/Que tempo é esse?

Que tempo é esse?

Os últimos dias não foram nada fáceis, aliás, faz tempo que não anda nada fácil nesse país. De semana em semana cai um ministro, cada governador faz o que bem entende no seu estado, cada prefeito faz o que pode em seu município. A crise que o país enfrenta devido a pandemia da COVID 19 se alastra por todos os escaninhos do governo central, agora, para ajudar, chega denúncia de possível crime de responsabilidade e de crime comum perpetrado pelo então Presidente da República. Não bastasse tamanha tarefa na área da saúde, chega agora a insegurança no, e do governo, que patina na gestão de seus problemas.  Num momento que se esperava a economia reagir, ventos outros provoca nova turbulência. Cidades paradas, povo sem trabalho, falta dinheiro, falta comida, falta muita coisa, inclusive vergonha na cara da maioria, aliás, falta vergonha em quem se promoveu dizendo ser e fazer diferente. Nosso país não consegue sair dessa crise de postura, e a concepção que se chega é de que todo político usa a máquina pública para algo em seu favor ou de sua família. Há anos convivemos com a falta de praticamente quase tudo e ninguém se mexeu para tal solução. Na atual situação, tudo é culpa da COVID 19, agora lembraram da fome, da falta de moradia, da falta de oportunidades. Isso sempre faltou, faltou tanto que já atravessamos epidemias de dengue, de zika, de chicungunha e nem lembramos mais daquelas crianças com microcefalia e das mães de luto eterno. Neste exato momento a reclamação é do isolamento social, seja a favor ou contra, mas ele é o causador de toda balburdia. Está causando até o nascimento de bons costumes, de boas maneiras e até de ideias que sabidamente pelos proponentes que não podem ser efetivadas. Nunca se viu tamanha mobilização de ideias para o Poder Público tomar, mas apenas o ‘Poder Público’. Nessa semana acompanhei algumas citações nas redes sociais que me chamaram a atenção, em especial algumas direcionadas ao chefe do executivo municipal, dando conta de prorrogar ou suspender a cobrança de impostos municipais, como se fosse ato de simples determinação. A pandemia chega no exato momento em que se avizinha novas eleições, e não adianta corrermos, ela chegará, seja em outubro, novembro, mas chegará.  E nesse impasse muito sorrateiramente discute-se sobre possibilidades e posturas perante tamanha comoção popular, frente a nova doença. Diante desse cenário, importante ficar sempre alerta, pois, medidas geniais aparecem a cada momento, inclusive aquelas que demanda a doação do outro, nunca a doação do gênio. Disse acima sobre a fome, que no Brasil e no mundo mata seres humanos a cada minuto, isso mesmo, a cada minuto. O crescimento da pobreza no Brasil é algo assustador para nós que vivemos na querida Batatais, distante de regiões castigadas e de centro urbanos violentos. Noutra ponta temos a dengue que todo ano bate recordes, atrás de recordes matando muita gente, inclusive perto das nossas casas. As favelas nos grandes centros urbanos crescem vertiginosamente a cada dia. E esses, são apenas alguns fatores que a população vive cotidianamente, sem ao menos rebelar-se contra o sistema ou criar medidas de cobranças das autoridades ou pelo menos, mudança do próprio comportamento. Porém, na chegada da pandemia da COVID 19, para onde todos os holofotes estão voltados nesse momento, começam as ideias milagrosas, ou no mínimo eivadas de puro interesse, chamada de populismo barato ou talvez de hipocrisia mesmo. As grandes catástrofes por falta do olhar público desse país, há muito mata, entretanto, nada ou quase nada foi feito ou ainda será feito. Nos últimos tempos para efeito de comparação a saúde pública vem perdendo capacidade de investimento com os recorrentes cortes de verbas. Uma ora é Fernando Collor, outra é Fernando Henrique outra é Fernando Lula (como diz o economista Áquilas Mendes). A saúde ano a ano perde milhões e milhões de reais, e somente agora lembraram que ela existe e clama por socorro. Não se trata de ações populistas como corte de salários de políticos, trata-se da intransigente defesa do SUS, pois, esse é o único sistema até o momento está socorrendo nosso povo. Fico estarrecido com medidas que tenho visto no âmbito político e até fora dele, onde o real objetivo está travestido da fantasia mais nefasta desse país. A caridade com chapéu alheio.