A atual crise de saúde causada pelo corona vírus mundo afora não afeta somente o setor da saúde, é estrutural e causará estragos financeiros, sociais e no modo de vida das pessoas. Bem, isso não é novidade para a maioria das pessoas que está vivenciando esse momento, e com o mínimo de informação sobre o assunto.
Mas aqui no Brasil, essa situação tem um agravante, que com certeza irá trazer reflexos muito mais profundos que no restante do mundo. A crise política.
As projeções da agência de classificação de riscos S&P Global Ratings para a economia compreendem uma queda no PIB global de 2,4% em 2020, seguida de um crescimento de 5,9% em 2021. No Brasil, a última previsão de 14 de abril do FMI (Fundo Monetário Internacional) é de que a economia despenque 5,3% em 2020, mais que o dobro da previsão para o restante do mundo, e há quem diga que o tombo vai ser maior.
Nesses institutos que monitoram a situação de mercado na América Latina durante a pandemia, e projetam seu futuro com base nas ações dos governos locais, existe o temor de que, nos próximos meses, os países latinos, em especial o Brasil, possam sofrer a segunda fase da crise: empresas que não vão conseguir se custear, que vão demitir trabalhadores, com famílias e empresas que não conseguirão pagar impostos, diminuindo a demanda, sufocando as finanças públicas, e os bancos hoje sólidos sendo afetados pela inadimplência.
A crise política no Brasil não colabora em nada no combate à pandemia, e a instabilidade social e insegurança jurídica por ela causada, tende a afugentar investimentos depois que a situação na saúde for controlada, uma vez que a crise continuaria, até uma definição com relação a todas as investigações que estão surgindo no âmbito dos governos estaduais, e principalmente acuando o governo federal do presidente Bolsonaro, que hoje praticamente não possui agenda, apenas se mobiliza para dar explicações e justificativas para cada nova denúncia de irregularidades e crimes que, praticamente diariamente, vem sendo descobertas. A recessão mundial vem aí, mas a nossa terá um tempero adicional. E não terá gosto bom não.