A Secretaria Municipal de Saúde está neste mês de outubro realizando uma série de ações para prevenção e detecção do câncer de colo do útero e câncer de mama. A Campanha, denominada tradicionalmente de Outubro Rosa, conta com mais de 500 mamografias, realizadas em parceria com a Santa Casa de Misericórdia e também com centenas de exames citopatológicos.
Segundo a Secretária Bruna Toneti, todas as mulheres interessadas devem procurar a unidade de saúde mais próxima e deixar seus nomes e preencher a ficha de interesse de agendamento. “Estão ocorrendo mutirões inclusive às sextas e sábados, possibilitando ao máximo a coleta destes exames da melhor forma possível”, informou a secretária.
Além dos exames, a Secretaria de Saúde vem incentivando a realização de grupos de discussões nas unidades básicas a respeito da prevenção ao câncer e estão sendo gravados e divulgados vídeos com médicos e pacientes relatando experiências do enfrentamento à doença.
Como recomenda o Ministério da Saúde, as mamografias são realizadas em mulheres de 50 a 69 anos, que devem manter o diagnóstico atualizado a cada dois anos, e os exames citopatológicos são feitos em mulheres a partir de 25 anos.
Cristina Alliprandini Riul, exemplo de quem venceu a luta contra o câncer de mama
A jornalista Teresa Cristina Alliprandini Riul, de 61 anos de idade, foi convidada pela Secretaria de Saúde e gravou o primeiro vídeo com depoimento sobre sua história de enfrentamento ao câncer de mama. Cris do ‘O Jornal’, como ficou conhecida pelo trabalho que realizou durante muitos anos à frente do então semanário informativo da cidade, falou à nossa reportagem.
JC- Bem, Cris, você está participando com seu depoimento das ações de prevenção na Campanha ‘Outubro Rosa’ deste ano. Como é se envolver num tema de tamanha importância?
Cristina: Acho que, na verdade, comecei a me envolver aos 30 anos quando iniciei com os exames de mamografia. Sabia que ainda era cedo, mas preferi não arriscar… OUTUBRO ROSA, mês em que o mundo todo faz referência à cor maravilha, em alerta a prevenção do câncer de mama. Na verdade, lembrança à mulheres maravilhosas, que, um dia, enfrentaram (ou enfrentam ou enfrentarão) e superaram (ou superarão) com determinação e raça, momentos difíceis de suas vidas. O que parecia (ou possa parecer) impossível, aos poucos foi (ou vai) se resolvendo e se refizeram (ou se refarão) lindas e saudáveis, até porque, receberam (ou receberão), além dos tratamentos adequados, que, aliás, a cada dia que passa estão mais curativos; também a atenção, o profissionalismo ímpar e o carinho extremado dos médicos, o apoio da família, a energia boa de amizades queridas, numa corrente de fé, de todos, que juntos fazem a diferença!!! Mas, acima de tudo, a saúde espiritual que determina a base de toda força e crença, que alimenta o corpo e a alma, que dá proteção, segurança, confiança, firmeza e certeza de que tudo dará certo. E dá!!!
JC- Como foi enfrentar e vencer a doença, hoje servindo de exemplo e inspiração para muitas mulheres?
Cristina: Agradecendo a oportunidade, é uma honra poder estar aqui dando esse meu depoimento e podendo incentivar mulheres a se prevenir, a se tratar, a se cuidar e a se amar!!! E não somente no ‘Outubro Rosa’, mas de Janeiro a Janeiro, num turbilhão de cor e amor!!! Vou agora contar um pouquinho da minha história de VIDA, de VIDA, literalmente!!! À época com 54 anos de idade, portanto há 7 anos… Vou começar do mais importante nessa caminhada… Sempre dei e dou muita importância à minha saúde, física, mental, emocional e espiritual. O que antes era uma rotina normal… como disse, aos 30 anos intensifiquei os cuidados e passei a fazer exames preventivos, laboratoriais semestralmente e densitometria óssea e mamografia anualmente. Me lembro que a gente via muito essas campanhas de prevenção ao câncer de mama, e normalmente as mulheres estavam com uma camiseta branca, e no centro o desenho daquele alvo em azul referente ao câncer de mama, mas todas muito sérias… nos cartazes, nos banners, na mídia em geral… e eu me perguntava o porquê dessa seriedade, se elas passaram por isso ou se estão alertando para prevenir, que é uma intenção boa, ou se elas superaram isso, não têm que estar com ares tristes, têm que mostrar o lado alegre, até porque a mulher continua sendo ela, com sua sensibilidade, sua beleza, sua energia. E ‘bota’ energia nisso… Pensando assim, e para passar essa energia para as outras mulheres, fui num Estúdio Fotográfico, fiz algumas fotos, fiz questão de colocar a roupa rosa, lembrando o ‘Outubro Rosa’, também fiz questão de realçar o colo porque é onde a gente demonstra parte do seio, é onde a mulher mostra sua sensualidade, sua beleza… Nós não deixamos de ser femininas, bonitas… Me orgulho muito disso e não tenho vergonha de falar.
O meu caso eu descobri, através de consultas de rotina com a Dra. Maristela Santilli, que além de médica é minha amiga, agora mais do que nunca ‘Minha Amiga do Peito’!!! E então fazendo os exames, de repente houve um ‘ponto de interrogação’ numa mamografia, achamos uma suspeita de que algo poderia não estar normal… me lembro bem o que a Maristela disse: “Não podemos ficar no ‘achismo”, vamos nos certificar do que está acontecendo, está ou não está, mas vamos procurar saber com certeza”. Ela me encaminhou para Ribeirão Preto, para exames mais detalhados. Por sorte, meu médico de mais de 30 anos, Dr. Oswaldo Franco Cruz, também mastologista e oncologista, atendeu-me com o maior carinho e profissionalismo. Apurados os primeiros resultados, após exames precisos, de altíssima qualidade e bem dolorosos, tanto na esfera física quanto emocional, a indicação era passar para uma primeira cirurgia, de biópsia, a qual detectou um ‘Carcinoma Lobular In Situ de Mama’, ou seja, o câncer estava localizado, em fase inicial, na mama direita. Diante desse resultado… vou ao ‘clichê’… “o chão se abriu pra mim… parecia que tinha chegado no fundo do poço… até porquê ao me dar a notícia, o Dr. não ‘floreou’, foi direto: “Você está com Câncer de Mama”. Meu mundo caiu! Lógico que não foi fácil escutar isso, nessa hora um turbilhão de coisas, pensamentos correm à nossa cabeça, medo, insegurança, família… perdemos um bocadinho de esperança, a gente fica frágil, dá vontade chorar, de pedir colo, mas de repente, não sei de onde surge uma força tamanha que nos impulsiona pra vida novamente. Acorda, Cristina!!! Continuando… o Médico indicou tirar o quadrante da mama direita e fazer Radioterapia.
Mas eu, na mesma hora, com muita firmeza, com muita segurança do que eu estava querendo, disse pra ele: “Vou lhe confirmar isso amanhã, depois que falar com minha família, mas da minha parte quero que tire a mama inteira, e não apenas uma, quero que tire as duas. Não posso correr o risco de amanhã ou depois ter dúvidas se pode surgir na outra. Faremos, portanto, Mastectomia Bilateral Total e, se possível, já implantaremos simultaneamente os silicones”. O Médico se espantou, porque como ele mesmo disse, normalmente as mulheres temem, relutam, já que é uma parte feminina delicada e elas ficam com medo de fazer esse procedimento tão radical. Reafirmei que queria. Me inspirei muito na Angelina Jolie (que deu início a esse procedimento preventivo à época), não porque ela é famosa, porque se fosse uma Ângela qualquer, uma Ângela simples, humilde e tivesse tido essa coragem e feito isso, a minha inspiração teria sido a mesma. Tive muita certeza que era isso que eu queria e faria.
Aí então, pedi que o Médico ligasse pra dar a notícia pro meu marido, porque na hora não me senti em condições de explicar a ele o que eu tinha acabado de ficar sabendo. O Dr. Franco ligou, o Orion estava em São Paulo com meus filhos Leonardo e Junior… Em pouco mais de três horas os três já estavam comigo, minhas amigas também… Contar para os meus pais também foi doloroso, minha família ficou assustada, mas todos me apoiando, claro, a minha decisão foi respeitada e o pensamento era um só: Vamos vencer juntos!!! No dia seguinte voltei lá no Médico e disse que o procedimento seria aquele que eu havia afirmado. Fizemos tudo ‘a toque de caixa’, resolvi toda parte burocrática, a Unimed deu toda a assistência, marcamos (a cirurgia) pro sábado de Carnaval. Lembro que cheguei dentro do Hospital em Ribeirão Preto, existia uma Equipe Médica me aguardando dentro do Centro Cirúrgico, a meu pedido Dr. Paulo César Melucci foi até lá para fazer a Plástica. Ele veio com um pincel atômico e falou que ia me fazer a marcação dos cortes, respondi que ele estava era desenhando uma ‘Fantasia de Carnaval’, porque no dia seguinte eu teria de estar pronta pra desfilar em Batatais. Eles (equipe de Médicos e Enfermeiros) começaram a rir, “como está dizendo isso, brincando, se veio retirar a mama?”… Respondi que estava feliz, porque não tinha ido apenas para retirar a mama, estava retirando o problema. Aí chegou o Anestesista com uma tábua grande (para esticar os braços para anestesias, soros, medicamentos…), e falou que era pra eu abrir os braços que ele iria me ‘crucificar’, e eu disse: “Você não vai me crucificar, esse é o Costeiro da minha Fantasia”… Enfim, fui anestesiada, operada, acordei muitas horas depois, já estava entrando no quarto, chegando de maca pra cama eu pedi à Enfermeira que primeiro queria ir no banheiro me arrumar e passar meu batom. Depois deitei na cama, os Médicos já estavam lá, eles olharam pra mim e disseram: “Você se curou!!!” E eu acredito muito nisso. Eu, claro, junto com toda equipe maravilhosa que esteve do meu lado, começando pela Dra. Maristela, continuando nos Médicos Dr. Paulo, e de Ribeirão Dr. Franco e Dr. Rodrigo, que são realmente meus ‘Anjos da Guarda’. A força também veio da minha família, amigos e amigas, funcionários e funcionárias, e até pessoas que eu nem conhecia, e que de repente me mandavam mensagens, oravam, e enviavam muita força. Isso tudo faz parte de uma corrente que é remédio. O tratamento com Tamoxifeno e Femara, medicamentos de suporte, e os controles devidos, são só complementos, mas remédio mesmo, é tudo isso junto e misturado: Foco, Força e FÉ licidade!!! Ah, e muito importante também… não parei de trabalhar nem por um minuto… tão logo saí do Hospital… Vida Que Segue!!! O que posso mais dizer… além de agradecer, agradecer e agradecer… dizer que estou aqui… livre, leve, bem resolvida e muito bem, Graças a Deus, podendo, inclusive, humildemente, servir de inspiração a quem quer que seja, e reafirmar se cuidar e se amar sempre!!! Que Deus e Nossa Senhora nos Abençoem!!
JC- Infelizmente para uma parcela da sociedade ainda existe tabu até mesmo para falar abertamente sobre o câncer. Campanhas como a do ‘Outubro Rosa’ ajudam a desmistificar e esclarecer a população?
Cristina: Sim, claro, hoje mais do que nunca está sendo desmistificado, porque se fala abertamente, porque se expõe até as feridas, mas também se declara a possibilidade de cura. Antes, até a palavra ‘Câncer’ era temida, mal se falava… dizia ‘CA’, mas agora, tantas Campanhas de Alerta, tantos depoimentos positivos, tantas descobertas e oportunidades de tratamento… até virou Lei e a Saúde Pública é obrigada a fazer as cirurgias, tanto de retirada quanto de estética e ainda dar suporte ao tratamento. As coisas ficaram mais acessíveis e a cura se tornou mais real, claro que se iniciada a tempo. Por isso a vital importância da PREVENÇÃO!!!
JC- Qual o recado que você deixa para quem foi diagnosticada com câncer de mama ou câncer de colo do útero e está iniciando o tratamento?
Cristina: Foco, Força e Fé. Corra atrás do lucro (nunca do prejuízo). ‘Tudo vale a pena quando a alma não é pequena!’ Tudo é possível quando se acredita e quando se luta com amor e fervor. Ame-se!!!
JC- A sua vida antes e depois do Câncer mudou de significado?
Cristina: Bem, comecei mudando alguns hábitos, fiquei ainda mais cuidadosa com minha saúde física e emocional. Passei a régua em alguns desafetos, não vale a pena guardar mágoas… tudo fica tão pequeno diante da mera possibilidade de poder não mais estar por aqui… E, pra falar a verdade, também confesso… tudo ainda dá um ‘medinho’…tenho que confessar até porque deve ser normal, né… mas a gente vai levando e se amando e se cuidando… e se prevenindo sempreeeeee, não só em Outubro, mas de Janeiro a Janeiro!!!
Ivete Rogeri Ambrosio venceu o câncer de mama com fé e tratamento na hora certa
A batataense Ivete Rogeri Ambrosio, também atendeu nosso pedido para falar da sua luta vitoriosa contra o câncer de mama. “Não foi fácil, mas tive muita fé em Deus, tive muito apoio da minha família e quando estava me sentindo melhor eu ia passear e só pensava em coisas boas”, destacou.
Questionada sobre a Campanha Outubro Rosa, se ajuda a conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção, Ivete afirmou que ajudam sim, pois o câncer de mama e colo de útero são os que mais matam, mas se diagnosticados no início tem cura. “Essa campanha do Outubro Rosa é muito importante e tem que ir ao ginecologista também uma vez por ano fazer os exames”, lembrou.
A nossa convidada, que disse que dá muito mais valor a vida após o período difícil que passou, deixou um recado para quem foi diagnosticada com a doença: “Ter muita fé em Deus, se alimentar bem, quando tiver fazendo a quimioterapia beber muita água de coco, comer muita fruta, não ficar preocupada com a perda do cabelo, porque o mais importante é você ser curada, e pensar só em coisas boas e fazer o tratamento certinho aí a gente vence! Deus é maravilhoso!”, concluiu.