A música sempre esteve presente na minha vida, desde criança, principalmente pelo fato dos meus pais sempre deixarem um rádio ligado, em casa ou no carro, e terem um aparelho de som “3 em 1” (entendedores entenderão) na copa de casa com uma pequena coleção de discos ali à disposição para quem quisesse ouvir. E eu aprendi cedo a colocar o fone de ouvidos e deitar a agulha no vinil. E Rita Lee já estava lá… pra mim essa é a melhor definição de “memória afetiva”. Explico:
Lembro de ouvir “Ovelha Negra” na FM, e sentir um prazer inexplicável na progressão harmônica da canção, que terminava com aquele solo de guitarra maravilhoso do Luiz Carlini. Quando tocava no rádio do carro, sempre pedia para meu pai aumentar um pouco o volume.
Lembro de ficar assistindo minha irmã Léa e suas amigas, alí pelo início dos anos 80, deslizando sobre patins no quintal de casa, ao som de “Lança perfume” e “Baila comigo”.
Lembro de segurar o sono até depois da novela das 9, só para assistir ao “Sexta Super Especial” na Globo, com um show dela no antigo Teatro Fênix do Rio de Janeiro (esse programa tem no youtube, viu?).
Lembro de pedir de presente aos meus pais um disco da banda Rádio Táxi, em 1982, só porque tinha uma composição dela (“Coisas de casal”).
Lembro do programa diário “TV Mulher” da Globo (com a apresentação da Marília Gabriela), que na abertura tinha a música “Cor de Rosa Choque”, na época tida como um hino feminista.
Lembro de um show, também transmitido pela TV, no ginásio do Ibirapuera, em que ela canta “Vote em mim” na companhia dos jogadores do Corinthians Sócrates, Casagrande e Wladimir.
Lembro de ficar indignado ao ver a programação do primeiro festival Rock In Rio em 1985, e não encontrar a Rainha do Rock no line-up… ôrra meu, como assim?!?! Mas os organizadores recuperaram a sanidade rapidinho, disseram “desculpe o auê” e acabaram incluindo ela na programação.
Lembro da primeira música dela que cantei com a banda CODA, pelos idos de 1994: “On the rocks”. Seria a primeira de tantas, provavelmente uma das artistas que mais interpretei pelas bandas que passei.
Lembro do show dela que assisti na Expoagro de Franca em 2001, quando, lá pelo meio da apresentação ela deixava a plateia escolher as músicas, e atendia os pedidos com uma simpatia que impressionava à todos.
Lembro de gravar com a minha banda Retrorockers 80, um vídeo do sucesso “Saúde”, em 2021 em plena pandemia de covid (assista aqui: https://www.facebook.com/retrorockers80/videos/581576246095919
Lembro de ler na internet a notícia da sua morte, e lembrar de tudo isso que escrevi aqui, e mais um monte de coisas boas que as músicas dela trouxeram na vida de um monte de gente.
Lembro que ela cantava: “Mas enquanto estou viva e cheia de graça, talvez ainda faça, um monte de gente feliz…”.
Pra mim você continuará viva, e me fazendo feliz! Valeu Rita!