O Orçamento Secreto criado nesse governo para obter apoio político do parlamento (Centrão) acabou sendo extremamente gozoso para os deputados, nele o presidente fica isento de prestar contas de determinados valores e o “emendoduto” destinado aos deputados parece não ter fim pela falta de transparência desses repasses, é um feirão de emendas bilionário onde não há clareza nenhuma dos recursos públicos.
O dinheiro das emendas desliza como capital eleitoral dos congressistas podendo “comprar votos”, promover “tratoraços”, aquisição de máquinas agrícolas, escolas fakes, tudo superfaturado como tem sido observado nos certames licitatórios.
Com o Congresso Nacional controlado pelo Centrão ficou fácil para eles fazerem de Bolsonaro um fantoche em suas mãos, o presidente está totalmente refém desse grupo que decide politicamente o que o Executivo tem que fazer, é quase um sequestro institucional do presidencialismo. Nesse momento de fragilidade e polarização ideológica discute-se a questão das narrativas que ocupam o poder. A Modernidade iluminista tentando explicar os fatos através da razão, do método científico, da contabilidade não se sustentou devido a liquidificação de todos os parâmetros do capitalismo, nada mais é feito para durar, tudo é líquido e se transforma com rapidez; então temos a Pós Modernidade que cansada com essa narrativa que dá conta de explicar tudo, rompe com a utopia moderna.
Nesse sentido o filósofo francês Michel Foucault diz que verdade é política, pois se construir uma linguagem associada a uma estrutura social de poder ela se torna uma verdade. O que temos no Brasil atual é esse vácuo de narrativas, mas que astutos lutam para preenchê-lo.
A esquerda que sempre protagonizou narrativas emancipatórias não entendeu que a defesa da verdade é a defesa dos oprimidos, não levando esse lastro poderoso consigo (ou não deu o valor que devia) abriu espaço para uma política de quem falar mais leva e é nesse sentido no da polarização política que uma nova narrativa carregada pelos braços de uma extrema direita se ocupou, se é apenas para falar sem mostrar nada quem conseguir mais seguidores, mais engajamentos, mais marcas que se apaixonam por tal discurso acaba levando com mais probabilidade.
Essa narrativa vazia, apenas verborrágica é capaz de transformar verdades consolidadas em pó iludindo ainda mais o eleitor que já nem liga mais para o que vê, sente ou ouve.
Toda uma sequência de escândalos e corrupção, que vem caracterizando o governo, simplesmente termina ou fica anestesiada quando o ministro da Economia diz que a economia vai bem, embora o povo vai mal e o presidente diz que não há corrupção enquanto pasmos e sem reação assistimos a promoção da delinquência fiscal do Orçamento Secreto.