De acordo com o site da SSVP, a primeira Sociedade de São Vicente de Paulo do mundo foi criada em 23 de abril de 1833, em Paris, por um grupo de sete rapazes universitários liderados pelo jovem Antônio Frederico Ozanam (1813-1853), estudante de Direito na Universidade de Sorbonne. A SSVP surgiu para dar resposta às críticas que os estudantes ateus faziam aos estudantes católicos daquele tempo, questionando quais seriam as obras de caridade que os cristãos tanto pregavam. Criada em homenagem ao santo São Vicente de Paulo (1581-1660), a sociedade inspira-se no seu pensamento e na sua obra, esforçando-se por acolher a aqueles que sofrem, em espírito de justiça e de caridade e por um compromisso pessoal.
No Brasil, a primeira unidade vicentina data de 04 de agosto de 1872, no Rio de Janeiro, sendo conhecida como Conferência São José.
Passados 28 anos, em 1900, foi fundada a SSVP em Batatais. Eram confrades em 1900: Eduardo Garcia de Oliveira, Gabriel Garcia de Oliveira, Gabriel de Andrade Junqueira, Camilo Ferraz de Menezes, Dr. Miguel Cursino Vila Nova, Joaquim Garcia de Oliveira, Manoel Soares de Castro, Thomaz Martins de Araújo, Indalécio Ferreira da Silva, Procópio Martins de Oliveira, José Barbosa da Silva, Joaquim Barbosa da Silva, João Ferreira da Silva e João Martins de Mello.
Além desses confrades, logo no início da fundação, foram também convidados após a instalação da Conferência os senhores: Dr. Antônio Bento Domingues de Castro, Dr. Altino Arantes, Coronel Manoel Theodolindo do Carmo, Benedito Inácio da Silveira, José F. Paschoal, Joaquim Ferreira da Rosa Júnior, José Romão Junqueira, Antônio Alves Tostes, Joaquim Ferreira da Rosa Netto, José Jerônimo Monteiro, Coronel Joaquim Marques de Sousa, José Camilo Lelis Júnior, João Marques Pereira, Gabriel Martins de Oliveira, Cláudio José Gomes e Alfredo da Silva Leitão.
Há cem anos, em 1919, a Gazeta de Batataes noticiou o 18º ano de sua fundação no dia 1º de julho. A Conferência, segundo o jornal, foi fundada no ano de 1901. Porém, fomos pesquisar in loco e as atas da dita sociedade datam a fundação em 1º de julho de 1900.
Em 1919 era seu presidente, o senhor José Barbosa da Silva e o primeiro pobre atendido pela Conferência coincidentemente chamava-se Vicente e era morador à rua 7 de Setembro.
De acordo com outro jornal mais recente, ‘O Jornal’, de 12 de julho de 1970, neste ano o seu presidente era o sr. Francisco Fagioni e a 1ª diretoria estava assim composta:
Presidente: Manoel de Paiva Leite;
Vice-presidente: Francisco Justino de Paiva;
1º Secretário: Coronel José Ovídio Tristão de Lima;
2º Secretário: Octaviano Francisco Porto;
Tesoureiro: Francisco Moreira;
Diretor Espiritual e considerado o grande estimulador para a fundação dessa instituição: Padre Vicente Ferreira dos Passos.
Um dos braços da Conferência, o Lar São Vicente de Paulo de Batatais, também conhecido como Vila Vicentina, foi fundado em 27 de setembro de 1976 na antiga avenida Saudade, hoje avenida Francisco Faggioni, provavelmente assim nomeada em homenagem a um dos presidentes da SSVP.
Neste ano de 2019, nos dias 27 e 28 de junho, uma relíquia de Frederico Ozanan, proveniente da França, esteve na capela do Lar São Vicente de Paulo em Batatais, com visitação aberta ao público.
Outra influência francesa em nosso país, refere-se ao Dia da Liberdade de Pensamento. Como estamos vivendo em épocas de pensamentos tão divergentes e voltando a falar de feriados em Batatais, interessante pontuar que o dia 14 de julho, data que marcou o início da Revolução Francesa em 1789, é conhecido como Dia da Bastilha e também o Dia da Liberdade de Pensamento no mundo, ambos em função da revolução e da posterior Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte da França em 26 de agosto de 1789.
Há 100 anos, esta era a data em que se comemorava a Liberdade dos Povos e neste dia, em Batatais, as repartições públicas não funcionaram, o comércio fechou às 14 horas e à noite, a banda Euterpe Batataense apresentou-se no coreto do Jardim Público.
Ainda hoje, 14 de julho é comemorado em todo o mundo como o Dia da Liberdade de Pensamento, algo que nos é muito caro e da qual devemos ficar atentos pois, de acordo com os artigos 8º e 9º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 10 de dezembro de 1948:
“Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”.
“Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.
Como todos sabem, outro país que muito influenciou nossa cidade, foi a Itália. Batatais teve no mínimo duas sociedades italianas que coexistiram até a união das duas sociedades em 1917: a Societá Italiana di Beneficenza e Mutuo Soccorso, com sede à rua Coronel Joaquim Alves (o salão, atualmente, é propriedade dos Confrades Vicentinos) e a Societá Fratellanza de Mutuo Soccorso, com sede na Praça Santa Cruz com a rua Duque de Caxias.
Essas sociedades foram fundidas em 1917 numa única sociedade que ficou com o nome de uma delas, a Societá Italiana di Beneficenza e Mutuo Soccorso. Para reforçar nossa afirmativa, há 100 anos os irmãos Venturoso solicitaram à Câmara Municipal “para construírem um prédio junto a antiga sede da Sociedade Italiana, à rua Duque de Caxias, onde pretendem instalar e fazer funcionar uma máquina de beneficiar arroz.” O que, de acordo com a Gazeta de Batataes, foram atendidos.
Desde abril de 1919, a diretoria da Italiana estava assim construída: presidente, João Pesente; vice-presidente, Romolo Venturoso; 1º. secretário, Cassimiro Pucinelli; 2º. secretário, Carlos Fugazzola; tesoureiro, Hermínio Lazzarini; 2º. tesoureiro, Baptista Presenti; conselho, José Venturoso, Pedro Branco, Guilherme Rosada, Annibal Magni, Antenor Ziviani, Henrique Garbellini e Romolo Venturoso
Outras notícias que nos chamam atenção para o mês de julho de 1919 são as que a família Ferreira Rosa, em nome da senhora Basília Hortência Rosa, viúva do Coronel Joaquim Ferreira Rosa – a mesma senhora que foi enfermeira voluntária quando da epidemia de Gripe Espanhola em Batatais –, teria doado o altar-mor para, na época, recém-inaugurada Igreja de Nossa Senhora da Consolação, em Ribeirão Preto.
Quanto a economia, para além da cafeicultura, algumas pessoas tentaram implantar outras culturas na cidade de Batatais, como o fotógrafo aqui residente, João Loyolla, que se dedicou a experiência de implantar a criação do bicho da seda (sericultura). Infelizmente, conforme o jornal, não colheu bons resultados.