Pois é.., já! Cerca de um mês após assumir o Ministério da Saúde, o empresário/oncologista Nelson Teich já sente o calor de comentários nada elogiosos dos chamados sites “bolsonaristas”, logicamente insatisfeitos com sua morna performance frente ao Ministério (vide matéria: http://revistaforum.com.br/noticias/bolsonaristas-ja-chamam-nelson-teich-de-comunista-nas-redes-e-pedem-osmar-terra/). O presidente Bolsonaro, em tempo recorde, começa a dar a Teich o mesmo tratamento que dispensou ao ex-ministro Henrique Mandetta antes de exonerá-lo (http://veja.abril.com.br/blog/radar/bolsonaro-comeca-a-fazer-com-teich-o-que-fez-com-mandetta).
Teich, de fato, rendeu-se à realidade! É como se estivesse dando continuidade à gestão de seu antecessor, Henrique Mandetta, esse sim médico com experiência em gestão pública em saúde, nos anos 90 exercendo sua profissão no SUS e no Hospital Central do Exército em Cuiabá e, principalmente, como Secretário de Saúde de Campo Grande por 5 anos entre 2005 e 2010. A atividade parlamentar que exerceu por dois mandatos como deputado federal também lhe deram os “traquejos” necessários para dialogar com a classe política, detalhe tão necessário para qualquer ocupante de um Ministério tão sensível às demandas regionais quanto a capacitação técnica.
E exatamente por se mostrar coerente com a ciência e a medicina, Teich começou a ser execrado pela claque bolsonarista mais radical, que já pede sua cabeça em tão pouco tempo. Eles queriam que a flexibilização do isolamento fosse pauta imediata e levada à toque de caixa pelo novo ministro, o que, por motivos óbvios de nossa realidade, não aconteceu. Teich tem um currículo notável, mas nunca teve afinidade com o serviço público de saúde, pois sempre trabalhou no setor privado. Daí é que seus problemas começaram.
Já nas primeiras reuniões, demonstrava insegurança, desconhecimento de dados, e suas falas eram confusas, sempre abordando a necessidade de “estudos”, de “tendências”, de “realidades regionais”, mas nunca chegando a alguma decisão concreta. Dizia necessitar de um tempo para se inteirar da situação, e o que o país menos dispunha (e dispõe) era de tempo para discussões em conselhos ou reuniões para ouvir possibilidades de ações. Numa videoconferência com Secretários Estaduais no dia 04 de maio, os gestores estaduais manifestaram sua preocupação com a gestão do novo ministro, dizendo abertamente que o mesmo passou a impressão de estar “perdido”, e sem comando (http://exame.abril.com.br/brasil/secretarios-estaduais-veem-novo-ministro-da-saude-perdido/).
Semana passada anunciou o fracasso da importação de 15 mil respiradores, enquanto os governos estaduais de vários estados conseguiam respiradores até com certa facilidade (http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/05/07/ministro-da-saude-afirma-que-governo-nao-esta-conseguindo-comprar-mais-respiradores.ghtml).
Nessa semana, em reunião com representantes do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretários Municipais), Teich finalmente apresentou uma série de diretrizes para orientar medidas de isolamento social nos estados e municípios, e foi solenemente ignorados pelos representantes dos Conselhos citados, que não concordaram com as medidas sugeridas, reiterando que o momento é de manter o isolamento total, ante o colapso eminente do sistema de saúde (http://www.jota.info/tributos-e-empresas/saude/teich-diretriz-isolamento-11052020).
Para fechar com chave de ouro, na entrevista oficial no Palácio do Planalto do dia 11 de maio, última segunda feira, Teich protagonizou uma cena de certa forma constrangedora, ao mostrar que não tinha conhecimento de um decreto presidencial que ampliava setores de serviços essenciais em situações de emergência em saúde pública. Perdido, ele perguntava: “Mas isso foi hoje? Bem, não é competência nossa, é do Ministério da Economia…”. Além de não ter sido comunicado de um assunto que claramente diz respeito à área da saúde, passou outra informação errada, pois quem assinou o referido decreto foi a Casa Civil, e não o Ministro Paulo Guedes (http://catracalivre.com.br/cidadania/teich-fica-constrangido-ao-descobrir-decisao-de-bolsonaro-pela-imprensa/).
Para terminar. Fiz questão de incluir as fontes de assuntos por mim abordados nesse artigo, pois tenho notado um aumento de publicações de fake news em redes sociais, que poderiam ser desmascaradas com uma simples consulta no Google. Compartilhar informação correta, mesmo que informalmente, é uma responsabilidade de todos nós, e transmite responsabilidade e respeito com nossa sociedade.