Idealizado pela Administração do Prefeito Fernando Ferreira, que esteve no comando da cidade de 2001 a 2004, o Parque Têxtil ‘Elza Hipoliti Krempel’ segue ao longo de anos com pequena ocupação e sem atender a finalidade principal: o ‘turismo de negócios, com emprego e renda para os batataenses’. O complexo, com mais de 28 mil m², divididos em 47 lotes, entre a Avenida 14 de março e a Coronel Joaquim Alves, teve os primeiros lotes comerciais vendidos, em 2007, a preços absolutamente favorecidos, com a condição de que empresas ligadas ao ramo da confecção construíssem suas lojas de fábrica e a própria fábrica naquele local, tornando desta forma atrativo aos compradores e turistas, visto que seria um polo de lojas e confecções tudo num mesmo lugar. O projeto é muito interessante. Assim como acontece numa praça de alimentação de um shopping, em que se concentram inúmeras lanchonetes, restaurantes e petiscarias, de forma que a pessoa que pensa em comer, chegando lá possa escolher entre inúmeras opções, da mesma forma se daria no Parque Têxtil, com dezenas de lojas de fábrica no segmento de confecções. Não à toa a Praça que fica no centro do empreendimento foi intitulada de ‘Praça da Moda’.
Buscando esclarecimentos, a nossa equipe ouviu algumas pessoas que trabalharam para que esse Projeto fosse realizado, que lamentam o desinteresse da Administração e de parte dos empresários adquirentes. Os posicionamentos são de extrema relevância, buscando alcançar caminhos para que o Parque Têxtil volte a ser ‘lembrado’ e, definitivamente, ocupado.
Antônio dos Santos Morais Júnior – empresário e ex-Secretário de Indústria e Comércio
“O Parque Têxtil foi lançado em Janeiro de 2007, ocasião em que boa parte dos lotes foram alienados em licitação pública, ensejando a assinatura de um contrato de compromisso de compra e venda de imóvel pertencente ao patrimônio público, entre a Prefeitura e as empresas compradoras que, em sua CLÁUSULA OITAVA previa que: a promitente compradora se compromete a promover, em até 12 (doze) meses, o início da edificação, que deverá abranger no mínimo 30% (trinta por cento) da área, devendo efetivá-la no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses; previa também em sua CLÁUSULA NONA a aplicação de uma multa em caso de descumprimento das obrigações de edificação, na forma da Lei Federal nº 6766/79. Ocorre que, passados 12 (doze) anos, nenhuma penalidade foi aplicada aos compradores que não cumpriram com seus compromissos junto ao município, fato que levou muitos a se acomodarem com a situação e, simplesmente, não realizarem qualquer investimento no lote adquirido, mas continuando efetuando seus pagamentos sem desistirem da posse do mesmo. Atualmente, temos que todos os lotes se encontram vendidos pelo município, muitos dos quais quitados, sendo que algumas empresas proprietárias sequer continuam em operação. O fato dos contratos não terem sido executados no momento previsto criou uma situação de difícil solução, tanto para o Poder Público, quanto para as empresas, sem contar o desvio do objetivo público. Atualmente estou estudando, junto com alguns especialistas em direito administrativo, uma alternativa legal para a solução do impasse, que pretendo apresentá-la para análise das autoridades competentes assim que concluída”.
Sérgio Donizeti Xavier – empresário e ex-presidente da ACE
“Quando foi idealizado o Parque Têxtil, ainda na Gestão do Prefeito Fernando Ferreira, com o Professor Morais Secretário de Indústria e Comércio, eu defendi muito a proposta na Associação Comercial. É um Projeto italiano, que busca trazer o turismo comercial para a cidade, mesmo porque Batatais tinha e continua tendo um número grande de indústrias de confecção, sendo um polo têxtil. Achávamos que tinha tudo para dar certo, como ocorre em Passos, por exemplo, que trabalha com a confecção. Hoje, infelizmente vemos que pouquíssimas empresas estão instaladas. Dos lotes vendidos, uma parcela dos empresários não tinha condições de investir na construção dos prédios, outros, por vários motivos, crise, não sei, acabaram não ocupando os terrenos. Faltou claro um pouco de vontade política, apoio na obtenção de linhas de crédito, enfim, não quero colocar culpados, só sei que é uma pena, pois o Projeto é bonito e poderia atrair turistas para gastar aqui e ocupar os hotéis. A Administração precisa, de alguma forma, revitalizar esse espaço, porque a cidade ganharia muito com isso, principalmente na geração de emprego”.
Marcelo Arruda – Vereador
“Veja bem, a situação do Parque Têxtil, de fato é uma questão que nos incomoda a todos. Não só a nós vereadores, como também aos cidadãos. Ocorre que infelizmente, muitos empresários apenas se beneficiaram do baixo custo do terreno ofertado vendo naquilo uma oportunidade para fazerem especulação imobiliária. Pode até ser que esta não tenha sido sua ideia inicial, mas, ao que vemos, foi isso que acabou acontecendo. Ao invés de todos buscarem um objetivo comum, de se fortalecer e crescer no ramo de confecções, simplesmente adquiram os lotes pois acharam que seria uma oportunidade de investimento. Assim, quantos empregos e oportunidades de negócios deixaram de ser gerados? Aqueles poucos que acreditaram no Projeto, que adquiriram os lotes e investiram na construção de seus negócios acabaram ficando isolados lá, sendo que alguns, apesar de terem construído, sequer se instalaram no local, porque a ideia de polo só funcionaria se todos os lotes fossem edificados e os negócios implementados de fato no local (lojas e fábricas), de modo a atrair muitos consumidores para o local, como acontece também em um shopping. Diferentemente de outros distritos, neste, a infraestrutura foi toda realizada pela administração e todas as condições foram dadas aos compradores, os quais, estes, não cumpriram com sua parte no contrato. Se quisermos ter seriedade no trato com a coisa pública o Executivo deveria executar os contratos. Poderiam até, hipoteticamente falando, dar um prazo de uns 12 meses para que estes que ainda não implementaram seus negócios nos lotes adquiridos, e manifestassem interesse, pudessem construir e instalar seus negócios no local ou, caso não cumprido mais uma vez, o executivo promover a ‘RETOMADA DOS LOTES’ e proceder a nova licitação para venda destes a novos interessados, dispostos de fato a empreender. Há casos de empresa que adquiriram inúmeros lotes, não apenas um, mas vários e, até o momento não edificaram nada. Quando o executivo não cumpre ou não exige que se cumpram contratos, o desrespeito aos mesmos passa a ser lei, como vem acontecendo em Batatais e quem perde com isso é a população. Quanto aos então adquirentes originários que não edificaram e que sentirem prejudicados que corram atrás dos seus direitos que acreditarem ter. Afinal, a coisa pública precisa e deve ser tratada sempre com a observância do interesse público mantendo sempre absolutamente distância de favorecimentos pessoais.
Luís Antônio Arantes – empresário e jornalista
“No governo do PT em Batatais, eu estava de Vice-Presidente na ACI e naquele local, após consultar o SEBRAE e ter mantido inúmeros contatos com o Renato Pinto, que representava os interesses do grupo Savegnago em imóveis, vimos uma enorme possibilidade de fazermos um Shopping Center naquela área municipal. O empreendimento seria privado e custeado pelos propensos usuários lojistas e seriam 35 lojas, mais 5 na área de alimentação. Shopping para uma cidade como Batatais mesmo. Já tínhamos os valores, o representante do grupo Savegnago ficaria com o serviço básico da construção e seria o detentor de 1.500 metros quadrados, onde seria o Supermercado. Já existia mais da metade de interessados para a construção, ficando somente os acertos burocráticos com a Prefeitura. Porém, outra corrente, capitaneada por um membro do Governo Municipal, tinha o interesse não no Shopping e sim tal Parque Têxtil. A força política foi então vencedora, mesmo após uma reunião da ACI e me lembro bem, no antigo Stylo e Sabor, onde grande parte era a favor do Shopping. O restante, todos já sabem. Na verdade, com terrenos pequenos, grandes indústrias de confecção não teriam como se instalar e as pequenas teriam espaço reduzido para crescer. Vimos que a realidade era oposta ao que pensaram. Batatais tinha potencial de costura, mas poucas fábricas. O que tinha muito aqui eram as oficinas de costura, que faziam serviços terceirizados das indústrias de outras cidades. Congratulo-me com os que hoje ocupam e construíram naquele local, mas como eu previa naquela época: irão se passar 20 anos e o espaço não estaria preenchido. E é o que se vê hoje. Desejo de coração o maior sucesso aos remanescentes”.