Viver é muito bom. A vida é muito boa. Temos a cada dia a chance do recomeço e pontuação de mudanças e ajustes necessários. A vida humana compõe-se da alternância de bons momentos e outros não tão bons. Guimarães Rosa, lembra: “A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
Certa vez, ouvi, não tão bela quão a frase de Guimarães, em palestra proferida por um riquíssimo empresário a sua equipe de vendedores: “Na maré boa, todo peixe nada…quero ver nadar, na maré ruim”. Portanto, falarmos sobre momentos não tão bons, pressupõe tratar-se da questão da resiliência, demonstrando esta a capacidade, não apenas humana, de um corpo ou matéria, voltar ao estado normal ou anterior, após sofrer um impacto, um choque, uma situação diferente da normalidade, até então vivenciada. Ao focarmos “resiliência” a condição humana, trata-se também da capacidade de retornar às suas condições, principalmente psicológicas, após um evento traumático, uma dificuldade ou situação não favorável. Isso aplica – se a diferentes tipos de perdas: de pessoas queridas, por morte ou rompimento de relacionamentos; perdas: materiais, como exemplo, o decréscimo de situação financeira e do patrimônio, de status e poder profissional, dentre outras.
São essas realidades, difíceis de serem vividas e enfrentadas, que na realidade nos expõem a dores, dificuldades e crises de foro íntimo e que fazem crescer o número de pessoas com início ou aprofundamento de crises de ansiedade, depressão e demais transtornos psíquicos. Nem todas as pessoas reagem a uma mesma realidade de igual maneira, tão pouco, uma mesma pessoa reage da mesma forma em momentos diferentes da vida. Apesar das perdas e do sofrimento, continuam a viver e sobreviver com austeridade e aparente normalidade, ou melhor, ressentindo, lutando e persistindo. Essas são as pessoas resilientes ou que possuem a resiliência necessária para continuidade do “viver”.
Aprofundando-nos à comparação do ser humano resiliente, vimos aquele que transforma a capacidade de virar o jogo que estava perdido, às vezes de forma natural, que pode ser uma capacidade inata do indivíduo, e, também como ser humano, capaz de aprender a superar-se a partir do erro e tirar proveito disso. Vemos, no entanto, muitos treinamentos a partir da conscientização e do autoconhecimento, o que transpõe barreiras e enfoca no que é possível e condizente a cada realidade, mais precisamente às escolhas e direcionamento em sua vida.
Transpondo, ainda a realidade exemplificada por material resiliente, utilizamos do produto “régua flexível”, que ao ser dobrada, posteriormente consegue retornar naturalmente ao produto inicial, ao contrário do produto ferro ou alumínio, que dobrado ou amassado transforma o estado natural em sua apresentação.
Também é importante ressaltar que todo envolvimento humano é focalizado em mínima porcentagem de ação e que o sequente ato e de maior resultado e melhor visualização, é a reação e assim sucessivamente. Valemo-nos de outro pensador, Jean-Paul Sartre, quer afirma o discorrido: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”. Você pode escolher!
Pensarmos que por mais difícil que seja a situação pessoal ou profissional, ou ambas a serem vividas e enfrentadas, nada pode ser igualado a perda de um filho para sua mãe, de uma vida e de suas pátrias para migrantes [forçados] ou sem outras opções. Propomos esta reflexão para que tentemos nos conhecer melhor e quiçá, preparar-nos para possíveis e futuros desdobramentos de nossas vidas. Viver é maravilhoso, mas é preciso coragem.
Consideremos esta reflexão!