Em Batatais, a Prefeitura sinaliza para economia e alerta para falta d’água também.
Passando pela maior crise hídrica em 91 anos, após uma sequência de anos com baixo nível de chuvas, o Brasil enfrenta uma situação delicada em relação ao consumo de energia e corre o risco de reeditar programas nacionais de racionamento pouco mais de 20 anos depois da crise hídrica de 2001.
Por enquanto, o governo federal descarta declarar que há chance de apagões e de racionamento. As últimas medidas, porém, já sinalizam preparo para possíveis resoluções drásticas, como a criação de comitê de crise com poderes excepcionais e de programas para diminuir o consumo das indústrias nos horários de pico. Soma-se a isso também o aumento de 52% da bandeira vermelha das contas de luz (de R$ 6,243 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora consumidos), anunciado pela Aneel nesta semana.
Por enquanto, especialistas divergem sobre a possibilidade de racionamento, mas enxergam riscos de apagões pontuais durante o horário de pico no segundo semestre. Como o Brasil ainda depende da energia hidrelétrica, o volume de chuvas deve ditar os rumos da economia neste período. Esta dependência, um dos fatores em comum com a situação nacional no último racionamento, já tem sido sanada e deve ser ultrapassada nas próximas décadas. A diversificação da malha fez o país saltar de 90% para 61,20% da sua energia proveniente dos reservatórios de água. Logo em seguida estão a térmica, com 25,04%, eólica, (10,32%) e a solar (1,86%), sendo as duas últimas apontadas por especialistas como as que têm mais potencial de tirarem o posto das hidrelétricas nas próximas décadas.
Enquanto o futuro ideal não chega, a escassez nos reservatórios de águas preocupa o setor, que vê a chance da crise se escalar para 2022. No final do ano passado, a situação chegou ao nível crítico. Neste ano, a ONS projeta que os reservatórios devem chegar ao mesmo nível, com menos de 10% da capacidade. Atualmente, o nível das reservas de água está em 29,13% no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). As regiões são as mais afetadas pela crise hídrica, com os piores índices entre todas as outras.
O alerta do Secretário Municipal de Obras
O Secretário Municipal de Obras, Planejamento e Serviços Públicos, o Engenheiro Elétrico Ricardo Medeiros, que trabalhou durante muitos anos em Furnas, alerta que não se trata de ‘poder pagar’ e sim de que a energia está armazenada no volume de água dos reservatórios e, o consumo de energia significa consumo desta escassa água que, se faltar, faltará energia hidráulica também. Daí o necessário acionamento das dispendiosas usinas térmicas a carvão, óleo ou gás, apesar da significativa ajuda da biomassa, solar e eólica. “Com esta situação conhecida, estamos fazendo um estudo para redução do consumo de energia elétrica sob responsabilidade da Prefeitura Municipal. Insisto aqui quanto à preocupação do uso racional da água, que também no consumo doméstico precisa ser bem disciplinado, pois, teremos falta de água, não devido à infraestrutura, mas por falta de chuvas”, finalizou.