A vida impõe-nos situações diárias inesperadas, de menor ou maior grau de dificuldade. Com o desenrolar dos dias, cada um de nós age à sua maneira e no decorrer de nossas vidas, com o amadurecimento, podemos aperfeiçoar a forma como reagimos perante a realidade que nos é imposta.
Depende de pessoa para pessoa a capacidade de enfrentamento dessas situações, umas as enfrentam com força e galhardia, outras desesperam-se, aterrorizam-se e sucumbem–se. Algumas de maneira irreversível.
As realidades impostas, das quais falamos, podem ir da perda de um emprego, da perda de um amor, até a mais terrível experiência, a nosso ver, que é a perda de um filho. Chamamos resiliência a capacidade que umas pessoas possuem, e outras não, de se reestruturarem perante cada fato e retomarem suas vidas. O oposto das pessoas com resiliência são as não resilientes, porém, existem as que, de forma consciente fazem de suas perdas, verdadeiras muletas, para apoiarem-se a partir daí. Existem pessoas vitimizadas, o que é diferente dessas que buscam e usam suas “muletas”. Essas últimas, são as que se fazem de vítimas em busca de ganhos secundários como: afeto, reconhecimento, tratamento diferenciado etc…
Ouvi de um amigo, o seguinte questionamento a partir da perda de uma pessoa vital em minha vida, em razão de morte: “E agora: qual estratégia você usará para reiniciar sua vida?”. Esta pergunta ajudou-me muito a compreender que era tempo de sair gradativamente do luto para tentar retomar a vida diária. Cito este fato, para acrescentar que perante as situações que nos são impostas pela vida, há a necessidade de buscar, de forma racional, a elaboração de estratégias de enfrentamento da situação, quer seja , pelo desemprego, amor, morte, enfim…
É lógico que se faz necessário chorarmos nossa dor, descermos, se necessário, ao fundo do poço. Enquanto não alcançarmos o fundo, não daremos o impulso necessário para a necessária mudança. Existem pessoas que permanecem no meio do poço, passam anos nesse lugar, não compreendendo que chegar ao fundo é a oportunidade para firmarmos o pé e com o impulso necessário, subirmos à tona para respirarmos e mudarmos o necessário.
Precisamos, como Guimarães Rosa nos diz, ter coragem, a vida nos pede coragem. A coragem faz com que nos conheçamos de fato, nos superemos pelas tentativas que dão certo ou passemos a ver e entender que dessa forma não será bom o resultado. A vida pede-nos coragem, a nossa autoestima passa pelo desenvolvimento de capacidades e posturas que nos honrem, gostamos mais de nós quando conseguimos algo difícil, e geralmente, as pessoas admiram as pessoas que se desafiam, que enfrentam, que lutam, não admiram pessoas fracas. Compaixão é diferente de admiração.
Existem pessoas que gostam de ser alvo de compaixão, são as que se vitimizam. Isso não é o ideal. Não carecemos disso. Lutemos pela nossa capacidade de resiliência, elaboremos estratégias que majoritariamente dão certo e se não dão, não há problema, elaboremos outra e outras e tentemos quantas vezes for preciso.
Amemo-nos. Admiremo-nos, na medida certa, para que não alcancemos arrogância. Assim, continuaremos também nesta vida, buscando o aperfeiçoamento pessoal necessário. As estratégias e a resiliência são essenciais.
Levemos pessoas amadas e queridas, vivas e mortas, que nos amparam e ajudam. Este texto tem a intenção de animar quem precisa de ânimo e enaltecer o fato de que todos os viventes sofrem e pelejam, não apenas você ou outros poucos, desta feita: anime-se, lute, coragem para a continuidade da caminhada.
Pense nisso!