Batatais é conhecida como “a cidade dos mais belos jardins”. Além de ter realçada suas belezas naturais, tem a oferecer entre outros predicados, sua bela arquitetura. A cidade possui também excelentes indicadores sócio-econômicos e demográficos, o que a torna mais aprazível aos olhos de todos.
No entanto, algo parece precisar de novos olhares e reflexões. A história oficial da cidade tende a ocultar ou mesmo apagar a presença do povo preto na sua formação sociocultural. É como se a população negra permanecesse na invisibilidade.
Com isso, em busca das ‘re existências’ e ressignificações da participação da população preta na história de Batatais, procuramos identificar e mapear especificamente a presença das múltiplas manifestações socioculturais, simbólicas, políticas e religiosas mais marcantes dessa população pela cidade no decorrer dos séculos XIX, XX e XXI que tem como perspectiva o fortalecimento de suas próprias raízes históricas e culturais.
Pontuamos os protagonismos e a multiplicidade de formas organizativas, embora alguns desses espaços, lugares ou personalidades tenham sido silenciados no tempo; ainda assim, quando identificados, foram expostos para serem relembrados, visibilizados e preservados.
Entende-se por ‘territórios do povo preto’ os espaços marcados e referenciados pela presença humana, no caso, pretos e pretas que relacionam-se aos lugares de origem, de criação, de produção, de identificação, de representatividade, de convivência, ou seja, dá-se uma apropriação social aos espaços com funções e significados variados.
Trata-se então dos locais ou espaços marcados de maneira afirmativa pela presença ativa e consciente do povo negro em dados momentos da história, que acabam por fortalecer a (re)construção identitária da comunidade.
[…] O território não diz respeito apenas à função ou ao ter, mas ao ser. Esquecer este princípio espiritual e não material é se sujeitar a não compreender a violência trágica de muitas lutas e conflitos que afetam o mundo de hoje: perder seu território é desaparecer. (BONNEMAISON; CAMBRÉZY, 1996, p. 13-14 apud HAESBAERT, 2007, p. 72-73)
Esse mapeamento cartográfico dos ‘territórios e territorialidades pretos’ de Batatais está no início, ou seja, em processo de construção. Deve ser enfatizado, que os territórios e territorialidades do povo preto são locais de fortalecimento, de reconstrução identitária de suas próprias culturas, mas que não excluem outras culturas.
Por estar em andamento, a edição de hoje, não encerra a pesquisa, estudo e comunicação sobre o inventário do patrimônio cultural geral da cidade. Um dos objetivos do trabalho é ajudar a fomentar e ampliar as políticas públicas e sociais desejadas pelos grupos envolvidos e população em geral.
Foram identificados inicialmente 16 pontos de referência na cidade que fazem essa conexão com o povo preto de Batatais, no entanto com o apoio da comunidade estamos ampliando cada vez mais essas territorialidades. Em princípio fizemos levantamentos documentais e bibliográficos, utilizamos entrevistas e trabalhos de campo realizados em outras ações do Museu Histórico e Pedagógico Dr. Washington Luís na identificação dos seguintes lugares:
- Rua das Crioulas – atual Rua Treze de Maio
- Igreja do Rosário – demolida
- Unidos do Morro – símbolo da união das raças em seu pavilhão
- Maestro Major Joaquim Antão Fernandes – maestro negro de renome nacional
- Acadêmicos do Samba – originada do Clube Princesa Isabel
- Rua Evaristão
- Zeca Lopes
- Vila Lopes
- Capoeira – Grupo Axé Liberdade
- Grupos de samba e pagode – Varanda de Frente
- Clube Princesa Isabel – originada das sociedades 13 de Maio e Flor de Maio
- Praças em homenagem a personagens negros (Edgard Oliveira, Sebastião Paulino, Isoel da Vila) e outros personagens de destaque da cidade
- Locais de culto e celebração de religiões de matriz afrobrasileira Arthur Lopes de Oliveira
- Movimento Hip Hop
- Que bloco é esse?
- Nuapi
Nesta edição, apresentamos uma proposta de ‘passeio virtual’ por dez dos pontos indicados com base nos primeiros levantamentos realizados. Esperamos, com isso dar um pouco mais de sentido e significado às localidades, às pessoas, à memória, à ancestralidade e aos feitos dos afro-batataenses. Caso os leitores e leitoras queiram assistir a este passeio pelo youtube, o vídeo documentário está disponível no canal do Museu pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=S42RL7fkbSQ
- RUA DAS CRIOULAS
Em nossas pesquisas e estudos sobre o território do preto em Batatais, muitas das informações que conseguimos foram baseadas nos escritos do memorialista José Augusto Fernandes, de pseudônimo Jean de Frans, que tanto em seus livros quanto em suas colunas pelos jornais locais e mesmo paulistano, dedicava longas linhas aos personagens da cidade, alguns destes nossos pretos e pretas. Entre os relatos, encontramos personagens que moravam na Rua das Crioulas como, segundo Jean de Frans, o João Alves Ferreira, “mulato de boa estampa, funileiro fora das horas do expediente” e um dos negros mais populares da Rua das Crioulas, o ferreiro Roque, um homem muito estimado na localidade no século XIX. Atualmente o logradouro leva o nome de Rua13 de Maio, o que não deixa de ser uma referência à história da abolição da escravatura e consequentemente à história do negro em Batatais, que possuía uma concentração de moradores no bairro do Castelo.
- ANTIGA IGREJA DO ROSÁRIO
A pequena Igreja do Rosário foi a segunda mais antiga de Batatais, porém, não se sabe ao certo quando foi construída. Há relatos de sua existência desde início de 1820, mas acreditamos que ela seja um pouco mais antiga. Dedicada a Nossa Senhora do Rosário, foi uma capela simples, com apenas um altar e uma pequena torre de madeira pelo lado externo para abrigar os sinos. A Igreja era local de saída e chegada de procissões, missas, festejos de Congada, Moçambique, além do ‘terços’ rezados semanalmente.
Antes da Proclamação da República, as eleições eram realizadas nas igrejas Matriz e Rosário. O entorno da Igreja foi denominado de Largo do Rosário, hoje Praça Washington Luís. De acordo com Jean de Frans, o local recebeu durante anos as atrações circenses que passavam temporadas na cidade, sendo o local predileto dos circos de cavalinhos.
A igrejinha deve ter caído em completo desuso nos anos iniciais de 1900, pois em 1911 foi cogitada sua demolição para construção de um novo teatro municipal, o que não aconteceu. Todavia, em julho de 1924 a Igreja foi demolida para construção no local do novo Paço Municipal, que foi inaugurado em 1927.
- ESCOLA DE SAMBA UNIDOS DO MORRO
De forma geral, não há como dissociar a cultura do carnaval brasileiro da ‘miscigenação’ entre europeus e africanos. Para congregar todas as escolas de samba batataenses em torno dessa unicidade encontramos na Escola de Samba Unidos do Morro essa representação. O que nos chama a atenção em seu estandarte é a simbologia contida em seu pavilhão: além do famoso urubu-rei vemos um elemento demarcador e que representa a união, a partilha das raças com o aperto de mãos. A Unidos do Morro tem uma trajetória de quase 30 anos, de bloco carnavalesco à escola de samba com várias vitórias. Sua sede fica no Conjunto Habitacional Dr. Altino Arantes, conhecido popularmente como “Pau do Urubu’.
- NÚCLEO MUSICAL MAJOR ANTÃO FERNANDES
Major Joaquim Antão Fernandes nasceu em Batatais em 17 de janeiro de 1863(4), seu nome de batismo era Joaquim Antão Rodrigues da Silva. Morreu na cidade de São Paulo em 27 de julho de 1949.
Órfão e pobre, no início de sua infância morou com familiares como agregado, porém logo o encaminharam ao mestre de música da cidade, Leonardo, para aprender o ofício de músico, além de ter moradia em troca dos serviços domésticos. Incorporado à banda do mestre Leonardo, Joaquim Antão “recebeu os acessórios básicos de trabalho do artista que se apresentava em lugares distantes, uma mula e uma sela, mas foi muito explorado e maltratado por seu tutor”. Por essa razão, resolveu fugir da cidade para tentar a vida na capital paulista. Uma série de acasos levaram-no ao alistamento em 1880 no Corpo de Policiais Permanentes, para compor o quadro de músicos da banda. Ingressou na Força Pública em 1º de setembro de 1880, estudou na Itália de abril de 1898 até maio de 1899, e serviu na polícia até o ano de 1933, chegando ao posto de Major.
Dois fatos dos quais temos muito que nos orgulhar de Joaquim Antão Fernandes é que ele foi o músico criador do arranjo de Marcha Batida de introdução do Hino Nacional Brasileiro em 1908 que é tocada até hoje; e em 1939, fez o arranjo musical do Hino a Batatais, escrito por Antônio Nogueira Braga. O maestro foi fundador da Banda Sinfônica da Polícia Militar de São Paulo, sendo seu regente por longos anos, até aposentar-se.
Voltou a Batatais uma única vez, no ano de 1911 como regente da Banda de Música da Força Pública Policial do Estado de São Paulo para inauguração do Grupo Escolar Dr. Washington Luís. Em São Paulo foi homenageado com o nome da Rua Major Antão Fernandes no Jardim São Bento; o coreto da Praça da Luz no Jardim da Luz, onde promoveu várias audições públicas e foi tombado com seu nome e há também uma escola, fundada em 1997, o Colégio Maestro Antão Fernandes, de propriedade de seus descendentes. Em Batatais, recebeu homenagem póstuma em 1949 com a nomeação de uma via pública, a Travessão Major Antão; em 1988, deu-se a criação do Núcleo Musical Major Joaquim Antão Fernandes, atualmente sediado no Centro Cultural Professor Sergio Laurato (Batatais), que oferece cursos gratuitos de música à população. É autor dentre outras músicas de Aurora da Liberdade, feito em homenagem aos antigos ex escravos.
- ESCOLA DE SAMBA ACADÊMICOS
A Escola de Samba Grêmio Recreativo Acadêmicos do Samba foi fundada em 8 de janeiro de 1979 por quatro sambistas batuqueiros e amigos: Sebastião Carlos Rodrigues (Sebastião da Farmácia), Carlos Roberto de Sousa (Mestre Cacá), Rinaldo Aparecido da Silva (Nardão) e seu irmão Isoel Aparecido da Silva (Isoel da Vila). Inconformados com o término dos desfiles da Escola de Samba Princesa Isabel, os quatro amigos reuniram inicialmente as comunidades da Vila São Francisco e Vila Lídia além de simpatizantes de outros bairros. Com menos de um mês de fundação da agremiação, a Acadêmicos do Samba conseguiu apresentar seu primeiro desfile com brilhantismo na Praça da Matriz. Mesmo sem uma sede própria, pois o Centro Comunitário da Vila Lídia ainda não existia, a Escola de Samba “erguia-se” um pouco mais adiante da sede atual, entre as casas de seus fundadores nà antiga rua das Araras (atual Rua Prefeito José Pimenta Neves), envolvendo toda a comunidade local. Em seu pavilhão amarelo, vermelho e laranja foi agregado o tigre, simbolizando a força, coragem e resistência do povo do samba e do povo preto, retratando em seu carnaval temas sociais e da nossa cultura brasileira com criticidade.
- RUA EVARISTÃO
Na década de 80, quando da construção do Jardim Anselmo Testa (COHAB), o logradouro recebeu este nome em homenagem a Evaristo Moreira dos Santos, conhecido como Evaristão Ruão, ou simplesmente Evaristão, um ‘benzedor exímio’, um homem ‘bom que nunca fez mal a ninguém’ de acordo com Jean de Frans. Não tinha um trabalho fixo. Vivia da caridade e de pequenos serviços prestados principalmente a municipalidade, relacionado ao Lazareto e ao Cemitério.
Nasceu por volta de 1833, filho de Antônio dos Santos e dona Simplícia Maria da Conceição, natural de São Paulo, capital. “Morreu em Batatais com 101 anos, acometido por artério esclerose cárdio renal, segundo consta atestado dado pelo finado Dr. José Garcia de Barros.”
Era casado, em lugar ignorado, com Sabina Firmiana de Menes, sendo que, desse casamento, não deixou filhos e nem bens, e morava à rua do Sabugo pelos lados da Caixa D’água.
Contavam os mais velhos que Evaristão teria sido um herói da Guerra do Paraguai, um entusiasta apoiador de Hermes da Fonseca e depois da Revolta de 24.
Quando era necessário alguém para lidar com pessoas doentes e moribundas em isolamento no Lazareto (próximo ao cemitério municipal) ou já morta por doença contagiosa, era para o Evaristão que se apelava. Evaristão se encarregava do enterro, conduzia o cadáver ao cemitério e, ele mesmo o sepultava. O curioso é que ele não contraiu nenhuma das doenças contagiosas que tratou.
Na década de 70, foi lembrado pela Fundação Espírita Paulo de Tarso, que deu o nome de Evaristão à um espaço de artesanato.
- VILA LOPES
A Vila Lopes entra em nosso roteiro principalmente por causa de seu fundador, José dos Santos Lopes, mais conhecido como Zeca Lopes. No dia 17 de abril de 1967, Zeca Lopes (empreiteiro e jogador de futebol) adquiriu da família Bertolucci a área do atual Jardim Santa Luísa, que foi dividida em 222 lotes onde aos poucos foi erguendo os sobrados, posteriormente vendidos a preços baixos e longos prazos.
Neste bairro, o nome dado foi em homenagem à sua mãe, Luíza Ferreira Borges, e à Santa Luíza de Marilac, declarada patrona das Obras Sociais em 1960, pelo Papa João Paulo XXIII.
No Jardim Santa Luíza, popularmente chamado de Vila Lopes, as primeiras casas foram construídas pelo próprio Zeca Lopes a partir de 1968, sem existir no local nenhuma infraestrutura de iluminação ou rede de água e esgoto. Somente nos anos 80 é que o bairro recebeu as melhorias na rede e nos anos 90 a pavimentação.
- GRUPOS DE CAPOEIRA
Em nossos estudos sobre as territorialidades do povo preto em Batatais ficou evidente o quando o Centro Comunitário da Vila Lídia e o Clube Princesa Isabel são os principais espaços que acolheram as culturas de identidade afro como a capoeira, o hip hop, os bailes de black music, o samba e o carnaval e mesmo outros projetos integrativos.
Em relação à capoeira, sua história em Batatais começa na década de 80, a partir dos sucessivos encontros do batataense Antônio de Pádua da Silva (Toni) com o capoeirista Tomás Aquino Corrêa Rosa. Em suas idas para Ribeirão Preto, Toni sempre assistia aos jogos e às rodas de capoeira de Tomás na Praça XV de Novembro em Ribeirão Preto. Por coincidência, esse mesmo capoeirista passa a namorar Lourdes Anicésio, sua atual esposa e na época cunhada de Toni. Desse encontro entre Toni e Tomás surge uma amizade comparada a de irmãos. Toni convida Tomás a dar aulas de capoeira em Batatais, primeiramente no Centro Comunitário da Vila Lídia.
A aceitação desta cultura foi tão grande na cidade que a partir de 1988, Tomás prestou concurso público e iniciou as aulas de capoeira no Teatro Municipal Fausto Bellini Degani. Passados alguns anos, com muitos alunos formados e nova geração de instrutores, contra mestres e mestres, Mestre Tomás formou com seus alunos e alunas o Grupo Axé Liberdade, que tem como símbolo uma arara azul voando livremente e carregando um berimbau, ícone da capoeira.
- JOSÉ DOS SANTOS LOPES – ZECA LOPES
(veja também a edição de novembro de 2020. O empreiteiro José dos Santos Lopes)
O batataense José dos Santos Lopes, mais conhecido como Zeca Lopes, tornou-se famoso em todo o país jogando futebol na posição de ponta direita entre os anos de 1932 e 1941. Nasceu no ano de 1910, sendo seus pais Arthur Lopes de Oliveira e Luíza Ferreira Borges. Zeca Lopes foi o terceiro filho de sete irmãos. Desde muito criança ajudava seu pai, Arthur Lopes de Oliveira, como servente de pedreiro e posteriormente como pedreiro na construção civil. Seus primeiros chutes como jogador de futebol foi no Riachuelo Futebol Clube. Aos 15 anos, jogava no Batatais Futebol Clube; já entre seus 16 e 17 anos, jogou no Sport Club de Uberabinha (Uberlândia) e posteriormente em clubes das cidades de Bebedouro, Jaboticabal, Rio Preto, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto. Em 1930, começa a jogar no Comercial de Ribeirão Preto, seguindo em 1932 para o Corinthians e lá permanecendo até 1941, e como muitos já sabem, Zeca Lopes teve também uma honrosa passagem em 1938 pela Seleção Brasileira.
Aos 25 anos de idade, no dia 27 de fevereiro de 1935, Zeca Lopes se casou com a jovem de 16 anos, a batataense Isabel Parpinelli (n.19/01/1919 – f. 21/07/2002), conhecida como Helena, com quem viveu por 61 anos e teve quatro filhos. Após o trágico fim de sua carreira como jogador de futebol, com a grave contusão de seu joelho em 1941, Zeca Lopes voltou a morar em Batatais e se dedicou de forma mais intensa ao ramo da construção, tendo como um de seus divertimentos o jogo de bocha.
Zeca Lopes viveu até os 86 anos, vindo a falecer no dia 28/08/1996. Seu legado permanece vivo por meio do incansável trabalho de sua família na perpetuação da memória dos pais.
Em Batatais, foi homenageado com seu nome no Centro de Lazer do Trabalhador “José dos Santos Lopes – Zeca Lopes” situado no Conjunto Habitacional Doutor Altino Arantes. Outra homenagem é o monumento elaborado pelo artista plástico Luiz Xavier exposto na Rua de Todos os Santos na Vila Lopes.
- GRUPOS DE SAMBA E PAGODE
O primeiro grupo organizado de samba que se tem notícias na cidade começou no início dos anos 80 com o Varanda de Frente, nome dado por um de seus fundadores, o Isoel da Vila e conforme um de seus fundadores, Sebastião Carlos, “surgiu da vontade de levar o samba para toda a cidade”.
Na formação inicial do Varanda de Frente estavam Sebastião Carlos Rodrigues (Sebastião da Farmácia), Isoel da Vila, Rinaldo Aparecido da Silva (Nardão), Renan ‘do Cavaco’ e o intéprete Nelson Valério. A primeira apresentação oficial aconteceu na 1ª. Feira do Amor de Batatais. O grupo teve várias formações e participação de músicos de renome na cidade e da região durante sua existência, sempre com muito sucesso, como o Mestre Cacá, Silvinho, Antônio Carlos (Carlão), Luis Paulo, José Paulo e tantos outros que merecem ser citados. A maioria de seus integrantes ainda está viva e merece um bom registro dessa trajetória musical.
O nome Varanda de Frente surgiu porque naquela época estava nas paradas nacionais de sucesso o Fundo de Quintal e o grupo batataense ensaiava na varanda da frente da casa de um dos fundadores e integrantes do grupo, o sr. Sebastião Carlos. A casa ficava na Rua das Araras, ponto de encontro de homens e mulheres trabalhadoras e muitos do samba e do carnaval.
Outro fato que merece destaque é que o grupo apresentava também composições próprias, produzidas pelo Isoel da Vila e pelo Nelson Valério. De acordo com alguns dos integrantes do Varanda de Frente, como seu Sebastião Rodrigues e ‘Renan do Cavaco’, a composição mais famosa tocada pelo grupo foi o Pagode da Comadre, de autoria do seu Isoel da Vila que chegou a ser gravada no LP Gente Nossa. “Um dos registros memoráveis de minha história foi o prazer de participar com o Isoel, Dr. Said e o Sr. Holvirdes Simões da gravação do Pagode da Comadre”, rememora ainda Renan.
Inicialmente, o grupo só tocava samba e pagode, mas no decorrer das apresentações foram agregados outros estilos musicais como forró, sertanejo, boleros, mpb e etc. “Tocávamos na região toda, em festas, bailes, casamentos, comícios e até em programas televisivos regionais como o Cidade na TV, da TV Cultura”, relembra o sambista ‘Renan do Cavaco’ que começou bem mocinho, aos 16 anos, nas rodas de samba e carnavais batataenses. Todos os músicos sempre foram a sua inspiração, mas lembra com carinho do sr. Arlindo Cipriano, exímio tocador de violão apenas ‘de ouvido’, avô do Mestre Salim, atual presidente da Escola de Samba Riachuelo de Batatais: “Com seu Arlindo aprendi muito, ficava olhando ele tocar e dava meus acordes. Outro músico importante para a cidade, minha formação e que integrou o grupo Varanda de Frente, apenas em sua trajetória final, foi senhor Geovanni, outro violinista fantástico”.