Sabemos das responsabilidades que a vida nos impõe diariamente e isso quer dizer, “anos a fio”.
São essas responsabilidades, a soma de todas as responsabilidades que faz com que nos tornemos adultos e na maioria das vezes, pessoas sobrecarregadas, que tendem a ser mais sisudas do que simpáticas, mais tensas do que bem humoradas, enfim.
O problema é que essa sobrecarga, comprovadamente, afeta nossa saúde física e mental. É muito mais fácil a percepção da degeneração da saúde física do que a mental. O físico mostra-se comprometido através das dores, do corpo que se arrasta por desanimo, fadiga, somatizando sintomas. A somatização é a manifestação através do corpo de questões que são ou mal resolvidas psiquicamente ou mentalmente. Existem pesquisas reveladoras de que os consultórios médicos estão super frequentados por pessoas que somatizam doenças.
O que fazer? O problema é que existem pessoas que parecem desejar “carregar o mundo em suas costas” e por essa razão, padecem física ou mentalmente. São pais que super protegem filhos já adultos, esposos e esposas que o fazem com seus pares, avós com seus netos, noivos e noivas, namorados e namoradas, companheiros e companheiras com seus respectivos(as). Para entender isso cito uma frase a qual desconheço a autoria: “Obra de misericórdia, torna-se em pecado mortal”, ou seja, o que se faz para ajudar, parece voltar-se contra aquele que tentou auxiliar o necessitado. Ao parar de ajudar, além da ingratidão, passa a ser mal visto, mal quisto etc.
O ajudar, às vezes, sobrecarrega aquele que ajuda e não é reconhecido por aquele que recebe. O que fazer?
Há tempos, estudo nas ciências sociais, na psicologia, na psiquiatria a questão do sofrimento psíquico, justamente para uma autoajuda e por questões profissionais. Ontem tive um insight. Insight é um conceito muito importante e interessante da Psicologia da Gestalt. Dizemos que ele acontece quando conseguimos apreender e entender uma coisa através de uma coisa ou um fato, ou uma realidade, mesmo que intuitivamente. É como enxergar o que não se enxergava ou não se conseguia enxergar, até então. Isso acontece quando um interlocutor, bastante capaz, disse-me: “Precisa ser legal. Legal com você”. Caiu “minha ficha”, entendi que é necessário e urgente que eu me priorize, que eu goste de mim.
Gostar de nós, parece corriqueiro e habitual. Não é. Ao contrário, é bem raro as pessoas que gostem delas próprias. Geralmente, a maioria, grande maioria, gosta primeiramente do outro. Isso retrata uma insuficiente autoestima.
Sou neta de uma mulher inteligentíssima, nascida em 1892, falecida em 1985, sempre dizia: “Primeiro, precisamos gostar da gente. Quem não se valoriza, muito menos os outros a valorizam”. Isso não se aprende nos bancos escolares, aprende-se na vida. O que a teoria reafirma é que aqueles que não tem autoestima, tem seus relacionamentos prejudicados, sua visão de mundo comprometida, dentre outros reflexos.
Retomando a discussão inicial, a vida não está fácil, aliás, a vida é maravilhosa, porém quem disse que é ou seria fácil? Entretanto, poucos seriam capazes de prever que os tempos atuais seriam tão cruéis. Por isso mesmo é que, já que não é fácil a vida atual, deveríamos tratar-nos melhor. Jamais ir ao extremo do “eu me amo”, com ares de prepotência, mas querer-se bem, priorizar-se, conciliando os cuidados para com aqueles que precisam de nós, não se desgastar tanto, procurar não sofrer pelo que ocorreu ontem e pelo que ainda virá, ou por pessoas que não enxergam nosso valor, tampouco agradecem nada ou quase nada.
Achei muito interessante quando uma colega de trabalho, conhecida como “Caxias” ou aquela também chamada de “burro de carga”, ligou no emprego e disse: amanhã não irei. Houve espanto e questionamento: o que aconteceu? Está doente? Seriamente doente? Responde: Não. Estou tão bem que não irei amanhã! _ Não creio ter sido extremista, creio ter tido um insight.
Juro. No meu caso, tentarei ser mais leve, permitir-me mais, procurar ser comigo tão boa quanto tento ser com os outros, procurar fazer minhas refeições com mais calma, sentar-me para fazê-las. Procurarei dar mais presentes para mim do que para os outros, admitir meu cansaço físico e mental, tentando virar o jogo: para que gostando mais de mim, outros vejam minha postura e saibam que daqui para frente, de pouco em pouco, dia após dia, por meio de coisas simples e pequenas, tentarei ser mais exigente com o que recebo. E olha que sou bastante realizada e feliz, mas quero ser ainda mais.
Pense nisso!
Quando me amei de verdade, por Charles Chaplin
Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância eu estava no lugar correto e no momento preciso. E então, consegui relaxar.
Hoje sei que isso tem nome… Autoestima.
Quando me amei de verdade, percebi que a minha angústia e o meu sofrimento emocional não são mais que sinais de que estou agindo contra as minhas próprias verdades. Hoje sei que isso é… Autenticidade.
Quando me amei de verdade, deixei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a perceber que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje sei que isso se chama… Maturidade.
Quando me amei de verdade, compreendi por que é ofensivo forçar uma situação ou uma pessoa só para alcançar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou que a pessoa (talvez eu mesmo) não está preparada. Hoje sei que isso se chama… Respeito.
Quando me amei de verdade, me libertei de tudo que não é saudável: pessoas e situações, tudo e qualquer coisa que me empurrasse para baixo. No início a minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que isso se chama… Amor por si mesmo.
Quando me amei de verdade, deixei de me preocupar por não ter tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os megaprojetos do futuro. Hoje faço o que acho correto, o que eu gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é… Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer
ter sempre razão e, com isso, errei muito menos.
Assim descobri a… Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. E isso se chama… Plenitude.
Quando me amei de verdade, compreendi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, é uma aliada valiosa.
E isso é… Saber viver!