Mais detalhes sobre a pesquisa realizada pelo Conselho Municipal de Educação sobre educação remota no munícipio de Batatais
Na edição anterior, apresentamos aqui de forma resumida os dados gerais da pesquisa realizada pelo Conselho Municipal de Educação. Nesta edição, retorno com o mesmo relatório elaborado pelo CME com uma análise mais detalhada de questões importantes para que a população de nossa cidade entenda como a progressão das atividades e os mecanismos de avaliação estão acontecendo durante esse período de pandemia.
Fator importante é o resultado da pesquisa quanto à progressão da aprendizagem, os mecanismos de avaliação da aprendizagem e dificuldades encontradas nesse período de ensino remoto.
A primeira questão perguntou como as escolas avaliavam o índice de realização das atividades pelos alunos?
A figura 1 representa essa porcentagem, considerando o total de respostas obtidas.
No total da coleta, 68,9% das respostas indicaram que a maioria dos alunos estava realizando as atividades, 26,7% indicaram que aproximadamente a metade dos alunos estava realizando as atividades e 4,4% indicaram que a minoria dos alunos estava realizando as atividades.
A análise dos índices gerais demonstrou uma quantidade satisfatória de alunos realizando as atividades. Um dado relevante demonstrou que quase a totalidade das escolas particulares relata ter os alunos realizando as atividades educacionais propostas.
Considerando as especificidades de cada rede de ensino e as propostas de ensino remoto que vêm sendo desenvolvidas, consideramos necessário analisar os dados dessa questão de forma a separar as redes, a fim de obter uma resposta mais particularizada.
Ao separar as redes de ensino em particular, estadual e municipal, encontramos:
REDE ESTADUAL: 37,5% é o percentual correspondente aos que responderam que a maioria dos alunos realiza as atividades propostas e 62,5% corresponde aos que responderam que aproximadamente a metade dos alunos realiza as atividades propostas.
REDE MUNICIPAL: 55% é o percentual correspondente aos que responderam que a maioria dos alunos realiza as atividades propostas, 35% corresponde aos que responderam que aproximadamente a metade dos alunos realiza as atividades propostas e 10% corresponde aos que responderam que a minoria realiza as atividades propostas.
REDE PARTICULAR: 91,6% é o percentual correspondente aos que responderam que a maioria dos alunos realiza as atividades propostas e 8,4% corresponde aos que responderam que aproximadamente a metade dos alunos realiza as atividades propostas.
Observa-se quase a totalidade dos alunos da rede privada realizando as atividades propostas.
Na rede municipal, um pouco mais da metade dos alunos tem demonstrado boa participação quanto à realização das atividades propostas.
Na rede estadual esse índice apresenta uma queda na realização das atividades pelos alunos.
Ao considerar a resposta que sinaliza a participação da maioria dos alunos, encontramos uma outra especificidade que vincula essa participação às duas escolas estaduais de Fundamental I, ou seja, escola que atende alunos do 1 ao 5º ano, e a ETEC, que embora seja uma escola estadual, segue diretrizes específicas.
As cinco demais escolas estaduais sinalizam, em sua totalidade, que aproximadamente a metade dos alunos tem realizado as atividades.
A análise apresenta também que, do total de 45 escolas, somente duas instituições de ensino sinalizaram a participação da minoria dos alunos. Ao buscar pelas respostas, encontramos duas creches municipais sinalizando essa opção. Esse dado nos remete a necessidade de articulação com a Secretaria Municipal de Educação no sentido de oferecer apoio para eventuais orientações, caso necessário.
Há aqui, uma particularidade considerada na análise. Ao detalhar os índices e detalhar a análise considerando a quantidade de alunos ao invés da porcentagem, observamos uma variação nesses dados. O percentual de 10% indicado sinalizado na rede municipal como “minoria” quando analisado sob o índice da quantidade de alunos, pode sofrer uma variação, se com outras escolas com maior quantidade de alunos. Ou seja, a “minoria” que não realiza as atividades na rede municipal corresponde a 60 alunos, quando em uma escola com mais alunos, a “minoria” pode corresponder a mais alunos que o sinalizado acima.
Toda análise de dados deve levar em consideração as especificidades de seu contexto. No caso desse formulário e da análise aqui apresentada, o objetivo do Conselho Municipal foi coletar dados mais generalistas sobre as escolas do município, com intuito de auxiliar nas dificuldades.
Uma análise mais criteriosa sobre os dados aqui apresentados exigiria mais tempo, o que também, não constituiu o objetivo do Conselho.
Quanto à categoria avaliação da aprendizagem, foi perguntado às escolas quais os mecanismos essas têm utilizado para a avaliação da aprendizagem dos estudantes?
Por se tratar de uma questão aberta e de múltiplas escolhas, as respostas foram agrupadas em categorias temáticas similares e apresentamos abaixo as categorias e a frequência com que apareceram.
A avaliação citada ocorreu por meio de:
a) Devolutiva dos materiais enviados aos alunos: 32 ocorrências relacionadas a materiais impressos, fotos, vídeos, testes, simulados, atividades extras, avaliações internas e externas, sondagens, pesquisas, exercícios de verificação, avaliações, questionários);
b) Correção online síncrona: 12 ocorrências;
c) Por meio da devolutiva dos responsáveis: 12 ocorrências relacionadas a ligações telefônicas, gravações de áudio ou mensagem escrita;
d) Acompanhamento diário das atividades de forma assíncrona: cinco ocorrências;
e) Participação dos alunos nas aulas: seis ocorrências;
f) Planilha específica para registro de frequência e realização das atividades remotas: seis ocorrências;
g) Análise de portfólio digital: duas ocorrências.
h) Cada professor faz à sua maneira;
i) Planejamento das atividades e observação dos professores;
j) Orientação para a família guardar o material realizado pelo aluno para no retorno o professor analisar todo o material e realizar a sondagem com cada criança e retomar o aprendizado;
k) Avaliação qualitativa considerando a evolução do aluno e consideramos todo o percurso de aprendizagem do aluno.
Cabe esclarecer que a maioria das questões contemplou mais de um mecanismo.
Os dados demonstram uma variedade nas estratégias de acompanhamento da aprendizagem dos alunos, com destaque para a devolutiva dos materiais enviados aos alunos, ou seja, parece haver um controle sobre o material enviado e devolvido pelos responsáveis. Interessante observar que essa devolutiva tem ocorrido por meio de fotos, vídeos, além do material impresso.
A correção online síncrona e a devolutiva os responsáveis aparece como segunda e terceira maior opção, considerando a frequência em que foram citadas.
De modo geral, analisamos que há uma relação entre o planejamento das atividades vinculadas ao currículo com as atividades disponibilizadas aos alunos e um acompanhamento da realização e da avaliação dessas propostas.
Embora consideremos as dificuldades em avaliar a real progressão dos alunos quanto à aprendizagem no ensino remoto devido a inúmeros fatores que implicam nessa avaliação, consideramos positiva a variedade de estratégias que refletem a preocupação com a aprendizagem dos alunos em contraponto a disponibilização de atividades isoladas e sem intencionalidade pedagógica.
Uma outra questão proposta, abordou quais as ações que a escola considerava exitosa para aprendizagem dos alunos durante esse período de suspensão das aulas
As respostas foram categorizadas em função da temática e agrupadas por se tratar de uma questão aberta.
Identificamos as ações abaixo descritas como:
a) O uso de recursos tecnológicos como acesso à internet, vídeo-aulas, uso de aplicativos, plataformas digitais e aulas síncronas foi citado 37 vezes;
b) O papel do professor enquanto orientador das ações, atividades e propostas, bem como um agente de acompanhamento, monitoramento constante e sistemático das propostas educacionais, incentivador, motivador e articulador entre alunos e família foi citado 35 vezes;
c) A participação dos responsáveis como um fator de êxito nesse processo foi citada 16 vezes. Essa participação vinculou-se ao papel da família nos critérios de participação, empenho e engajamento desses agentes no apoio aos alunos;
d) A manutenção de uma rotina para os alunos como fator de êxito foi citada três vezes.
O uso de recursos tecnológicos emerge como a principal ação na garantia da aprendizagem dos alunos nesse período de ensino remoto. Caracteriza-se, também, como uma grande preocupação ao considerarmos as desigualdades existentes quanto ao acesso à esses recursos e ao acesso à internet.
Conscientes desse problema, cabe-nos orientar e disponibilizar aos alunos outras formas de acesso e socialização dos conhecimentos que estão sendo elaborados. Para tanto consideramos que as escolas precisam se organizar para ofertar a todos os alunos os mesmos conteúdos e atividades, seja por meio de material impresso, apostilas ou conteúdos off-line. Embora o ensino remoto tenha como premissa o uso desses recursos, não podemos desconsiderar as disparidades sociais e econômicas geradoras de desigualdade ao direto universal à educação para todos os alunos.
Outras questões isoladas indicaram como ações exitosas para a aprendizagem dos alunos o apoio nutricional aos alunos, a participação efetiva do aluno nas aulas ao vivo, o apoio da gestão escolar (diretor e coordenador), a disponibilização de calendário com o horário das aulas síncronas para melhor organização das famílias, a formação de grupos de estudo, as atividades com mais autonomias no qual os alunos sejam protagonistas, a utilização do material didático e ações complementares como contação de histórias, musicalização e atividades recreativas.
A última questão desse eixo perguntou quais as dificuldades as escolas identificavam como dificultador para a realização das atividades pelos alunos.
Figura 2 (A quinta barra da figura que aparece em branco, está relacionada a opção “baixa escolaridade dos responsáveis).
Identificamos que 73,3%, o correspondente a 33 escolas, relataram como dificuldade para a realização das atividades pelos alunos a disponibilidade de tempo dos responsáveis em auxiliar os estudantes. A falta de incentivo da família apresentou um percentual de 62,2%, o que representa 28 instituições escolares e 31,1% elencaram a baixa escolaridade dos responsáveis.
A participação dos familiares nesse momento de ensino remoto tem sido um fator determinante para a aprendizagem dos alunos, uma vez que nossa rede, em sua maioria é composta por estudantes da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I, portanto, crianças de até 10 anos de idade que ainda requerem o auxílio de um adulto na mediação das atividades.
Considerando o retorno dos pais ao trabalho identificamos ser esse um grande dificultador também para as famílias, o que exige paciência e a organização de rotinas de estudo.
Acreditamos também que a disponibilização de atividades as quais os alunos tenham mais autonomia em realizar e a manutenção do vínculo direto entre professor e aluno possam ser estratégias que minimizem a exigência e a disponibilidade que tem recaído sobre os responsáveis.
Outras respostas para essa mesma questão retrataram 42,2% com dificuldade de acesso à internet/computadores, o que demonstra ser um número significativo quanto adotamos o ensino remoto. Daí a necessidade de outras formas de disponibilizar as atividades aos alunos, minimizando as desigualdades originadas desse fator.
A falta de motivação dos alunos representou 35,5% das respostas, 13,3 relataram a dificuldade de compreensão das atividades propostas e 6,7% relatou não ter encontrado dificuldades.
Com essa análise, precisa ficar claro a todos os gestores de educação e professores que esse período de pandemia precisa ser muito bem repensado no retorno às aulas presenciais, com avaliações diagnósticas a partir dos conteúdos previstos e ministrados durante o período de paralisação para avaliar a efetividade do ensino remoto individualmente e identificar a defasagem de cada estudante durante o afastamento das salas de aula.
Com base nessa avaliação, fazer um levantamento de defasagem e elaborar plano de recuperação para os estudantes que apresentarem dificuldades com relação àquilo que foi previsto e esperado em termos de aprendizagem.
Poesia: o velho abrigo da alma
NÃO HÁ VAGAS
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
Ferreira Gullar
Fica a Dica!
Disponibilizado semana passada pelos meios digitais, o livro conta a história de seis gestores escolares, de nacionalidades diferentes, e de suas ações e liderança para melhorar a educação de seus alunos. Fica a dica!!!
Nas trilhas da Educação…
1. Ainda continuamos em um empasse quanto ao retorno às atividades presenciais nas escolas. Momento de difícil decisão devido à responsabilidade de todos os envolvidos no espaço escolar (gestores, professores, funcionários da educação, alunos e responsáveis) e das autoridades que decidem a volta ou não: a vida é mais importante.
2.Com a divulgação do IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – na terça-feira dia 16/09/2020, a educação das redes de educação de Batatais apresentou os seguintes resultados: a rede municipal de educação não bateu a meta de 2019 faltando a pequena quantidade de um décimo nos quintos anos do ensino fundamental I e dois décimos nos nonos anos do ensino fundamental II. Já na rede estadual, no ensino fundamental I, a meta foi cumprida pelas escolas estaduais, ficando em 7.2, enquanto no fundamental II, a meta não foi batida, ficando abaixo do projetado 1,1 ponto. O ensino médio cumpriu a meta ficando acima dela em 0.1. O maior destaque de Batatais ficou para as escolas de ensino fundamental I da rede estadual.