Espaço Escola
Na quarta-feira, 02/03/2022, o secretário da Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, anunciou o resultado do Saresp 2021 – Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo. O resultado mostra um grande impacto da pandemia na vida escolar dos estudantes tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio.
Observe os resultados, nos gráficos abaixo, divulgados pela SEDUC – Secretaria de Estada da educação:
Os gráficos acima nos mostram que, na rede estadual, a maior perda foi no quinto ano do ensino fundamental, mas nas outras séries avaliadas o desempenho também caiu em relação à última aplicação – 2019.
Nas trilhas da Educação…
1. Secretaria Estadual de Educação anunciou, no último dia 25, verba para os Grêmios estudantis das escolas estaduais. O valor ainda não foi repassado, mas deverá ser usado para fortalecer o protagonismo juvenil nas escolas.
2.2. Programa DIGNIDADE INTÍMA deve ser instituído como programa permanente da Secretaria de Educação para a distribuição de itens de higiene menstrual em todas as unidades escolares da rede estadual, após envio à Assembleia legislativa.
3. Cronograma do FIES – Fundo de Financiamento Estudantil – programa do Ministério da Educação que tem como objetivo conceder financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos: 8 a 11 de março de 2022 será o período de inscrições para o Fies 2022.
Fica a Dica!
A crônica “Assalto” foi publicada no livro O poder ultrajovem – que reúne textos publicados por Carlos Drummond de Andrade na imprensa entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970. Conta um caso engraçado acontecido em uma feira livre devido ao alto preço do chuchu e vai provocando diferentes interpretações e equívocos em função dessa situação.
Assalto – Carlos Drummond de Andrade
Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:
– Isto é um assalto!
Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois do contrário como poderia ser assaltado?
– Um assalto! Um assalto! – a senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la.
Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se no asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar da penca de bananas meio amassadas?
– Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!
O ônibus na rua transversal parou para assuntar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:
– No que você vai a fim de ver o assalto, eles assaltam sua caixa.
Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar.
Outros ônibus pararam, a rua entupiu.
Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não podem dar no pé.
– É uma mulher que chefia o bando.
– Já sei. A tal dondoca loura.
– A loura assalta em São Paulo. Aqui é a morena.
– Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.
– Minha Nossa Senhora, o mundo está virado!
– Vai ver que está caçando é marido.
– Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo!
– Sangue nada, tomate.
Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia joias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas.
Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção: quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta. Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pelo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:
– Pega! Pega! Correu pra lá!
– Olha ela ali!
– Eles entraram na Kombi ali adiante!
– É um mascarado! Não, são dois mascarados!
Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar-no-chão geral, e como não havia espaço, uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído. Voltou. Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido, confuso?
– Olha o diabo daquele escurinho tocando matraca! E a gente com dor de barriga, pensando que era metralhadora!
Caíram em cima do garoto, que soverteu na multidão. A senhora gorda apareceu, muito vermelha, protestando sempre:
– É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto!
Poesia: o velho abrigo da alma
A Guerra – Hermes Fontes
Todas as puras, máximas conquistas
dos Atletas, dos Sábios, dos Artistas,
todos os voos para a Perfeição,
todas as lutas imortais da Terra
— esforço ingênuo! sacrifício vão! —
entre os rubros tentáculos da Guerra
as gerações desaparecerão.
Ícaro pôs sua Asa ao serviço da Morte;
ao serviço da Morte, a vela de Jasão
leva de leste a oeste,
leva de sul a norte,
as forças com que excede a cólera celeste
e se iguala ao Relâmpago e ao Trovão:
Último doloroso anátema da Terra!
Último crime, a Guerra!
Último eclipse da Alma e da Razão!
Mata, em dias, a Fome;
a Peste mata, em horas.
Mas, a guerra, em momentos,
desfaz cidades e devasta as floras,
milhares de homens válidos consome,
afronta os céus, arrasa os monumentos,
e vai, de aldeia a aldeia, a todos os países,
enche a Terra, enche o Céu com seu hálito impuro,
revolve a crosta, desce aos báratros do Oceano
e a cinza dos heróis e a dor dos infelizes
espalha no horizonte do Futuro,
para incentivo de ódio ao Coração humano,
para semente negra às guerras porvindouras
que pulverizarão apriscos e lavouras,
templos em esplendor, vales em floração:
Último doloroso anátema da Terra!
Último crime — a Guerra!
Último eclipse da Alma e da Razão!
Contribuições do Tupi para o português do Brasil
Palavras que usamos na nossa língua e que a origem está no Tupi – língua falada pelos índios principalmente na costa brasileira:
Jerimum – nome dado à abóbora – na região Nordeste.
Jirau – plataforma suspensa
Macaxeira – outro nome da mandioca ou aipim – usado no Nordeste.
Maracujá – fruto
Muriçoca – pernilongo