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Somente em 2024, os golpes envolvendo Pix resultaram em prejuízos de bilhões de reais para os brasileiros. Segundo dados do Banco Central, milhões de casos de fraude são reportados anualmente, com valores que vão desde pequenas quantias até transferências de dezenas de milhares de reais arrancadas de vítimas por criminosos cada vez mais sofisticados.
Para combater esse problema, o Banco Central acaba de disponibilizar um novo recurso que promete trazer mais tranquilidade aos usuários: o botão de contestação. A funcionalidade, lançada em 1º de outubro de 2025, permite que o próprio cliente acione diretamente o Mecanismo Especial de Devolução (MED) em casos de fraude, golpe ou coerção, sem a necessidade de contato inicial com o atendimento do banco.
Como funciona na prática
O processo de contestação foi desenhado para ser rápido e direto. Veja o passo a passo:
1. Identificação da fraude O cliente percebe que foi vítima de golpe ou coerção logo após realizar o Pix.
2. Acionamento do botão Diretamente no aplicativo do banco, o usuário localiza a transação suspeita e clica no botão “Contestar” ou “Reportar Fraude” (o nome pode variar por instituição).
3. Bloqueio imediato A solicitação é encaminhada automaticamente ao banco do recebedor, que deve bloquear os valores disponíveis na conta suspeita de forma imediata.
4. Análise do caso As instituições financeiras têm até 7 dias para analisar a ocorrência, verificando evidências e padrões de comportamento fraudulento.
5. Devolução Se confirmada a fraude, o dinheiro retorna à conta da vítima em até 11 dias após a abertura do processo. Caso não seja comprovada, o bloqueio é revertido.
Quando usar o botão de contestação
O recurso foi criado especificamente para situações de fraude e coerção. Veja exemplos práticos:
Golpe do falso sequestro Maria recebe uma ligação desesperada de alguém imitando a voz de sua filha, dizendo que foi sequestrada. Em pânico, ela faz um Pix de R$ 5.000 para os criminosos. Minutos depois, descobre que era golpe.
Falsa central de atendimento João recebe uma chamada de alguém se passando pelo banco, dizendo que sua conta foi invadida e que ele precisa fazer um Pix para uma “conta segura” para proteger seu dinheiro.
Fraude em compra online Ana paga por um produto via Pix, mas o vendedor desaparece e nunca envia a mercadoria. Mais tarde, descobre que o perfil era falso.
Coerção física Pedro é abordado na rua e forçado, sob ameaça, a fazer transferências via Pix para os assaltantes.
Quando NÃO usar
O botão de contestação não é um atalho para qualquer situação de arrependimento ou erro. Não são abrangidos:
Envio para a chave Pix incorreta por erro de digitação
Desacordo comercial com vendedor legítimo
Arrependimento de compra já recebida
Disputas sobre qualidade de produto/serviço
Para esses casos, o caminho é a negociação direta com o recebedor ou, se necessário, via Procon e Justiça.
Limitações importantes
Embora seja um avanço significativo, o mecanismo tem limitações:
Saldo insuficiente: Se o golpista já movimentou o dinheiro ou a conta está zerada, a recuperação pode ser parcial ou impossível.
Prazo de ação: Quanto mais rápido você contestar, maiores as chances de recuperação. Criminosos costumam esvaziar contas rapidamente.
Taxa de sucesso: O Banco Central ainda não divulgou estatísticas oficiais de recuperação, mas estima-se que a janela de bloqueio imediato aumente significativamente as chances comparado ao sistema anterior.
Uso indevido: Contestações falsas ou mal-intencionadas podem resultar em penalidades ao cliente, incluindo restrições no uso do Pix.
Novidade: rastreamento de contas intermediárias
A partir de novembro de 2025, o bloqueio poderá se estender também a contas intermediárias para onde o valor tenha sido transferido imediatamente após o golpe. Isso dificulta a “lavagem” rápida do dinheiro pelos criminosos, que costumam fazer uma cadeia de transferências para dificultar o rastreamento.
Essa medida será obrigatória para todas as instituições financeiras a partir de fevereiro de 2026, aumentando ainda mais a eficácia do mecanismo de proteção.
E por fim
O Pix revolucionou a forma de transferir valores no Brasil, tornando-se o método de pagamento preferido de mais de 150 milhões de brasileiros. Mas seu sucesso também atraiu criminosos que se adaptam rapidamente às brechas de segurança.
O botão de contestação é um passo importante na proteção dos usuários, mas não substitui a prevenção. A combinação de tecnologia de bloqueio rápido, educação financeira e atenção redobrada nas transações é o melhor escudo contra os golpistas.
Lembre-se: em caso de dúvida sobre uma transferência, é sempre melhor perder alguns minutos verificando do que perder seu dinheiro em segundos. E se o pior acontecer, aja rápido – cada minuto conta na recuperação dos valores.





