A seis meses da eleição presidencial, o cenário político continua praticamente estático, com Lula e Bolsonaro dividindo mais de 70% da preferência do eleitorado, nesse momento. Mas uma tendência tem sido notada nos últimos dois meses: o pequeno avanço de Bolsonaro e a leve queda de Lula. Vejamos os números dos mais tradicionais institutos de pesquisas do país.
O Datafolha de 24 de março mostrou Lula com 43% das intenções de voto contra 26% de Bolsonaro. No levantamento anterior Lula tinha 48% dos votos (-5%) e Bolsonaro 22% (+4%).
Já a XP/Ipespe mostrou Lula com 44% dos votos e Bolsonaro com 30%, em 6 de abril passado, e no levantamento divulgado em 25 de março, mostrava Lula com os mesmos 44% e Bolsonaro com 26% (+ 4%). Na mesma data, o Instituto Gerp mostrou um cenário ainda mais acirrado, com Lula chegando a 37% dos votos contra 35% de Bolsonaro, um empate técnico preocupante para os petistas, uma vez que no levantamento anterior do mesmo Instituto, feito no início de março, Lula aparecia com 38% ante 31% de Bolsonaro.
No último dia 7 de abril, a pesquisa Genial/Quaest mostrou Lula com 45% dos votos e Bolsonaro com 31%. Em março, no levantamento anterior, Lula tinha 46% e Bolsonaro 26%, ou seja, a diferença caiu, em um mês, de 20 para 14 pontos percentuais.
Em todos os cenários, a chamada “terceira via” aparece bem atrás, com Moro e Ciro patinando entre 6% e 10%, e Dória, Tebet e Janones sempre com menos de 4%, e não tem dado sinais de que conseguirão entrar na disputa de forma competitiva. Mas ainda tem tempo para isso.
Porque Bolsonaro vem reagindo lentamente? Porque é natural que o presidente comece a colher os frutos do pacote de bondades que vem oferecendo aos eleitores, em especial os mais desassistidos, em especial com o Auxílio-Brasil, mas também pela manipulação do orçamento secreto, da liberação de verbas e emendas parlamentares, do acordo com o Centrão (o famoso “toma lá, dá cá”), que vem fazendo o presidente reconquistar espaço, mostrando que tem mais força do que os adversários imaginavam até o início desse ano.
E porque essa reação é lenta? Principalmente virtude daquele que é considerado o maior obstáculo no caminho de Bolsonaro em busca do segundo mandato: a sua rejeição ainda alta e persistente. Todos os institutos mostram um índice de mais de 60% de eleitores que não votariam nele “de jeito nenhum”, o que, para uma disputa em segundo turno, significaria derrota certa, uma vez que a rejeição de Lula hoje encontra-se na casa dos 40%.
A realidade de hoje muito provavelmente sofrerá mudanças com o início da campanha eleitoral em agosto próximo, mas é certo que eleição que parecia garantida para o PT no fim do ano passado mudou bastante de fevereiro pra cá. Agora, Bolsonaro vem reconquistando espaço e mostra que quem tem a máquina pública nas mãos sempre dá trabalho numa corrida eleitoral.
Mas qualquer que seja o cenário, definitivamente teremos uma eleição com artilharia pesada de todos os lados, seja dos petistas, dos bolsonaristas ou da terceira via, e podem ter certeza que boa parte desta artilharia não será fruto de um debate respeitoso e propositivo, mas de uma verdadeira guerra de acusações e desinformação. Infelizmente, devo alertar: o eleitor que se prepare!