Muito se fala neste momento em coronavírus por todos os desafios que esta doença impõe aos sistemas de saúde. Mas, é preciso ficar atento a um fator que pode ter uma relação importante entre as formas mais graves da infecção pelo coronavírus: a obesidade. No Brasil, ela já acomete um em cada cinco habitantes, sendo que mais da metade da população está acima do peso normal.
Alimentação balanceada é fundamental
Perguntamos para a nutricionista Marília Mansur sobre a procura em seu consultório de pessoas que tiveram aumento de peso significativo durante a quarentena e a resposta foi ‘está bem constante’. “Neste período de pandemia o ganho de peso é muito comum. A quebra de rotina, a mudança, o receio pelo novo, acaba gerando certa ansiedade, o que é absolutamente normal. E isso acaba refletindo de uma certa forma na alimentação. É como se a comida fosse a válvula de escape para a busca de alívio pelo que incomoda, ou pelo preenchimento do que falta. Por consequência, tem-se o ganho de peso corporal”, ressaltou.
Questionada se existe uma alimentação digamos ‘chave’, mais recomendada, Marília disse que cada caso deve ser estudado de forma separada, pois, além do metabolismo ser diferente, fatores diversos também influenciam cada pessoa a ter um ganho de peso. “Sejam eles fisiológicos, emocionais, hormonais, enfim, é preciso analisar cada indivíduo. Seu hábito alimentar, suas preferências, suas emoções, sua relação com a comida, sua rotina. Desta forma, é possível elaborar estratégias e um planejamento alimentar adequado à vida da pessoa, assim, auxiliando-a não somente na perda de peso, mas também, no aprendizado quanto às escolhas alimentares mais saudáveis”, destacou.
A profissional afirmou que somente o fato de mudar alguns hábitos alimentares já é possível observar mudanças corporais. Não somente o peso, mas também as mudanças nas medidas e circunferências, principalmente nas regiões abdominais. Já a inclusão da atividade física complementa este processo, acelerando e tornando este caminho mais prazeroso. “Realizar atividades físicas constantes auxilia não apenas nas mudanças corporais, mas proporciona sensação de bem estar, prazer, que refletem diretamente na questão ansiedade versus alimentação. E essa junção: escolhas alimentares saudáveis e atividade física só tendem a funcionar positivamente”, disse.
Sobre comer alimentos gordurosos e com altos índices de açúcar, Marília lembra que mais do que se evitar é preciso se conscientizar. “Fazer um planejamento alimentar para perder peso, voltar ao peso normal, enfim, independente do objetivo requer, num primeiro momento a conscientização da sua relação com a comida. O que a comida significa para você? Se nutrir de nutrientes adequados à sua saúde ou preencher as suas emoções? Após esse primeiro passo e essa incrível descoberta, você saberá fazer escolhas alimentares, com toda certeza, sem precisar evitar alimentos e sim, evitar pensamentos negativos, pressões psicológicas que irão, cada vez mais, ter influências negativas na sua composição corporal”, concluiu.
Exercícios físicos são fundamentais
Para destacar os efeitos da pandemia em relação a falta de exercícios físicos falamos com o pessoal do Centro de Treinamento Funcional de Batatais, que tem como responsáveis William Ribeiro da Costa Faustino e Alex Ribeiro da Costa Faustino.
Segundo os profissionais, para entender a importância do exercício físico, basta pesquisar sobre várias doenças e observar que é fácil encontrar o exercício bem orientado como forma de tratamento ou controle de muitas delas. “O sedentarismo, que pode ser traduzido com a falta de atividade física está associado a diversas doenças como hipertensão arterial, diabetes tipo 2, obesidade, doenças cardiovasculares, distúrbios do sono e o aumento do colesterol. Dito isso, além da adoção de hábitos saudáveis, o exercício físico bem orientado atua como forma de prevenção ou até como controle ou tratamento para aqueles que já possui alguma delas. Além disso, é um excelente agente para a promoção de bem-estar, pois durante sua execução, são liberados no hormônios e neurotransmissores relacionados ao bem-estar, como a endorfina”, destacaram.
Sobre qual o exercício recomendado, a equipe do Centro de Treinamento ressalta que ‘é preciso entender a prescrição de exercícios com algo extremamente individual, e específico. Mas ainda sim, é possível fazer algumas sugestões gerais, como: exercícios que recrutam vários músculos, como agachamentos, afundo/avanço/passadas, exercícios de corrida, pedalar, pular corda, flexões de cotovelo, entre outros, assim é possível obter um estresse maior durante as sessões de treino e até obter maior gasto calórico (‘queima de calorias’). “Exercite-se! Mesmo que por apenas 10 minutos, inicie e prática e torne-a parte da sua rotina, é mais fácil começar com pouco e ir aumentando gradativamente. Cuidado com invenções e exercícios mirabolantes, eles podem ser atraentes e interessantes, mas talvez não sejam os mais eficientes, seguros ou os ideais para você”, informaram.
Para conciliar as recomendações de isolamento e ao mesmo tempo praticar o mínimo de atividade física, o CTF destaca que “é possível realizar uma sessão de treino satisfatória mesmo em casa apenas com o peso corporal, ainda sim, caso a pessoa opte por realizar exercícios ao ar livre, deve se exercitar em horários e locais com menor movimento, e caso vá acompanhado, mantenha distância de pelo menos 2 metros entre os praticantes”.