Fiz esta versão da matéria de Kashmir Hill do The New York Times para o Jornal da Cidade.
Até recentemente, o grande sucesso de “Hoan Ton-That”, era um aplicativo que permitia às pessoas pintarem seu cabelo no mesmo tom do cabelo do presidente Donald Trump nas suas fotos. Depois, a empresa fez algo marcante: inventou uma ferramenta que pode acabar com a capacidade das pessoas de caminhar por uma rua anonimamente, e a forneceu para centenas de agências de polícia.
A companhia se chama Clearview AI (http://clearview.ai), ela projetou este aplicativo revolucionário. Você tira a foto de uma pessoa, carrega-a no aplicativo e ele busca esta pessoa em fotos públicas, e quando as encontra também oferece os links para locais onde as fotos apareceram.
O sistema, cuja espinha dorsal é um banco de dados de mais de três bilhões de imagens que a Clearview alega ter tirado do Facebook, YouTube, Venmo e milhões de outros sites – vai bem além de qualquer coisa até hoje criada pelo governo dos Estados Unidos ou pelas gigantes do Vale do Silício.
Agentes das polícias estadual e federal disseram que embora tivessem conhecimento limitado de como a Clearview trabalha e quem está por trás dela, utilizaram o seu aplicativo para conseguir resolver casos de furtos em lojas, roubos de identidade, fraudes com cartão de crédito, assassinatos e exploração sexual infantil.
Até agora, o uso de tecnologia que identifique rapidamente uma pessoa com base no seu rosto era tabu, considerado uma invasão radical da privacidade.
Mais de 600 agências de polícia começaram a usar o aplicativo da Clearview no ano passado. O código para uso do aplicativo, analisado pelo The New York Times, inclui linguagem de programação para ser visto com óculos de realidade virtual com lentes aumentadas; os usuários conseguem potencialmente identificar cada pessoa que veem.
A Clearview também licenciou o aplicativo para várias empresas para fins de segurança.
A própria Clearview se mantém em segredo, evitando debates sobre sua tecnologia inovadora. O único funcionário da companhia listado no LinkedIn, um gerente de vendas chamado “John Good” na verdade era Ton-That (o fundador) usando um nome falso.
A tecnologia de reconhecimento facial sempre despertou polêmica. O aplicativo da Clearview implica um risco extra porque a polícia está transferindo fotos sensíveis para os servidores de uma empresa cujos recursos para proteger seus dados não estão comprovados.
Exemplificando de forma simples, vamos considerar que na empresa onde trabalha tiraram uma foto dos aniversariantes e postaram no Instagram, outro dia estava com seu namorado em um jantar no restaurante que mais gostam e tiram uma self e lançam no Facebook, em outro momento viajam para a Italia e fazem um video quando estão em um passeio em Veneza, postam ele no Youtube, agora alguém aciona o aplicativo colocando sua foto, ele vai informar os locais que estava cada dia e hora. Assustador quando pensamos que quase tudo esta on-line hoje em dia.
Ton-That, 31 anos, chegou ao Vale do Silício, vindo da distante Austrália, onde nasceu. Em 2007, ele desistiu da faculdade e foi para San Francisco. O iPhone tinha acabado de ser lançado e seu objetivo era entrar o mais cedo possível no que achava que seria um mercado vibrante para os aplicativos de rede social.
Clearview, ele converte o rosto num vetor e então exibe todas as fotos armazenadas na seção daquele vetor -juntamente com links para os sites dos quais as fotos se originaram.
A empresa continua pequena, tendo levantado US$ 7 milhões de investidores, de acordo com Pitchbook, site que monitora investimentos em startups.
Existem dezenas de empresas que oferecem esta tecnologia de reconhecimento facial de forma simples, onde você usa para conectar as aplicações que precisem deste recurso, imaginem alguém entrando em uma loja e o vendedor já o aborda chamando pelo nome, sabendo sobre suas ultimas compras, e assim adiantando o processo de convencimento para te levar ao consumo. Porem como vimos acima o uso de forma mais intensa esta em alta em milhares de aplicativos, e alguns são realmente preocupantes.
Será que seu rosto ainda é sua propriedade?