Como se preparar emocionalmente para 2021?
POR ENTRETANTO
Após um período completamente atípico e desafiador como 2020 para o aprendizado, esse exercício ganha ainda mais relevância.
O que será que vem pela frente? Mais transformações? Confirmação das mudanças adotadas em 2020? Convidamos Lucas Rosa, Coordenador na Pearson Brasil e membro da Pearson Clinical, braço da Pearson sobre saúde emocional, para dar algumas importantes dicas sobre o tema. Confira abaixo:
Como educadores, responsáveis, alunos e toda a comunidade devem se preparar para um ano novo de incertezas para o aprendizado?
R: Entendo que através do próprio aprendizado. Devemos olhar para os desafios, angústias, vitórias e contornos que realizamos ao longo deste ano para então, fazermos um balanço sobre o que podemos aprender com estas experiências e desta maneira, traçarmos as ações para 2021. Além disso, há esperança: estamos no caminho da imunização, devemos lutar com esperança. Sem ela não vale a pena.
Qual é a importância de manter a saúde emocional em dia para mais um ano de muitos desafios no aprendizado?
R: Enorme! Entendo que há em curso um processo de ressignificação e valorização dos cuidados com a saúde emocional. Para muitos, a pandemia e distanciamento social trouxeram um chamamento para um olhar solitário. Se por um lado, este cenário trouxe saudades das pessoas próximas, dos eventos, das viagens e bares, por outro, ele pode significar um chamado para uma viagem para dentro de si, para a busca por autoconhecimento, além de demandar um repensar dos laços afetivos, das formas de socialização. Meus votos são que de alguma forma, possamos tomar algum proveito sobre a nossa sensível condição como seres humanos e, cada vez mais, buscarmos um autoconhecimento de nossas emoções e sentimentos.
Dicas para manter a esperança em dias melhores
Lucas Rosa também deixou algumas orientações para que todos os sujeitos envolvidos no aprendizado mantenham a positividade, mesmo diante de um cenário de incertezas:
“Primeiramente, lembrar que não é fácil, mas que há uma esperança nas diferentes vacinas. Falta pouco. Em segundo lugar, ter em mente que este momento é passageiro. Por fim, se dedicar a encontrar possibilidade, contornos para estabelecer contato com as pessoas queridas respeitando o distanciamento social e, experimentar novas experiências, novos filmes, séries, livros, aprender algo novo”, concluiu.
Fica a Dica!
Hoje trago uma indicação de leitura da jovem e voraz leitora Júlia Gaspar Gomes Siufi – foto no final do texto – menina meiga, estudiosa e simpática – que conheço mais pelo olhar de minha esposa durante suas aulas de matemática, mas que terei o prazer de conviver agora como professor no ensino médio – nova fase que ela começa em sua vida, com a certeza de um futuro promissor – só pelas leituras que faço de suas resenhas e pelo mundo da leitura que tanto a encanta. O livro que ela nos apresenta é SEJAMOS TODOS FEMINISTAS – publicado pela editora Companhia das Letras e escrito pela escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.
Minha experiência com a leitura do livro:
Esse livro é perfeito! Há muitos anos venho lendo e estudando sobre a causa feminista e não sei por qual razão, nunca havia lido esse livro, já li outros livros excelentes da autora, e posso dizer que esse é um dos meus livros favoritos da vida!
Resenha:
Neste ensaio agudo, sagaz e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito e mudado para que as meninas não anulem mais suas personalidades para serem como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade impostos pela sociedade!
“A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente.” – Fragmento retirado do livro.
Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra da primeira vez em que a chamaram de feminista.
Foi durante uma discussão com seu amigo de infância, Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!'”.
Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são “anti-africanas”, que odeiam homens e coisas “femininas”, começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”.
Minhas frases favoritas do livro:
“A meu ver, feminista é o homem ou a mulher que diz: ‘Sim, existe um problema de gênero ainda hoje e temos que resolvê-lo, temos que melhorar’. Todos nós, mulheres e homens, temos que melhorar.” .
“Feminista: uma pessoa que acredita na igualdade social, política e econômica entre os sexos”.
Nas trilhas da Educação…
1. Governo de São Paulo criou no dia primeiro de fevereiro uma Comissão Médica para acompanhar retorno às aulas presenciais – são médicos das áreas de pediatria, infectologia e epidemiologia que darão suporte às escolas.
2. Divisão marca decisão de retorno às aulas presencias: de um lado, pais querem que filhos retornem. De outro, não querem a volta ao presencial. Discussão tem tomado as redes sociais.
3. Vestibulares chegam ao fim da primeira fase, e começam as chamadas para segunda fase: duas universidades públicas já divulgaram os nomes dos alunos que foram para segunda fase: USP e Unicamp.
4. Educação de Batatais não retorna ao presencial até mudança de fase. Conforme Decreto Municipal 3933 – estando na fase vermelha não haverá retorno. Volta ocorrerá somente a partir da fase laranja com 20% dos alunos nas escolas públicas e 35% nas escolas particulares. Sociedade aguarda a nova reclassificação do governo do estado.
Poesia: o velho abrigo da alma
Herança
Raul Bopp (1898-1984)
Vamos brincar de Brasil?
Mas sou eu quem manda
Quero morar numa casa grande
Começou desse jeito a nossa história
Negro fez papel de sombra
E foram chegando soldados e frades
Trouxeram as leis e os Dez Mandamentos
Jabuti perguntou:
“— Ora é só isso?”
Depois vieram as mulheres do próximo
Vieram imigrantes com alma a retalho
Brasil subiu até o 10.º andar
Litoral riu com os motores
Subúrbio confraternizou com a cidade
Negro coçou piano e fez música
Vira-bosta mudou de vida
Maitacas se instalaram no alto dos galhos
No interior
o Brasil continua desconfiado
A serra morde as carretas
Povo puxa bendito pra vir chuva
Nas estradas vazias
Cruzes sem nome marcam casos de morte
As vinganças continuam
Famílias se entredevoram nas tocaias
Há noites de reza e cata-piolho
Nas bandas do cemitério
Cachorro magro sem dono uiva sozinho
De vez em quando
a Mula-sem-cabeça sobe a serra
ver o Brasil como vai.