2021: o ano que começa com a sensação do outro não ter acabado
O mês de janeiro de 2021 começa sobrecarregado. É o início de um novo ano, mas traz consigo o peso de um ano que ainda temos a sensação de que não acabou: 2020.
Muitas coisas ficaram para serem resolvidas neste janeiro e no decorrer dos outros meses do ano vindouro: os vestibulares, a recuperação e o reforço para os alunos das escolas públicas que não acompanharam o ano letivo de 2020 e o peso da volta à escola de forma presencial, além do que fazer com as aprendizagens não alcançadas pelos alunos em 2020.
Sabemos que muitos são os prejuízos da educação em 2020 e que os gestores públicos em 2021 têm que traçar metas claras para que tudo seja colocado no devido lugar num prazo bem programado e discutido com toda a sociedade – que também terá um papel importante para ajudar o poder público na solução dos conflitos deixados pelo ano anterior.
Especialistas apontam que dentre os problemas que teremos estão: aumento das desigualdades educacionais que elevará em mais desigualdade social, em um país que ocupa a vice-liderança dentre os mais desiguais do planeta; a cada dia aumenta o risco de evasão escolar, já tão crítico no país. Estima-se que cerca de 30% de alunos não voltem aos bancos escolares; há 21 milhões de crianças brasileiras de zero a seis anos vivendo em situação de pobreza ou extrema pobreza, para as quais a escola é muitas vezes o local onde se alimentam de maneira adequada; psiquiatras e psicólogos apontam o aumento de ansiedade, estresse, agressividade e depressão em crianças e adolescentes; a escola é o espaço onde as crianças e adolescentes se socializam e desenvolvem competências socioemocionais; a escola faz parte da rede de proteção das crianças e adolescentes. É na escola que muitos casos de maus tratos e abusos são identificados.
Além de tudo isso que temos que resolver, ainda há um novo fantasma aparecendo que é a segunda onda da pandemia, mas que vem com uma nova forma de pensar esse momento, pois os países de primeiro mundo e mesmo aqui no Brasil, na nova onda, as escolas devem ficar abertas e fechar outros segmentos como restaurantes, bares e academias.
Pelo que o secretário estadual de educação pronunciou em suas redes sociais e pela publicação do DECRETO Nº 65.384, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2020 – que dispõe sobre a retomada das aulas e atividades presenciais no contexto da pandemia de COVID-19, que institui o Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para COVID-19 – a educação de todo estado de São Paulo retorna agora em janeiro com as atividades de recuperação e reforço nas escolas públicas estaduais e a partir de 01/02/2021, com o novo ano letivo de 2021, para as redes municipal, privada e estadual, de forma escalonada, seguindo as porcentagens permitidas em cada fase que se encontra os municípios. Se mantivermos a fase amarela em que estamos, o retorno ocorre com 70% dos alunos em sala de aula e os outros continuam em casa e fazem revezamento durante a semana para irem à escola.
Mas, o primeiro projeto então de retorno às aulas presenciais é da Recuperação de janeiro que começou nas escolas estaduais de Batatais dia 05/01/2021 e vai até dia 22/01/2021. Os pais que tiveram os filhos retidos nas escolas estaduais no ano passado porque eles não conseguiram realizar as atividades de forma remota, podem procurar a escola de seu filho para que ele tente recuperar agora neste primeiro mês do ano e assim, dar sequência na próxima série, quando o novo ano letivo começar.
De tudo isso fica uma lição: qualquer passo que for dado pela educação a partir de agora precisa ser pensado de forma coletiva com todos os envolvidos na educação: poder público, pais de alunos, conselho municipal de educação, profissionais da educação das escolas, gestores públicos e privados e estudantes – que devem ser – protagonistas do processo e ouvidos.
Nas trilhas da Educação…
1. Alunos da Rede Estadual iniciaram período de recuperação escolar na terça-feira, dia 05/01/2021 – os alunos da rede estadual que não conseguiram atingir o rendimento mínimo esperado em relação ao ano letivo de 2020 ainda podem retomar as atividades e participar do projeto de Recuperação Intensiva, basta procurar a secretaria da escola onde estava matriculado em 2020.Será exigido no mínimo 75% de presença às aulas das aulas para avançar nos estudos em 2021.
2. Janeiro é o mês de todos os grandes vestibulares, atenção às datas:
• Fuvest – a primeira fase será dia 10/01/2020
• ENEM – o primeiro dia será dia 17/01/2020 / o segundo dia será dia 24/01/2020
3. O novo governo municipal começa dando indícios de que veio para mudar: secretários novos sendo nomeados, força jovem sendo colocada em destaque nas secretarias, o secretário da educação – Professor Victor Hugo Junqueira – continua devido a sua boa aceitação junto à classe de servidores da educação municipal, de boa gestão no governo anterior, o que demostra que a política pode ser deixada de lado pela qualidade dos serviços prestados ao cidadão, além de não ter como característica os vícios políticos. Avaliação positiva dos primeiros anúncios.
Fica a Dica!
A mulher que escreveu a Bíblia é o último livro de Moacyr Scliar, que morreu em 2011, e lançou o livro em 1999. Esse livro foi o vencedor do prêmio Jabuti em 2000.
A narrativa presente neste livro apresenta três grandes características do escritor gaúcho: o humor, a imaginação e a fluência narrativa. A personagem feminina ajudada por um terapeuta de vidas passadas descobre que no século X antes de Cristo foi uma das esposas do Rei Salomão dentre as setecentas que ele teve, tinha como principal característica a feiura, mas algo a diferenciava das outras – era a única que sabia ler e escrever – e por isso escreveu a história do povo judeu. Com essa linha de raciocínio, Scliar recria o dia a dia da corte de Salomão e traz novas versões às cenas bíblicas conhecidas pelo público atual. Fica a dica!!!!!!
Poesia: o velho abrigo da alma
O que passou, passou?
Paulo Leminski
Antigamente, se morria.
1907, digamos, aquilo sim
é que era morrer.
Morria gente todo dia,
e morria com muito prazer,
já que todo mundo sabia
que o Juízo, afinal, viria
e todo o mundo ia renascer.
Morria-se praticamente de tudo.
De doença, de parto, de tosse.
E ainda se morria de amor,
como se amar morte fosse.
Pra morrer, bastava um susto,
um lenço no vento, um suspiro e pronto,
lá se ia nosso defunto
para a terra dos pés juntos.
Dia de anos, casamento, batizado,
morrer era um tipo de festa,
uma das coisas da vida,
como ser ou não ser convidado.
O escândalo era de praxe.
Mas os danos eram pequenos.
Descansou. Partiu. Deus o tenha.
Sempre alguém tinha uma frase
que deixava aquilo mais ou menos.
Tinha coisas que matavam na certa.
Pepino com leite, vento encanado,
praga de velha e amor mal curado.
Tinha coisas que têm que morrer,
tinha coisas que têm que matar.
A honra, a terra e o sangue
mandou muita gente praquele lugar.
Que mais podia um velho fazer,
nos idos de 1916,
a não ser pegar pneumonia,
e virar fotografia?
Ningém vivia pra sempre.
Afinal, a vida é um upa.
Não deu pra ir mais além.
Quem mandou não ser devoto
de Santo Inácio de Acapulco,
Menino Jesus de Praga?
O diabo anda solto.
Aqui se faz, aqui se paga.
Almoçou e fez a barba,
tomou banho e foi no vento.
Agora, vamos ao testamento.
Hoje, a morte está difícil.
Tem recursos, tem asilos, tem remédios.
Agora, a morte tem limites.
E, em caso de necessidade,
a ciência da eternidade
inventou a criônica.
Hoje, sim, pessoal, a vida é crônica.