Caro leitor, por vários dias tenho escrito neste honroso espaço, sobre saúde pública, suas inúmeras dificuldades e seus desafios, que a cada dia que passa, são maiores. Inicia-se pelo mísero financiamento e deságua-se nas profundezas da imaturidade dos governantes que, para agradarem seus financiadores, amigos e ou cumprirem promessas vazias de campanhas eleitorais, editam leis, baixam decretos e tudo o mais que é possível, sem o mínimo estudo dos impactos que podem acarretar tais atitudes. Apenas pra ilustrar nossa caótica situação, trago os seguintes dados para analisarmos. A violência causa um úmero de vítimas que a priori, são atendidas em hospitais públicos, bem como a recuperação e reabilitação para o trabalho, passa pelo custo financeiro de todo o sistema público de saúde. De acordo com Paulo Saldiva e Mariana Veras, em trabalho publicado na Scielo, no Brasil, nos últimos trinta anos, pouco mais de um milhão de pessoas morreram assassinadas, vítimas da violência, número duas vezes superior às mortes da guerra de Angola que teve a mesma duração. Agora, temos a liberação do porte e posse de armas de fogo, com idas e vindas, entretanto, acredito que o desejo presidencial é sua liberação, uma tremenda bomba, já que estamos falando de armas, o trocadilho é para uma maior ênfase, pois, estudos mostram ser uma atitude de risco, frente uma população culturalmente imatura somada à enorme distância do poder econômico nas classes sociais, que a cada dia aumenta. Noutra ponta puxando o bloco do gasto público está o trânsito caótico e apressado, onde, deveriam implantar maiores e melhores ferramentas de fiscalização, querem retirar as existentes, com o pífio argumento que tal instrumento é prejudicial aos motoristas profissionais. Digo pifio argumento porque, não se trata em dizer que o radar é o inimigo ou fábrica de multas. Oras o equipamento registra a velocidade com que você passa naquele ponto, estando acima do permitido, será autuado. A regra está no limite de velocidade, não na retirada do equipamento. Quantos anos foram de estudos, quanto houve de investimento na instalação dos equipamentos, qual foi o impacto na diminuição dos acidentes? Perguntas que não foram respondidas, e simplesmente querem que retirem e ou não mais instalem os respectivos fiscalizadores, um absurdo, sabem porque? O trânsito é um dos mais importantes indicadores no custo da saúde do povo brasileiro, acompanhado pela mal conservação do sistema viário das cidades e suas rodovias. O acidente de trânsito interfere violentamente no custeio das vítimas, onde a média de dias para recuperação e ou reabilitação, quando possível, é imensamente maior comparado com outros tipos de acidentes, dados que não podem ser ignorados na formulação de projetos e no planejamento orçamentário da saúde como um todo. Outro assunto de muitíssima importância, é a revisão das NRs – Normas Regualmentadoras – que por anos a fio foram discutidas e debatidas para implementação a fim de proporcionar maior segurança no ambiente de trabalho. Esperemos que tal revisão venha para enriquecer o que já temos, e não sua extinção. O Brasil por muito tempo foi o campeão em acidentes de trabalho, em 2011 conforme dados do antigo Ministério da Previdência e Assistência Social, foram 711.164 acidentes, isso mesmo 711 mil acidentes de trabalho, situação que muito pesa no custo governamental, como também nas empresas. Com maior fiscalização e imposição de regras mais severas, fomos aos poucos galgando melhores espaços e conquistando garantias, apenas com o argumento que o mercado reclama uma flexibilização dessas normas, não se justifica qualquer retrocesso, devemos nos ater a tal proposta, pois qualquer regresso importará em grandes perdas nos direitos trabalhistas que, com muito sangue os trabalhadores conseguiram que fossem implementados. Outra questão de importante reflexão está na escolha dos postulantes ao cargo de Ministro da Saúde. Um Ministro de Estado da Saúde em nosso entendimento deve ser uma pessoa que tenha uma qualificação substancial, tendo em vista ser o cargo de maior hierarquia nacional, neste caso, a saúde. Cargo este que não deveria ser objeto de indicação política frente sua complexidade e extensão. Situação assim, não se vê no ministério da Fazenda, onde grandes corporações financeiras falam mais alto e o famoso mercado impõe suas condições para tal, e para cada postulante a presidência sobra um “guru” da econômia, referendando as palavras do futuro governante. Sabidamente sabemos que os problemas são muitos, contudo, é necessário que o povo Brasileiro deixe a diversão um pouco de lado, apesar de necessária também, entretanto, não esqueça, e cobre mais daqueles que, de quatro em quatro anos, os procura desesperadamente pelo seu voto com discursos bonitos, idealizados por marqueteiros que moldam cada verbo ao que a população anseia. O Brasil e seu Povo não suporta mais tanta incompetência e amadorismo.