A Agrishow sempre foi decantada como sendo a maior feira de agronegócios da América Latina, realizada desde 1994 na vizinha Ribeirão Preto, e depois de dois anos de paralização devido a pandemia de Covid-19, está de volta com expectativas otimistas, grande número de expositores e alto fluxo de visitantes. Mas com certeza sentirá falta de um de seus maiores símbolos: nosso Rubens Dias de Morais.
Sempre que a Jumil marcava presença na feira, lá estava um Rubinho animado, pronto para uma conversa calorosa e cheia de “causos”, e claro, uma boa proposta de negócio com os equipamentos e maquinários desta empresa que os irmãos Morais arrojadamente inauguraram lá nos idos dos anos 1930, quando a mecanização no campo de forma acessível ao pequeno produtor dava seus primeiros passos pelo interior do país. Com a realização do Agrishow aqui pertinho, é claro que Rubinho levaria a Jumil pra lá, e assim o fez.
A vitrine era imensa, visitantes de toda América Latina marcavam presença por lá, imprensa especializada analisava os lançamentos, negócios de grande monta poderiam ser (e eram) fechados. Boa parte das grandes multinacionais do agronegócio se faziam presentes, com estandes enormes, painéis de led, moças bonitas em trajes personalizados, brindes variados, luzes e efeito de fumaça para apresentar seus lançamentos… e a Jumil tinha Rubinho e sua voz.
Com sua experiência, montava a equipe de colaboradores necessária e possível, mas eficiente e de confiança, sempre com a coordenação dos filhos Patrícia e Fabrício, e nessa equipe lá estavam vendedores bem treinados, logicamente. Mas o espetáculo ele fazia questão de comandar pessoalmente com seu poder de persuasão, que em poucas outras oportunidades pude presenciar com tamanha maestria, por alguma outra pessoa, em qualquer área de atuação.
Na Agrishow, tive essa experiência, que muito me marcou, em duas oportunidades: como repórter da TV Educadora em 1996, e como vereador de nossa Câmara Municipal em 2001. Nestas duas ocasiões, o que assisti não foi um empresário vendendo seus produtos à potenciais compradores. Foi algo como um professor dando uma aula magna, um pastor pregando aos seus devotos fiéis, um rock-star entretendo seu público, um ilusionista surpreendendo uma plateia incrédula… um verdadeiro encantador na arte de demonstrar o quão confiável, inovador e eficiente era o seu produto. Eu vi!
O palco era ali no chão batido mesmo, com o maquinário da Jumil ao redor. O público ia formando um círculo – Rubinho ao centro – e com sua fala firme, olhando nos olhos de todos, braços estendidos e inquietos, detalhava todas as qualidades do seu produto, sem papel ou smartphone na mão. Sua guia estava dentro da sua cabeça. Em instantes as pessoas se aglomeravam e começavam a perguntar, discretamente: visitantes curiosos que paravam para ouvi-lo: (“…quem é esse cara?”); profissionais de empresas concorrentes que apareciam para aprender: (“…anota isso aí que ele falou, é importante!”); a imprensa, autoridades e políticos admiravam-se: (“…como ele consegue isso?)”. Posso afirmar para vocês: era bonito de ver..!
Rubinho infelizmente nos deixou no ano passado, e nesse ano, esse símbolo do agronegócio fará falta no Agrishow, com certeza. Fico imaginando quantas pessoas passarão pelo estande da Jumil procurando a figura daquele senhor grisalho, óculos escuros, palavra forte e sorriso acolhedor! Seu espetáculo fica pra sempre na memória de todos que, como eu, tiveram o privilégio de presenciar, o verdadeiro exemplo do empreendedor que acreditou num sonho, colocou-o no papel e o tornou realidade.