Imagine você, já com mais de 60 anos, tendo que decifrar um enigma digno de filme de espionagem: criar uma senha com letras maiúsculas, minúsculas, números, símbolos e, quem sabe, um hieróglifo escondido. Pois é, para muitos idosos, essa é a sensação ao se depararem com as exigências do mundo digital. E vamos combinar, até para quem nasceu na era do digital, às vezes parece que os sistemas estão de sacanagem.
Resolvi escrever este artigo porque neste final de semana, como de praxe, minha mão pediu ajuda para fazer o cadastro em um aplicativo que ela precisava acessar. Baixamos a porcaria, iniciamos o processo, criamos aquela senha monstruosa que ela sempre tem dificuldade de lembrar, e pronto, tudo certo. Fomos acessar o aplicativo e para nossa surpresa, ele pedia para trocar a senha, pois isso era um procedimento de segurança. Para alguém como eu que desenvolve software, isso foi uma ofensa, eu queria quebrar o celular (mentira), mas fizemos o processo e deu tudo certo.
Tentem imaginar a dificuldade que é para uma pessoa de mais de 70 anos entender o porque destas coisas, e criar senhas com regras tão complicadas.
Então vamos entender um pouco mais deste caos.
As terríveis Senhas
Segundo dados do IBGE, 60% dos idosos já estão conectados à internet, um salto de 12,7% de 2019 para 2021. Esse número é incrível, certo? Mas aqui vem o *plot twist: a maioria tem uma relação de amor e ódio com as senhas. Quem nunca tentou lembrar uma senha, errou três vezes e foi “convidado” a redefini-la? Agora, imagine isso para alguém que está apenas começando a entender como essas coisas funcionam.
A complexidade de criar senhas com regras específicas deixa muitos idosos frustrados e até ansiosos. Uma pesquisa da FecomercioSP mostrou que 35% dos idosos apontam as senhas como uma das maiores barreiras no uso da internet. E vamos ser honestos: quem nunca quis jogar o teclado pela janela depois de ver a mensagem “Sua nova senha não pode ser igual às últimas cinco”?
*plot twist é uma expressão que sinaliza uma reviravolta, algo para chocar ou surpreender.
E o chato do Cadastro?
Além das senhas, há o tal cadastro: nome completo, CPF, data de nascimento, e-mail… Ah, o e-mail! Esse, meus amigos, é o segundo vilão dessa história. Muitos idosos nunca se acostumaram a usar e-mail. Em vez de mandar um e-mail, eles preferem (e com razão) pegar o telefone e resolver tudo de uma vez. “E para que tantos cadastros? Eu só queria pagar minha conta!”, muitos pensam.
De fato, estudos apontam que 40% dos idosos têm dificuldade em preencher cadastros online sem ajuda. E quem os culpa? Já é complicado para quem cresceu com a internet, imagina para quem viu o mundo passar do analógico para o digital em questão de poucas décadas.
E o e-mail tão odiado?
E aqui chegamos ao plot twist final: o e-mail. Enquanto para muitos de nós, enviar e receber e-mails é tão natural quanto tomar um café, para uma parcela significativa dos idosos, isso é quase como decifrar um código Morse. Dados da Febraban indicam que 45% dos idosos acima de 70 anos ainda não dominam o uso do e-mail. Muitos não sabem como anexar arquivos ou diferenciar mensagens legítimas de golpes. Aliás, falando em golpes, esse é outro ponto que preocupa: a vulnerabilidade a fraudes. Cerca de 25% dos crimes cibernéticos têm como alvo pessoas idosas, principalmente com tentativas de phishing (vírus) via e-mail.
Mas temos notícias boas também!
Agora, antes que você pense que o cenário é desolador, há uma boa notícia. Muitos idosos estão se saindo como verdadeiros heróis digitais! Com programas de inclusão digital, cerca de 50% dos participantes relatam ter ganhado confiança no uso de smartphones e computadores. Aliás, quem diria que o smartphone seria o grande aliado? É mais simples, intuitivo e menos assustador que o computador. Além disso, as redes sociais ajudam a combater a solidão: mais de 90% dos idosos conectados afirmam que a internet os ajuda a manter contato com amigos e familiares, o que é um baita ponto positivo!
E Agora, Como Ajudar?
O segredo para resolver essas dificuldades tecnológicas é simples: paciência, simplicidade e bom humor!
Além disso, há um chamado às empresas para criarem interfaces mais amigáveis e simplificadas. Eu mesmo venho pensando em como ajudar neste sentido. Seria um projeto incrível.
Para encerrar hoje, como já fiz diversas vezes, usarei frases do universo Star Wars, onde Luke Skywalker ensina como devemos aprender com os erros, mas não nos deixar definir por eles. “Não se prenda ao passado. Não aprenda apenas com seus erros; vá além deles.” (Os Últimos Jedi)