Tanques desfilando pela Esplanada dos Ministérios, e estacionando rapidamente frente ao Congresso Nacional, STF e Palácio da Alvorada. Seria um desfile em comemoração ao 7 de setembro ou 15 de novembro? Não. Tratava-se de uma comitiva de blindados encarregada de entregar um convite ao Presidente da República, numa manobra militar nunca antes ocorrida em nosso país para esse fim.
Num evento programado de afogadilho para tentar intimidar os deputados federais na votação da PEC do voto impresso, apenas Bolsonaro e os seus ministros, assessores e auxiliares militares estiveram presentes. Não compareceram, apesar de convidados, os Presidentes da Câmara e do Senado Federal, do STF e do STJ, e pasmem: o vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva do exército, não recebeu convite.
O evento causou perplexidade no meio político e na sociedade civil, afinal de contas, qual a utilidade de um evento desse tipo, nesse momento de combate à pandemia, que faltam recursos na área da saúde e para compra de insumos que salvam vidas?
E ainda pior, foi a imagem de sucateamento de nossos veículos bélicos, passada para o mundo todo, com cenas de blindados emitindo fumaça em grande quantidade, em frente ao Planalto, o que acabou virando piada na internet. Militares ouvidos pelos órgãos de imprensa no dia seguinte se disseram envergonhados com o evento e destacaram que as tropas foram expostas. Pelo fato do desfile ter sido programado às pressas, de forma totalmente improvisada, os veículos mais novos da Força Militar da Marinha, os modelos “Guaranis” produzidos em território nacional e que se deslocam sobre rodas, não estavam disponíveis para aquela data, tendo sido utilizados os tanques de combate leve SK-105 Kürassier, antigo veículo austríaco produzido desde os anos 1970 e os pequenos M-113, veículo de transporte de tropas já considerado obsoleto.
Ou seja, foi passada uma imagem depreciativa de nosso Exército (Marinha no caso), para todo nosso país, e para o mundo todo.
Para finalizar, mais uma vez faço questão de frisar que é fundamental nos livrarmos desta polarização ridícula entre o demônio da direita e o capeta da esquerda, que só atrapalha a volta ao crescimento do nosso país. E reforçando mais uma vez: quem é contra o atual governo Bolsonaro não necessariamente é à favor do Lulapetismo. E quem é contra o Lula (e Dilma, PT, Boulos, etc…), não necessariamente é à favor do Bolsonarismo. Precisamos de uma alternativa viável, de diálogo e conciliatória, definitivamente não precisamos de uma polarização entre duas experiências ruins, senão em 2022 iremos presenciar não uma disputa eleitoral, mas sim uma guerra. E os tanques já desfilaram em Brasília nessa semana.