os eleitores. Esse candidato terá que conseguir mostrar, de forma didática, que o fracasso do governo atual de Bolsonaro não é justificativa para autorizar, pelo voto, a volta de Lula, como se num passe de mágica todos os escândalos e irregularidades dos governos petistas de Lula e, principalmente Dilma, desaparecessem da memória dos brasileiros.
Os índices de rejeição que citamos nesse artigo, indicam que existem muitos eleitores que não querem votar em Bolsonaro e nem em Lula, mas claramente ainda não encontraram uma opção que inspire segurança. Mas como disse lá no primeiro parágrafo, ainda temos longos 13 meses para confabular sobre isso.