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Reforma Tributária: e agora, quem paga essa conta?

Olá pessoal! Normalmente, nossas conversas por aqui giram em torno de cinema, séries e tecnologia. Mas nesta semana resolvi fazer diferente. O tema não será a nova aventura da Marvel nem a última tendência em inteligência artificial. Vamos falar de algo que, embora não esteja em cartaz no cinema, promete estrear em breve na vida de todos nós: a Reforma Tributária.

“Mas por que falar de impostos?”, você deve estar pensando. Porque por trás de toda essa mudança fiscal que vai mexer com empresas, cidades e consumidores, existe um aparato tecnológico gigantesco que precisa funcionar para que tudo dê certo. E como estamos trabalhando intensamente para ajudar as empresas a atravessarem essa fase com menos dor de cabeça (e sem spoiler desagradável), achei importante explicar de forma simples o que vem por aí.

O que vai mudar?

Atualmente, a gente tem uma sopa de letrinhas de impostos: ISS, ICMS, PIS, Cofins, IPI… cada um com sua regra, exceção e jeitinho. Agora, tudo isso vai ser substituído por dois grandes impostos:

  • CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que é federal.
  • IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que é estadual e municipal.

Na prática, é como trocar cinco cobradores chatos por dois… só que mais organizados.

Quem ganha, quem perde?

  • Comércio: a loja que vende roupa, sapato ou celular não deve sentir tanto drama. Vai continuar vendendo, só que agora terá que prestar contas de forma diferente, tudo muito mais rigoroso.
  • Serviços: aqui o bicho pega. Profissionais liberais (dentistas, advogados, contadores, academias, salões de beleza) podem sentir o bolso apertar. O ISS, que em muitos lugares era de 2%, pode virar algo mais próximo de 26%. Sorria, você está sendo tributado.
  • Agronegócio e cooperativas: notícia razoavelmente boa. Como o novo sistema permite “crédito” em todas as etapas, insumos agrícolas ficam mais competitivos. O problema é que ninguém sabe direito o que vai acontecer com os velhos incentivos estaduais que todo mundo adorava.
  • Pequenas empresas do Simples Nacional: continuam no Simples, ufa! Mas, detalhe: vão precisar se organizar melhor, porque os clientes maiores vão exigir notas que gerem crédito de imposto. Ou seja: vai ter que investir em sistema, contador atualizado e talvez até aprender a mexer em planilhas.

E quando a gente vai sentir isso?

  • 2026 a 2028: o período de teste Antes de jogar fora a sopa de letrinhas antiga, teremos uma fase de convivência. Nesse período, tanto os impostos atuais quanto os novos (CBS e IBS) estarão em vigor. As empresas vão pagar um pouquinho dos dois, como quem experimenta um carro novo sem devolver o velho ainda. É a fase de aprendizado, com direito a tropeços, ajustes e reclamações.
  • 2029 em diante: o novo sistema ganha força O IVA (CBS + IBS) começa a dominar o jogo. A grande novidade aqui é a não-cumulatividade: cada empresa poderá abater, em créditos, o imposto que já foi pago nas etapas anteriores da cadeia. Em bom português: chega de pagar imposto em cima de imposto. Isso deve deixar os preços mais previsíveis e menos “turbinados” por tributos escondidos.
  • Cashback para famílias de baixa renda Outra novidade importante é o cashback: famílias de baixa renda terão devolução parcial dos impostos pagos em bens e serviços essenciais. Na prática, é como se o governo dissesse: “Olha, não dá para isentar tudo, mas pelo menos devolvemos uma parte”. Isso ajuda a reduzir a regressividade do sistema (ou seja, o peso desproporcional dos impostos no bolso de quem ganha menos).
  • 2033: a grande virada A partir desse ano, adeus definitivamente ao sistema antigo. O novo modelo estará 100% em vigor, e aí sim poderemos avaliar se a promessa de simplificação e justiça tributária virou realidade.
  • Mas afinal, vai ficar mais barato ou mais caro?

Resposta curta: depende. Resposta longa: se você é do setor de serviços, provavelmente vai pagar mais. Se está no comércio ou ligado ao agronegócio, pode se beneficiar. Para o consumidor final, a expectativa é que os preços fiquem mais estáveis porque a cobrança de imposto vai ser menos “cascata”. Mas claro: até o dono do barzinho da esquina entender isso, o pastel já ficou mais caro.

O que isso significa isso para nossa cidade?

Significa que:

  • O dono da loja de roupas talvez não perceba grande diferença, mas vai precisar de um contador mais atualizado.
  • clínica odontológica pode ter que reajustar preços.
  • cooperativa agrícola vai precisar aprender a jogar com os créditos tributários.
  • E você, consumidor, vai ouvir mais gente reclamando do que celebrando.

E no final disso tudo?

A Reforma Tributária promete ser como aquele médico que fala: “a cirurgia é simples”. Simples pra ele, que estudou 10 anos. Pra gente, vai ser uma fase de adaptação, com algumas dores no caminho.

Mas, cá entre nós, se realmente funcionar, pode ser que finalmente o Brasil entre para o clube dos países onde pagar imposto é chato, mas pelo menos não é um quebra-cabeça de 5 mil peças.

E assim como em toda saga, o caminho pode parecer cheio de burocracia, mas há uma nova ordem se formando. Que cada empresa encontre seu equilíbrio nesse universo tributário em transformação. “Que a Força esteja com você” — e com o seu contador também.