Balzac escritor francês disse certa vez que a história tem duas versões: a oficial e a verdadeira, a primeira é mentirosa, a segunda é secreta, pois bem, se ele estiver certo o caso Tiradentes ilustra tal afirmativa.
Tido como herói nacional, 21 de abril é a data comemorativa e feriado nacional deste que foi o mártir da independência; Tiradentes era dentista, minerador, tropeiro, comerciante, militar e como ativista político se rebelou contra os altos tributos que a Coroa Portuguesa cobrava de sua colônia, no caso o Brasil, os impostos eram escandalosamente excessivos, 1500 kg de ouro por ano, para ajudar Lisboa que foi arrebentada por um terremoto em 1756.
A revolta em Minas Gerais era latente, porém velada devido a crueldade com que os membros da metrópole agiam com os colonos. Tiradentes junto com mais alguns, inspirados nas ideias de liberdade que rondavam a França e os EUA resolveram por propugnar um governo republicano, criar indústrias e universidades; nessa república não haveria exército, mas sim armamentos a população que quando necessário fosse, montaria uma milícia. O primeiro presidente seria o poeta Tomás Antonio Gonzaga. Mas tudo saiu errado porque houve as mãos traidoras do delator Joaquim Silvério dos Reis.
Tiradentes assume toda responsabilidade do movimento insurrecto e é sentenciado por crime Lesa-Majestade que era trair o Rei, o mais abominável de todos os crimes naquela época e aí, no Rio de Janeiro depois de lerem uma sentença de 18 horas com fanfarras e discursos louvando a Rainha ele foi enforcado e esquartejado, sua cabeça porém, nunca foi encontrada. Sua memória foi declarada infame e jogaram sal onde morava para que lá nada fertilizasse.
Com o início da República em 1889, suas ideias começaram a ser lembradas e bem depois em 1966 o presidente Castelo Branco através de decreto autorizou a imagem de Tiradentes com cabelos e barbas longas lembrando Cristo que morreu pela humanidade, enquanto o alferes morria para salvar o Brasil. Transformado em mito político ele foi a síntese das ideias republicanas.
Mas se ele era do exército que disciplina o corte de cabelo e barba, se ele esteve preso e nesses locais não se permite cabelos longos devido a piolhos e na forca todo condenado é obrigado a cortar o cabelo e a barba então não justifica a imagem de aproximação do sagrado como alguns governos gostariam que fossem.
Alguns historiadores ainda defendem que o não aparecimento da sua cabeça também obedeceu a uma bela trama bem sucedida, onde um ladrão ou um circense o substituiu na hora fatal em troca de vantagens econômicas a família. Tiradentes teria zarpado para Portugal e no anonimato voltou para o Brasil trabalhando no Rio de Janeiro como dentista e sangrador, tendo vivido até 1818.
E aí Balzac ficaria com qual história? Como ninguém achou a cabeça decida você leitor a verdadeira história.