Com o crescimento gradual da polarização entre bolsonarismo e antibolsonarismo, nos moldes do que ocorreu há poucos anos com o lulismo e antipetismo, um espaço volta a se abrir entre estes dois extremos, que poderá ser ocupado por alguém que encampe um discurso moderado, de superação de conflitos, e traga em sua bagagem um mínimo de credibilidade e competência profissional, tenha sido esta construída na vida pública ou na iniciativa privada.
Dentro dos quadros políticos hoje existentes, logo viria à cabeça nomes como o do Presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, do Governador de São Paulo João Dória, ou mesmo de Geraldo Alckmin, além é claro, de Sérgio Moro, mas sobre este último falaremos em uma outra oportunidade. Fora do balaio político atual, um nome volta a surgir com força: o do apresentador Luciano Huck.
Vi na internet por esses dias, que recentemente Huck participou de um evento na capital capixaba e saiu com a seguinte frase sobre o momento político no país: “Não acredito que o governo Bolsonaro seja o primeiro capítulo da renovação. Para mim, estamos vivendo o último capítulo do que não deu certo.” É frase feita sob medida para uma campanha política, e podem ter certeza que ele alimentará essa expectativa até as próximas eleições de 2.022. Até lá, ele irá aguardar pacientemente o cenário se definir, para nos momentos finais decidir ou não pela candidatura presidencial.
É claro que muita agua ainda vai passar debaixo da ponte, e em política detalhes são muito importantes, mas se Bolsonaro se agarrar em seus 25-30% de eleitores (na melhor das hipóteses) e a esquerda continuar com essa agenda medíocre de “Lula Livre”, sem produzir um candidato viável, e também se contentar com seus 25-30% (também na melhor das hipóteses), o restante do eleitorado irá procurar um candidato “novo” com um discurso de pacificação e de resolução efetiva de problemas, para dar outros rumos ao País.
Huck pode se encaixar perfeitamente neste perfil e teoricamente contaria com o apoio da chamada classe média formadora de opinião, com a força comunicativa que possui, a simpatia nas classes C e D, e por realmente encampar a figura do “outsider”, sem a contaminação política que outros candidatos “de carreira” teriam. Ou seja, ele poderia dizer tranquilamente que ele sim representa a tal nova política. Logicamente, o fato de ser de fora do círculo político também lhe trariam algumas dificuldades, principalmente com caciques da “velha política” que mandam e desmandam nas estruturas partidárias, mas nada que bons índices em uma pesquisa de intenção de votos não resolva.
Bolsonaro continua apostando na fragmentação das correntes políticas e na fidelização de seu eleitorado conservador, e a atual esquerda parece que vive no auge da guerra fria, ignorando que política é soma, inclusive com os diferentes (pelo visto Lula em 2.002 não os ensinou direito), correndo o risco de continuar marcando passo, e perder mais espaço.
Portanto, com a direita e a esquerda apostando na divisão do país, se não forem apresentados resultados concretos e visíveis pelo atual governo, a próxima eleição pode ter um Caldeirão de surpresas.