Em busca da participação da população preta na história de Batatais, procuramos identificar e mapear especificamente sua presença nas múltiplas manifestações socioculturais existentes pela cidade em suas origens, tendo como perspectiva o fortalecimento de suas próprias raízes históricas e identitárias. Esses espaços relacionam-se aos lugares de origem, criação, de produção, de identificação, de representatividade e de convivência dos negros e negras na cidade.
O mapeamento está no início, ou seja, em processo de construção e na edição anterior de nossa coluna apresentamos dez pontos de referência que fazem essa conexão com o povo preto de Batatais, e com o apoio crescente da comunidade estamos ampliando cada vez mais essas territorialidades.
Nesta edição, continuamos com nossa proposta de ‘passeio virtual’ pelos pontos restantes, com base nos primeiros levantamentos realizados; o que não encerra, de maneira alguma, essa lista. Em breve, nosso estudo sobre as personagens negras de Batatais será compartilhado.
Esperamos com isso dar um pouco mais de sentido e significado às localidades, às pessoas, à memória, à ancestralidade e aos feitos afro-batataenses. Caso queira ver em vídeo parte desta pesquisa, segue o endereço eletrônico: https://www.youtube.com/watch?v=S42RL7fkbSQ
5. QUE BLOCO É ESSE?
Assim como muitos grupos de música, o Que Bloco É Esse? surgiu da reunião de amigos que desejavam criar um bloco para brincar no carnaval de rua em Batatais. Em dezembro de 2016, a partir do incentivo da professora de Artes Visuais, Fabiola Giraldi e o casal de amigos Alessandra Baltazar e Adilson Donizeti da Silva, foi realizada uma primeira reunião em que decidiram pela criação de um bloco inspirado no samba-reggae. Este gênero musical surgiu na década de 1990 na Bahia; foi criado pelo ‘Maestro Neguinho do Samba’ e constitui a fusão entre o samba duro (baiano) com o reggae jamaicano, trazendo em suas letras e sonoridades a essência da cultura negra brasileira.
No mesmo ano de 2016, o bloco iniciou seus ensaios na Estação Cultura e contou com a participação de pessoas militantes ou simpatizantes da cultura afro-brasileira, com destaque para Maria Aparecida de Oliveira ‘Mary’ (in memoria) e muitos outros que traziam seus familiares e amigos para bater latas de tintas ou instrumentos de percussão emprestados de escolas, sob a coordenação de Adilson.
Em fevereiro de 2017 o Que Bloco é esse? realizou sua primeira apresentação com um ensaio aberto na praça do Centro Cultural Professor Sergio Laurato e a partir deste momento transferiu seus ensaios para lá, sempre convidando o público presente a somar e tocar os instrumentos de latas e galões.
Os integrantes do Que Bloco é Esse? perceberam que o grupo era mais que um bloco de carnaval e mantiveram seus ensaios de forma permanente, realizando apresentações durante todo o ano, principalmente nos eventos relacionados à Consciência Negra. Por razão da sonoridade e das referências musicais das bandas Olodum e Ilê Aiyê, o bloco deixou de usar as latas de tintas em sua formação. A logo do Bloco foi criada pelo artista plástico, poeta e professor Rafael Faria, que atualmente é o coordenador da parte instrumental do grupo com aproximadamente 15 integrantes e a cantora oficial do Que Bloco é Esse? é Maria Clara Marques.
8. CENTROS DE UMBANDA
No início do século XX surge a Umbanda, religião considerada genuinamente brasileira por ter caraterísticas mestiças e sincréticas, constituída por rituais e crenças de matrizes africana, indígena, oriental e europeia (católica popular e kardecista). Foi oficializada por Zélio Fernandino de Morais no Rio de Janeiro em 1908.
Em 1939 ocorreu a criação da Federação Espírita Umbandista (FEU), dando legalidade à ‘nova’ religião. Em 1941 deu-se o Primeiro Congresso Brasileiro de Espiritismo Umbanda no Rio de Janeiro, com delegações de várias regiões do Brasil.
Em 31/05/1984, o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho em Salvador (BA) é considerado Patrimônio Histórico do Brasil, sendo o primeiro Monumento Negro a ser valorizado como patrimônio cultural. Em 1986 é tombado pelo IPHAN.
Em 1989 surge a Lei contra a Intolerância Religiosa.
A Umbanda é considerada patrimônio imaterial do Rio de Janeiro em 2009.
Desde 2012, no dia 15 de novembro é comemorado o Dia Nacional da Umbanda. A escolha da data está relacionada com a história da Umbanda. No dia 15/11/1908 teria ocorrido a primeira sessão umbandista na cidade de Niterói (RJ).
Os umbandistas como são chamados os adeptos da Umbanda dão, na maioria das vezes, o nome de casa de oração, tenda e/ou terreiro aos seus lugares sagrados, onde se cultuam entidades como os Pretos-Velhos, Caboclos, Baianos, Boiadeiros, Ciganos, Marinheiros, regidos pelos Orixás. A musicalidade está presente em todas as sessões, bem como o uso de ervas em banhos e benzimentos voltados para a cura dos consulentes ou praticantes.
Os lugares de culto de qualquer religião são locais de manifestação do sagrado e com isso, indicam muito das raízes históricas e identitárias dos grupos praticantes e, naturalmente devem ser respeitados.
“Eles, os terreiros, carregam, de um lado a outro do oceano, a sacralidade, o testamento das pequenas áfricas – monumentais como o continente negro”, constata Carlos Amorim, superintendente do IPHAN responsável pelo 1º Tombamento de terreiro na Bahia.
Além das práticas religiosas, os terreiros também são representados como espaços de luta do povo negro e da cultura africana no Brasil. São séculos de resistência lutando contra a clandestinidade, discriminações, perseguições, atos de vandalismo e boicote para manterem vivas suas práticas religiosas. Essa situação chega ao ponto extremo de seus seguidores e praticantes não proferirem abertamente sua opção religiosa por medo de represálias.
Por isso, muitos centros de umbanda parecem viver ainda na ilegalidade, o que não deveria acontecer. Falta muito para que seus seguidores vivenciem uma prática religiosa sem interferências.
Todo cidadão brasileiro tem o direito a ter a própria fé e professar qualquer religião ou dogma de seu interesse, tendo assim os seus direitos e garantias fundamentais assegurados na Constituição de 1988. Inclusive tem assentamento no artigo 5º, VI, ao estipular ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos, além dos locais de celebração e suas liturgias.
As demonstrações e práticas de intolerância religiosa são proibidas por direito e por lei. Isso quer dizer que qualquer entidade ou grupo social responde juridicamente por práticas de intolerância religiosa, se assim o fizer. No Brasil, a Lei 7.716/89, alterada pela Lei 9.459/97, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões. Porém, a simples existência de uma lei não é suficiente para acabar com séculos de exclusão e repulsa contra os rituais e hábitos cristão populares e contra as vertentes religiosas de matriz africana e indígena.
Quanto a prática da Umbanda podemos afirmar que esta se manifestou mais tardiamente em Batatais. Os primeiros relatos sobre a presença de terreiros de umbanda são do final da década de 70. Anteriormente, sabemos apenas da existência de pequenos locais de benzeções e pequenos cultos afro-brasileiros.
Em Batatais, temos notícia da existência de três terreiros ou centros de umbanda considerados os mais antigos e tradicionais da cidade, com trabalhos sempre voltados para a caridade e cura de seus consulentes e praticantes, dentro dos princípios da humildade e simplicidade.
Pelo que se sabe, o terreiro da ‘Mãe Mariana’ foi um dos primeiros centros de Umbanda conhecidos e atuantes na cidade e que ainda está em funcionamento. Sempre existiu no mesmo lugar no bairro Alto da Bela Vista. Sua origem data do final dos anos 60 e início dos anos 70. Atualmente quem o dirige é a filha da ‘Mãe Mariana’, Dona Alice.
Outro terreiro tradicional na cidade e que ainda está em pleno funcionamento é o Terreiro da ‘Mãezinha’, do índio Caramuru, no Córrego dos Peixes. O terreiro existe desde a década de 80 e hoje é dirigido por seus filhos.
O terceiro centro de umbanda mais tradicional da cidade foi o do ‘Sr. Geraldo Simão’. Atualmente sua filha Cidinha, segue os passos do pai Geraldo e dirige o Terreiro de Todos os Santos.
Embora não existam mais, outros espaços umbandistas tradicionais devem ser lembrados, como o Terreiro do ‘Sr. José Bonifácio’, no Riachuelo; o Terreiro do ‘Sr. Faustino’, na Vila Lídia; o Terreiro do ‘Sr. Euclides’, na Chácara Goiânia; Terreiro do ‘Sr. Geraldo Gonçalves’, na entrada de Batatais, no Alto da Bela Vista; o Terreiro da ‘Mãe Odila’, no Altino Arantes; Centro Espiritualista de Umbanda da ‘Dona Olanira’, no Jardim Virgínia; o Terreiro do ‘Sr. Olímpio,’ no Jardim Simara e o Terreiro do ‘Sr. Antônio’, no Matadouro.
Atualmente são diversas as casas de orações de Umbanda de todas as linhas existentes em Batatais. É usada a expressão ‘linhas’, ou melhor, ‘7 linhas da Umbanda’, pois cada espaço umbandista tem práticas diversificadas e compreendem as forças ou presença das entidades de maneira diferenciada.
Conseguimos, a princípio, enumerar alguns dos terreiros, casas ou tendas existentes na cidade:
Terreiro da Mãe Mariana – no Alto da Bela Vista
Terreiro Índio Caramuru – no Córrego dos Peixes
Terreiro de Todos os Santos – no Riachuelo
Tenda Yemanjá Caboclo Tupinambá – no Francisco Pupin
Casa de Oração Tenda Caboclo Pena Branca – no Jácomo Rampim
Casa do Caboclo Sete Flechas – na Vila Lopes
Casa Pai Ogum de Lei – no Centro
Casa Caminheiros da Verdade – na COHAB
Casa Branca Santa Pai Joaquim D’Angola – na COHAB
Terreiro do Lula – no Antônio Romagnoli
Casa Ogum Lei – na Vila Cruzeiro
Casa de Caridade da Umbanda – na Vila Cruzeiro
Cabana do Pai Tomás – no Simieli
Roça de Omolu – no Francisco Pupin
Terreiro Pai João das Almas – na Vila Maria
9. CREWS DE HIP HOP
A Cultura Hip Hop é composta por quatro pilares: Breaking, Graffite, Mc’s e Dj’s. As primeiras manifestações da cultura Hip Hop em Batatais ocorreram no salão do Clube Princesa Isabel, entre as décadas de 80 e 90. De acordo com o B.Boy Juninho, Adir Aparecido Júnior, um dos primeiros elementos a chegar na cidade foi a dança conhecida como breaking, por meio de uma ‘Gangue de Rua’ de Ribeirão Preto que parou o público do clube para ver seus passos de ‘moinho de vento’ e ‘giro de cabeça’.
A partir deste contato com a dança, Adir, juntamente com seus amigos Evandro, Cláudio, Luís, Leandro e Marco Antônio (DJ Marquinho Black), passaram a se reunir em frente ao Posto de Saúde da Vila Lídia para praticar o ‘Break’, sendo considerados os precursores do Hip Hop em Batatais.
Aos poucos a cultura Hip Hop foi crescendo na cidade com a inserção do Rap e Mc’s que se apresentavam nos encontros promovidos nas praças e quadras das comunidades da periferia. Nos anos 90, o Rap Nacional estava em alta e isso contribuiu muito para a formação de grupos de Rap em Batatais, como o ‘Código Rap MC’S’, ‘Projeto de Rua’, ‘MC’S’, ‘JDR’, ‘Corporação Realista’ e ‘Massa Black’.
As mulheres também marcaram presença na cultura desde o início, na qual destacamos Sandra Cristina de Paula Silva, conhecida como ‘Sandrona’, a primeira mulher a cantar Rap em Batatais e ganhadora em primeiro lugar do torneio de Rap na quadra do Morro em 1993.
Outro elemento que compõe a cultura Hip Hop é o grafite e esta expressão chegou em Batatais pelas mãos do graffiteiro Flávio, natural de Belo Horizonte, que residiu por um tempo no bairro do Simara nos anos 90. Posteriormente, entre os anos de 2001 e 2004 o Departamento de Cultura de Batatais, através da diretora Adriana Ferreira ofereceu cursos de graffite para a população, contribuindo para a ampliação desta expressão na cidade.
Já em relação aos Dj’s, os precursores em Batatais foram Dj Marquinho Black, Dj Leandrão, Dj Paulinho, Dj Fumaça e Dj Marcelo. Desde 2010, a cidade instituiu a Semana Hip Hop, através do Projeto de Lei nº 3.062 do vereador Reginaldo Oliveira (Sabará), sendo inegável que esta cultura já faz parte de nossa tradição.
13. RUA ARTHUR LOPES DE OLIVEIRA
A Rua Arthur Lopes de Oliveira, denominada possivelmente na década de 70, atravessa alguns bairros da cidade e seu prolongamento se estende do bairro do Riachuelo até a Vila Lídia, passando pelos centos comunitários desses dois bairros.
Ao que se sabe, Arthur Lopes de Oliveira prestou alguns serviços como pedreiro para a Prefeitura de Batatais. Nasceu no ano de 1882 e faleceu em 22 de fevereiro de 1945, contando com 63 anos de idade. Foi casado com Luíza Ferreira Lopes e deixa numerosa descendência. Entre os filhos, o famoso jogador de futebol Zeca Lopes.
15. NUAPI
De acordo com o Gabriel Oliveira, em 2007 foi fundado o Núcleo de Aprendizagem Princesa Isabel (NUAPI) com o objetivo de incentivar, criar e manter a tradição dos ‘quesitos’ relacionados ao carnaval, através da promoção de cursos, palestras, encontros sociais e outros movimentos, para manter e engrandecer a arte carnavalesca e outros movimentos sociais e culturais correlatos na cidade.
Transcorridos quase 15 anos, o NUAPI transformou-se num núcleo de multiatividades, extremamente ativo e participativo, com sede no próprio Clube Princesa Isabel. Pode ser considerado um espaço de resistência da cultura brasileira. O carro-chefe do NUAPI é o curso de mestre-sala e porta-bandeiras, com êxito de público e resultados. O Núcleo foi idealizado pelo sr. Paulinho Mirandinha, primeiro presidente do NUAPI e renomado mestre-sala de nossa cidade.
Também de acordo com texto disponibilizado pelo NUAPI em seu site, o Mestre Mirandinha chegou a atuar na instrução dos alunos do Núcleo e quase todos os casais de mestres-sala e porta-bandeiras da cidade de Batatais passaram pela atenção e cuidados desta lenda viva do carnaval de Batatais.
16. PRINCESA ISABEL
Pelos indícios deixados, a população preta local, já demonstrava vontade de se organizar enquanto sociedade beneficente e recreativa desde a década de 20 e com isso, temos algumas predecessoras da atual Sociedade Princesa Isabel. Conforme registros, em junho de 1928, foi fundada a Sociedade Beneficente 13 de Maio.
No fim da década de 30, mais precisamente em 14 de março de 1939, a Sociedade 13 de maio ofereceu o 1º baile de abertura das solenidades oficiais em comemoração ao centenário político de Batatais em sua sede provisória. Muito provavelmente esta é a mesma sociedade de 1928 citada acima. Também é nas décadas de 30 e 40 que encontramos referências sobre os cordões e blocos carnavalescos, muito provavelmente provenientes dessa mesma agremiação.
No carnaval de 34, “o salão São Carlos contou com o Cordão dos Pretos” em sua programação; nos anos de 1940 e 1941, para a mesma época, a agremiação “Sociedade 13 de Maio” foi apresentada com outro denominação, Sociedade Flor de Maio: “o bloco dos elementos de cor de nossa cidade, também homenageará o Rei Momo, fazendo realizar no prédio n. 16 da Rua Cel. Joaquim Rosa, em noites de 4, 5 e 6, trez alegres bailes” (FOLHA DE BATATAES, 17/02/1940) e “não organizou o seu rancho de rua – famoso nos carnavaes passados – mas na sede provisória, á rua Cel. Joaquim Alves, em frente a Sociedade Italo Brasileira, ofereceu bailes extra-concorridos. Os cordões da Flor de Maio também visitaram as outras sociedades, numerosos e entusiasmados” (O JORNAL, 10/04/1941); depois da guerra, temos a nota que “os remanescentes da ‘Flor de Maio’ promoverão dois bailes carnavalescos, estando a frente das festividades o conhecido Francisco Moreira.” (O JORNAL, 27/02/1949)
Finalmente, em 09/07/1952, surge a Sociedade Beneficente Recreativa Princesa Isabel, com o nome temporário de Sociedade Flor da Mocidade. A ideia de um clube foi liderada por Mário Alves dos Santos que agregou os amigos Antônio Benedicto Corrêa, Sebastião Paulino, Luís Jaime dos Reis e outros membros da sociedade que, reunidos, fundaram a dita agremiação na sede local do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), situada à Rua Sete de Setembro, n.333 cedida pelo presidente local e prefeito da época, o doutor Alberto Gaspar Gomes.
Nasceu a sociedade e fez-se seu primeiro presidente, o senhor Mário Alves. Em uma segunda reunião oficial, o clube recebeu o nome de Sociedade Recreativa Princesa Isabel.
Segundo Antônio Carlos Garcia, genro de um dos fundadores, de acordo com o senhor Antônio Benedicto Corrêa, “era preciso fazer alguma coisa em benefício dos irmãos que, infelizmente, não tiveram a mesma sorte que ele. Seu Antônio fez de sua luta uma bandeira de vida e decidiu não descansar enquanto, juntamente com tantos outros companheiros não realizasse um sonho. Este sonho está ali, no cruzamento da avenida doutor Chiquinho Arantes com a rua Carlos Gomes: a Sociedade Beneficiente e Recreativa Princesa Isabel que figura hoje entre os maiores e melhores clubes sociais de Batatais até os nossos dias. O que muita gente não sabe é que aquela sólida e majestosa sede, tem entre os materiais utilizados na sua construção muito suor e lágrimas de inúmeros rostos, ilustres anônimos, que lutaram e continuam lutando bravamente para construir uma sociedade mais justa, mais humana e melhor.”
A pedra fundamental da sede definitva foi lançada em janeiro de 1953, após a doação do terreno feita pelo então futuro prefeito Mário Martins de Barros (1956-1959). O ato contou com a presença de autoridades civis e religiosas da cidade à época. O engenheiro responsável pela obra da sede foi José Marcilio Baldochi (prefeito em Batatais entre os anos de 1969 a 1972). Na comissão de obras, o clube contou com o indispensável apoio de Luís Jaime dos Reis, o popular ‘Lulu’, que também veio a ser presidente da entidade.
O clube funcionou em sede provisória à Rua Manoel Gustavino, n. 38, prédio alugado de propriedade do senhor Otávio Peixoto, até a cobertura do novo prédio em 1959.
Em 1956, o presidente da Princesa Isabel, o senhor Mário Alves completou seu segundo mandato e não desejando mais continuar na presidência lançou o nome de seu amigo Antônio Benedicto Corrêa para sucedê-lo. Ele aceitou e foi eleito presidente da entidade para o biênio 57/58 e assim sucessivamente por quase 28 anos.
Em 1959 mesmo com o prédio inacabado, os associados passaram a utilizar a nova sede com concorridas festas. O carnaval daquele ano, para alegria da comunidade e associados da Princesa Isabel, foi realizado na nova sede quase finalizada.
Com muita luta, a finalização da construção e entrega da sede definitiva deu-se 10 anos após o lançamento da pedra fundamental, em 1962. Para coroar e abrilhantar tal acontecimento, a Princesa Isabel trouxe a Orquestra Osmar Milano, de São Paulo. Foi um sucesso que mobilizou toda a cidade.
Conforme pontuou a família Corrêa: “seu Antônio Benedicto e seus companheiros acreditavam que a construção da nova sede era o principal fator para o progresso e consolidação da Princesa. Campanhas foram feitas, leilões durante os bailes, quermesses na praça Cônego Joaquim Alves.”
Os associados rememoram as décadas de 60 e 70 como o período aureo da Princesa Isabel. A nova sede marcava o início de um gande sonho. Em 1984, novas instalações são agregadas ao prédio social.
Durante 30 anos, o grupo de diretores ligados ao seu Antônio Benedicto, seu Mário Alves e seu Sebastião Paulino elegeu-se sucessivamente até 1988. Em 1989, teve início uma nova gestão, com um novo presidente eleito, José Roberto Paulino, também muito próximo dos dois colegas citados.
Quando o clube desfila – Grêmio Recreativo Escola de Samba Princesa Isabel
Em 1955, tem início o grandioso e inesquecível carnaval de rua do Clube Princesa Isabel em Batatais, com os remanescentes da Sociedade Flor de Maio, que atingiu seu auge, beleza e competência nos anos 60 e 70. Era o Grêmio Recreativo Escola de Samba Princesa Isabel desfilando na praça Cônego Joaquim Alves; e assim o fez por todos os anos até 1978.
Na mesma proporção que o carnaval se tornava majestoso, tornava-se também muito oneroso aos cofres da Princesa. O clube fornecia todo o material aos componentes da escola de samba, desde as sapatilhas até as fantasias luxuosas e carros alegóricos. Uma decisão difícil foi tomada: os fundos monetários do clube deveriam servir para ampliação da sede social e aquisição de um espaço para sede campestre e não para o carnaval de rua. Em 1979, um grupo de jovens participantes da Escola de Samba Princesa Isabel, inconformados com o fim da agremiação, resolve fundar a Escola Acadêmicos do Samba.
Agradecemos e citamos como trabalhos de apoio as memórias de Jean de Frans; os do casal de historiadores Walter Cardoso e Clotilde Medina Cardoso, constantes na Revista Amicus; dos livros e depoimentos do ativista cultural Adir Aparecido da Silva e do professor Antônio Carlos Garcia. E sem a ajuda incomparável dessas duas mulheres, Con Silva e Celinha Oliveira esse trabalho não existiria.
Viva a laboriosa trajetória da comunidade preta de Batatais!
Ubuntu!