DIAS PERFEITOS
Dias perfeitos são esses em que Meteorologia afirma, vai chover e chove mesmo: não os outros, quando se anda de capa e guarda-chuva para cá e para lá, até se perder um dos dois ou os dois juntos.
Dias perfeitos são esses em que todos os relógios amanhecem certos: o do pulso, o da cozinha, o da igreja, o da Glória, o da Carioca, excetuando-se apenas os das relojoarias, pois a graça, destes, é marcarem todos horas diferentes.
Dias perfeitos são esses em que os pneus não amanhecem vazios: as ruas acordam com dois ou três buracos consertados, pelo menos; o ônibus não vem em cima de nós, buzinando e na contramão; e os sinais de cruzamento não estão enguiçados e os guardas estão no seu posto, sem conversa para as morenas nem para os colegas.
Dias perfeitos são esses em que não cai botão nenhum da nossa roupa ou, se cair, uma pessoa amável aparecerá correndo, gastando o coração, para no-lo oferecer como quem oferece uma rosa, deplorando não dispor de linha e agulha para voltar a pô-lo no lugar.
Dias perfeitos são esses em que ninguém pisa nos nossos sapatos, nem esbarra com uma cesta nas nossas meias, ou, se isso acontecer, pede milhões de desculpas, hábito que se vai perdendo com uma velocidade supervostokiana.
Dias perfeitos são esses em que os guichês do Correio dispõem de gentis senhoritas e respeitáveis senhores que não estão fazendo crochê nem jogando xadrez sozinhos e não se aborrecem com o mísero pretendente à expedição de uma carta aérea, e até sabem quanto pesa a missiva e qual o seu destino, no mapa, e têm troco certo na gaveta, e não atiram os selos pelo ar como quem solta pombos da cartola.
Dias perfeitos são esses em que o motorista do carro de trás não buzina como um doido, os da direita e da esquerda não dançam quadrilha na nossa frente, e os velhotes não leem jornal no meio da rua, e as mocinhas que carregam à cabeça seus tabuleiros de penteados não resolvem atravessar, com suas perninhas trepadas em metro e meio de saltos, justamente por lugares por onde nem a bola de futebol doméstico se arrisca.
Dias perfeitos são esses em que se vai ao teatro, como mandam os amigos, e os atores sabem o que estão fazendo, e a vizinha de trás não conversa do prólogo ao epílogo sobre assuntos particulares, e a menina da frente não chupa, não mastiga e não assovia caramelos e o cavalheiro da esquerda não pega no sono, resvalando insensivelmente para cima de nós o seu mavioso ronco.
Dias perfeitos, esses em que voltamos para a casa e a encontramos intacta, no mesmo lugar, e intactos estão os nossos tristes ossos, e podemos dormir em paz, tranquilos e felizes como se voltássemos apenas de um passeio pelos anéis de Saturno.
1-O novo período de inscrição para o Sisu, que seleciona estudantes para universidades públicas de todo o país, é de 16 a 24 de fevereiro de 2023, na mesma época do Carnaval, e o resultado será divulgado no dia 28 do mesmo mês.
2-O resultado final do Vestibular Unesp 2023 será divulgado no dia 1º de fevereiro de 2023.
3-A Unicamp divulgará a primeira chamada de aprovados no dia 6 de fevereiro de 2023, para matrícula online nos dias 7, 8 e 9 de fevereiro.
4-O resultado do Concurso Vestibular FUVEST 2023 será divulgado no dia 30 de janeiro em primeira chamada
Colocação pronominal
Pronome pessoal oblíquo átono
Os pronomes pessoais oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, se, os, as, lhes) estão estreitamente associados ao verbo, tanto em termos fonéticos quanto sintáticos.
Pronome e colocação
Podem ser colocados antes (próclise), depois (ênclise) ou no meio (mesóclise) da forma verbal:
Não me refiro a ela. (Pronome proclítico)
Refiro-me a ela. (Pronome enclítico)
Referir-me-ei a ela. (Pronome mesoclítico)
Poesia: o velho abrigo da alma
BALADA DE DI CAVALCANTI
Carioca Di Cavalcanti
É com a maior emoção
Que este também carioca
Te traz esta saudação
É de todo o coração
Poeta Di Cavalcanti
Que este também poetante
Te faz esta sagração
Amigo Di Cavalcanti
Amigo de muito instante
De muita situação
Dos teus trezes lustros idos
Cinco dfroam bem vividos
Na companhia constante
Deste também teu irmão
Quantos amigos partiram!
Quantos ainda partirão!
(…)
A hora é grave e inconstante
Tudo aquilo que prezamos
O povo, a arte, a cultura
Vem sendo desfigurado
Pelos homens do passado
Que por temor do futuro
Optaram pela tortura
Poeta DiCavalcanti
Nossas coisas bem amadas
Neste mesmo exato instante
Estão sendo desfiguradas
“Hay que luchar” Cavalcanti
Como diria Neruda
Por isso, pinta, pintor
Pinta o ódio e pinta o amor
Com o sangue de tua tinta
Pinta as mulheres de cor
Na sua graça distinta
Pinta o fruto e pinta a flor
Pinta o riso e pinra a dor
Pinta sem abstracionismo
Pinta a vida pintador
No teu mágico realismo!
(…)