O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi instituído em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho escolar dos estudantes ao término da Educação Básica, hoje é um dos exames educacionais mais complexos do mundo.
Recentemente ouvimos do presidente Bolsonaro que o Enem “começa a ter a cara do governo”. Essa é uma frase que dá indícios que há uma influência não técnica em algo que precisa ser 100% técnico. A interferência chegou a ser tão direta que se verificou a presença da Polícia Federal e de generais na sala do cofre onde são elaboradas as provas.
É o tribunal ideológico do Enem, a presença de um corpo paralelo na Educação como existiu no combate contra a covid19, o tal gabinete paralelo. É a destruição das estruturas como o próprio Bolsonaro admitia fazer em discursos anteriores.
Essas vertentes ideológicas já vêm sendo introduzidas com a Escola sem Partido, a lógica da defesa de retrocessos civilizacionais como o terraplanismo, o movimento anti-vacina, o negacionismo, as intolerâncias etc.
Sob a presidência de Danilo Dupas no INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa) quase 50 questões foram eliminadas, retiradas e reincluídas nas provas, principalmente aquelas que se referem a história dos últimos 50 anos com a ideia de não permitir “questões subjetivas” e dar mais atenção as de “valores morais”.
É o tribunal ideológico comprometendo a segurança da prova deixando claro a interferência política no exame. É um grande erro pegar uma prova e sair riscando itens só porque algumas pessoas não gostam do conteúdo. Como pode exigir omissão de dados, alterações, interferências na elaboração das provas? É muita pressão que acaba gerando um clima de insegurança e medo.
Houve até uma auditoria interna com estagiários, office boys, funcionários para detalhar suas atribuições esparramando intimidação, perseguição e insegurança psicológica.
Enquanto realizava tais ações o presidente do INEP, o órgão responsável pela elaboração das provas, Danilo Dupas simplesmente queria eximir-se de suas responsabilidades, não assumindo nada, não assinando nada e nem queria que seu celular tocasse no dia do Enem, não queria ser incomodado de forma alguma e não parou por aí, através de assédio moral transferiu compulsoriamente servidores e os ameaçou com uma comissão de revisão ideológica para a prova ficar com a “cara do governo”, 37 servidores não aguentaram e entregaram o cargo, pessoas experientes que tiveram que se submeter a esse aparelho ideológico de poder podre.
Enquanto isso, Bolsonaro segue com suas mentiras e vai dizendo que o Enem não avalia nenhum conhecimento é apenas um “ativismo político”, ele sabe que a mentira atiça o seu eleitorado e como sempre, ele faz dela sua principal arma.