Conseguir um emprego está cada vez mais difícil. Essa dificuldade é ainda maior para o público LGBT, devido ao preconceito. Mesmo qualificadas, essas pessoas sofrem para entrar no mercado de trabalho.
O influenciador digital, Emmanuel Carvalho, disse à nossa redação que infelizmente a situação é preocupante aqui em Batatais. “Nós jovens LGBTQ+ não estamos conseguindo trabalho na cidade. Não vejo oportunidades no comércio ou em outras empresas prestadoras de serviços. Quantas e quantas vezes eu já fiz entrevista e não recebi retorno, tem loja que nem aceita o currículo quando saio para entregar”, lamentou.
Emmanuel, ressalta que do mesmo jeito que uma pessoa hetero tem que pagar suas contas, os LGBTQ+ também precisam. “Já está mais que na hora de abrir oportunidade de emprego aqui em nossa cidade”, conclamou.
A Vereadora Trans de Batatais, Annabela Pavão, destaca que o trabalho e a renda são direitos essenciais de qualquer cidadão e famílias. Constam, inclusive, na Declaração Universal dos Direitos Humanos. “Todos nós precisamos de um trabalho para sobreviver. Com a população LGBT não é diferente. O problema é que, ao mesmo tempo em que pessoas e organizações defendem a meritocracia para se chegar aonde quiser, as oportunidades não estão dadas de forma justa e igualitária. O mercado de trabalho consegue ser bastante cruel, quando, em determinadas empresas, contratam-se apenas brancos, heterossexuais ou gays e lésbicas que mantenham um padrão heteronormativo de comportamento e vestimenta, excluindo em muitos casos, pessoas negras, gays e lésbicas que fogem deste padrão absurdo e ainda, as pessoas travestis e transexuais. Entendo, assim, que o mercado de trabalho deve começar a compreender os benefícios da diversidade e que orientação sexual ou identidade de gênero não podem ser critérios básicos para se contratar uma pessoa. A capacidade para o trabalho se avalia nas ações da pessoa, não por meio de sua aparência ou forma de se expressar e de ser”, afirmou.
Annabela avalia que apesar de reduzido, alguns LGBT estão inseridos em setores ocupacionais da nossa cidade, mas ainda há muitos que estão distantes desta realidade. “São estas pessoas que merecem atenção e, aqueles que já conquistaram o seu espaço, devem manter-se focados no crescimento profissional, com dedicação e com incentivos da organização que os contrataram. Quanto àqueles que ainda estão sem trabalho, não é só contratar e deixar acontecer. Sabemos que, devido ao preconceito, e isso que estou dizendo não é achismo, mas comprovação científica, muitos LGBTs, principalmente as pessoas Ts são as que evadem das escolas muito cedo, não se inserem em cursos profissionalizantes, tampouco são contratadas para trabalharem”, disse.
Dados do Instituto Brasileiro Trans de Educação mapeiam ano após ano o cenário educacional e profissionalizante de pessoas trans e travestis mostram que 90% destas pessoas se prostituem, pois tanto a identidade de gênero, quanto a falta de qualificação as distanciam do mercado de trabalho. “Precisamos de ações afirmativas que aproximem estas pessoas ao mercado de trabalho, com vagas e oportunidades que as levem a um crescimento. Empregabilidade para LGBTs vai além do direito ao trabalho e renda, garante maiores chances do direito à vida, já que a violência brutal e fatal grita nos espaços de prostituição. Assim, avalio que o mercado de trabalho batataense está começando a abrir as suas portas para este público, mas é necessário avançar ainda mais nesta inclusão, proteção e garantia de permanência digna no trabalho com chances de crescimento”.
A Vereadora ressaltou que um cadastro direcionado ao público LGBT no Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) poderia ajudar, além da oferta de cursos profissionalizantes pela Associação Comercial e Empresarial (ACE), maior atenção do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) frente ao público LGBT que se encontram em situação de risco, busca pela expansão destas pessoas à Educação Básica ou de Jovens e Adultos, medidas legislativas para fortalecer a inclusão, isenções fiscais (quando legal e economicamente viáveis) para empresas “amigas da diversidade”, dentre outras possibilidades. “Já elaborei um Requerimento de criação de Comissão Especial para a Diversidade para reunir os parlamentares da Câmara, população LGBT e demais interessados no assunto com o objetivo de mapear o quantitativo de pessoas Ts existentes em Batatais para conhecer as condições de vida e demandas delas. Este mapeamento permitirá propor ações afirmativas junto ao poder executivo e ao mercado de trabalho. O trabalho da Comissão buscará parceiros para fomentar a inclusão destas pessoas à educação, profissionalização, ao emprego e renda”, concluiu.