21 de maio: Dia da Língua Nacional
Comemorar a Língua Nacional é essencial em uma nação, pois a língua é elemento de unificação, figura como um importante e recorrente elemento de identificação e de identidade nacional.
A escolha da data de 21 de maio para comemorarmos O DIA DA LÍNGUA NACIONAL é decorrente da criação, em 2006, do Museu da Língua Portuguesa, que fica na Estação da Luz, em São Paulo. Outra data que comemora a língua portuguesa é 05 de novembro.
Nossa língua – a Língua Portuguesa – é falada não só no Brasil e em Portugal, mas também em outros países como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Guiné, Macau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. Essa expansão para outros países, inclusive para o Brasil, deve-se às grandes expansões marítimas pelos portugueses nos séculos XV e XVI.
A língua é uma das manifestações culturais que fundamentam a identidade do nosso povo e por ela as novas gerações se interagem com a herança cultural da comunidade a que pertencem.
A história do português mostra muitas variedades linguísticas no Brasil devido ao tamanho do território brasileiro. Do norte ao sul se fazem presentes diversos falares que vão compondo a nossa língua: o paulista, o carioca, o mineiro, o baiano e muitos outros.
Há diferentes modos em que é possível expressar-se na nossa língua, levando-se em conta a escolha de palavras, a construção do enunciado. A língua é a nossa expressão básica, e, por isso, ela muda de acordo com a cultura, a região, a época, o contexto, as experiências e as necessidades do indivíduo e do grupo que a utiliza.
O importante em tudo isso, é que não haja preconceito linguístico com os diferentes usos possíveis de nossa língua, pois é essencial pensarmos a principal função de uma língua: a comunicação.
Como diria o saudoso professor Juscelino Pernambuco “estar de bem com a língua pode significar estar de bem com a vida. A língua precisa ser tratada com sensibilidade; ela existe para ser útil, serviçal, não patroa ou rainha. Todos somos donos dela, responsáveis pelas suas mudanças, pelo seu enriquecimento e pela sua beleza. O importante mesmo é não complicar o texto, falar e escrever com simplicidade, sem enfeites ou modismos desnecessários à clareza e à elegância. ”
Fica a Dica!
Gente em conflito – Coleção Para Gostar de Ler nº 35 – Editora Ática – nos leva a pensar, pelos textos publicados na coletânea, sobre as diversas maneiras de manifestação da violência na sociedade e como isso pode nos afetar em nossas vidas. No texto – Aprendizado – escrito por Luiz Vilela – podemos perceber que há pessoas que não suportam conviver com o prestígio alheio – sentem ciúmes, inveja e até ódio. Pelo conto, os leitores conhecerão um garoto – que era destaque na aula de português – e por isso, conhecerá o gosto amargo da popularidade.
Aprendizado
Luiz Vilela
A arte é um longo aprendizado, e a vida dos grandes escritores está cheia de lutas e de sacrifícios.
Padre Ângelo olhou um instante pelo vitrô que dava para a rua; depois voltou-se de novo para a classe e olhou para ele:
– Meu filho, Deus te deu uma vocação; cultive-a com carinho. Um grande futuro te espera.
O resto da aula ele mal vira – nada mais tinha importância, nada mais existia a não ser aquele mundo dentro dele, aquela coisa maior do que tudo lá fora.
Agora ia pela rua, a caminho de casa. Quando chegou no Jardim, teve uma vontade doida de sair correndo, gritando e saltando sob as árvores.
Tirou a redação da pasta e olhou mais uma vez: No canto da página, em cima, um dez grande, escrito com tinta vermelha seguido de um ponto de exclamação. E seus pais, quando ele mostrasse e contasse?
Não podia mais, e já ia correr, quando foi olhar para trás e viu Jordão e Grilo: Jordão fez-lhe um sinal para esperar. Ele ficou parado, olhando para os dois, que vinham contra o fundo da tarde que morria: Jordão gordo e gingando, e Grilo comprido e curvo. Alguma coisa ia encolhendo dentro dele.
– Como é, escritor?…-Jordão abraçou-o.
Ele procurou sorrir. Grilo vinha meio atrás, sem falar nada.
-Fiquei contente pra burro: tenho um colega gênio…Cadê a redação?
-Está aqui na pasta.
-Deixa eu ver.
-Amanhã te mostro; estou com pressa agora, mamãe pediu para eu chegar mais cedo hoje – ele mentiu.
– Num instantinho eu leio.
– Amanhã eu levo no colégio.
Vinha trazendo a pasta dependurada pela mão; passou-a para debaixo do braço e ficou segurando com força. Sentia seu coração bater contra ela.
Jordão tirava uma pedrinha do sapato, apoiado em Grilo.
Recomeçaram a andar.
– Você não foi na festa ontem – disse Jordão. – Foi bacana, dançamos e bebemos pra burro. Por que você não foi?…
-Não deu.
-Você estava escrevendo?
-Não.
-É verdade que sua mãe te ajuda a escrever?
-Quem disse isso?
-Ouvi dizer lá no colégio.
-Quem disse?
-Ouvi dizer. Você também não ouviu, Grilo?
-Ouvi.
-Quero saber quem disse isso.
-Quê que tem? Acho que não tem nada de mais a mãe da gente ajudar.
-Minha mãe não me ajuda – ele disse.
-Pois minha mãe me ajuda. De vez em quando eu peço a ela. Não é porque eu tenho preguiça; é que mulher é que tem jeito pra essas coisas.
Ele ficou calado.
-Eu não tenho jeito nenhum – continuou Jordão. – Meu negócio é ser macho – e virou-se e deu uns socos em Grilo, provocando-o.
-Você não dá nem pro começo – disse Grilo.
– Uma esquerda só, e eu te amasso, Grilo.
-Você não dá nem pra começar – disse Grilo.
Jordão atirou a esquerda, não com tanta força que machucasse; Grilo desviou-se e deu-lhe uma gravata.
-Agora – disse Grilo, segurando-o com o braço ossudo, os olhos brilhantes.
-Me larga – Jordão tossiu sufocado, – você tá me enforcando…
Grilo ainda deu uma apertada, provando sua força; depois soltou-o.
-Você quase me mata – choramingou Jordão, passando a mão pelo pescoço, que estava vermelho.
Grilo ria contente.
-Filho duma égua – Jordão ameaçou avançar de novo, e Grilo deu uma corridinha, rindo. – Vem, vem agora, se você é homem…
-Eu não, bem, você é muito gorda…
Jordão riu.
-Cavalo…
Ele esperava, olhando para os dói.
Jordão foi andando come ele. Olhou para trás:
-Olha que coisa mais esquisita, olha se isso é gente; eu, se tivesse nascido assim, suicidava…
-Quê que foi aí, gorda? – Grilo se aproximou. – Tá querendo me dar?…
-Aqui quê eu tou querendo te dar – Jordão balançou para ele.
-Deixa eu ver se tem alguma coisa aí…
Jordão empurrou-o com o corpo.
-Hum, bruta…
Jordão riu.
Os três iam andando. Tinham atravessado metade do Jardim.
-Acho que é uma sacanagem… – disse Jordão.
-Sacanagem o quê? – ele perguntou, e seu coração começou a bater depressa de novo.
-Você não deixar a gente ler agora a redação…
-Já te falei que amanhã eu levo no colégio; amanhã você lê.
-Amanhã está longe, queria ler é agora…
Ele apertava a pasta contra o corpo
Na calçada em frente, por entre as árvores do Jardim, viu seu tio passando: ia calmamente, as mãos atrás, olhando para a tarde. Se o tio tivesse virado um pouco a cabeça, também o teria visto; mas foi passando calmamente, olhando para a tarde, e então chegou na esquina, olhou se vinha carro, atravessou a rua e desapareceu.
-Só dar uma lida rápida, Eduardo…
-Não! – explodiu. – Que merda!
Os dois pararam assustados.
-Você fica enchendo o saco! Já te falei que agora não dá, que amanhã eu levo no colégio! Que diabo!
-Tá bem – disse Jordão; – não é caso de briga não…
Recomeçaram a andar.
-Falei que não dá, e você fica insistindo. Se desse, eu mostrava.
-Tá certo- disse Jordão – Não tem problema não; você não quer, não quer; estava só pedindo…
Grilo vinha atrás e parecia mais curvado ainda.
-Só por uma questão de amizade; você tinha mostrado para os outros, e então pensei que…
-Está bem – ele parou de repente:- eu vou mostrar; mas vê se lê rápido, em dois minutos, tá?
-Em dois minutos – concordou Jordão.
Ele apoiou a pasta no peito, abriu, e tirou a redação. Se tivesse olhado um minuto antes, teria visto Jordão fazer um sinal para Grilo; agora, um minuto depois, a redação com eles, o que viu foi os olhos brilhantes de Grilo e Jordão sorrindo – e então compreendeu tudo.
-Me dá minha redação – avançou, mas Jordão puxou a mão para trás.
-Calma … Eu não li ainda…
-Eu também não li – disse Grilo, no mesmo tom.
Seu rosto queimava, e ele só via aqueles dois na frente rindo.
– Vocês são uns sacanas.
-Como é que é?…-Jordão pôs a mão no ouvido.
_Ele disse que nós somos uns sacanas, Jordão.
-Você disse isso, Eduardo?
Seus olhos embaçavam de desespero e ódio.
-Tadinho – Jordão riu – olha como ele está…Você acreditou mesmo que eu queria ler sua redação, benzinho?…
-Você é um sacana.
-Olha lá, hem? – Jordão ameaçou. – Pára de me chamar disso.
-Sacana.
-Eu rasgo essa bosta aqui, Eduardo.
-Sacana.
-Eu tou avisando, Eduardo.
-Sacana.
-Pára, Eduardo!
-Sacana.
Jordão rasgou a folha e tornou a rasgar e a rasgar.
-Fedaputa! – e Eduardo deu um murro com tanta força, que Jordão foi cair sentado no chão.
Na mesma hora foi agarrado por trás. Tentou escapar, mas Grilo o segurava com força.
E então viu Jordão se aproximando, com os punhos fechados:
-Você vai aprender agora.
Este texto foi extraído do livro Para gostar de ler 35; Gente em conflito, páginas 27-32
Nas trilhas da Educação…
1. A ETEC Antônio de Pádua Cardoso está com as inscrições abertas para o Vestibulinho do segundo semestre de 2021: de 07/05 até as 15h do dia 02/06/2021 e o envio por meio digital, via upload, da documentação comprobatória (vestibulinhoetec.com.br) – Valor da taxa de inscrição R$19,00.
2. Aulas nas escolas de Batatais – devido ao lockdown – retornam de forma remota para todas as redes de ensino.
3. Dia 28/05/2021 sai o resultado para os alunos que prestaram ENEM 2020 como treineiros.
Poesia: o velho abrigo da alma
LÍNGUA PORTUGUESA
Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!