JC – Dr. Dimas a respeito do Novo Coronavírus (2019-nCoV). Como surgem esses novos vírus?
Dr. Dimas Tadeu Covas: A origem deste coronavírus, da mesma forma que a de outros anteriormente, é a população de animais que são normalmente hospedeiros deste tipo de vírus. Da espécie animal o vírus é transmitido aos seres humanos pelo contato estreito que pode envolver o uso dos animais ou de suas partes para alimentação principalmente. No caso do nCOV 2019 que é o nome definido pela Organização Mundial da Saúde, a origem pode ser animais como os morcegos, as cobras ou o pangolin onde circulam coronavírus muito parecidos com o nCov 2019.
JC – A transmissão ocorre sempre entre humanos?
Dr. Dimas Tadeu Covas: A transmissão de vírus em geral, pode ocorrer entre tipos diferentes de animais e entre estes e os humanos. Nos animais muitas vezes as populações infectadas não apresentam sintomas e são considerados portadores do vírus. Quando introduzido na população estes vírus se adaptam rapidamente para serem transmitidos entre as pessoas por mecanismos diversos. Neste caso em especial acredita-se que a transmissão aconteça por gotículas provenientes do sistema respiratório e por secreções corporais de pessoas infectadas ou assintomáticas, mas portadoras dos vírus. Neste momento ainda não existe certeza científica do potencial de transmissão, mas sabe-se que ele é elevado em função do comportamento explosivo da epidemia verificada na China.
JC – O Brasil pode ajudar de alguma forma na descoberta de uma vacina para prevenir essa doença?
Dr. Dimas Tadeu Covas: O Brasil por meio dos seus Institutos de Pesquisa e, particularmente pelo Instituto Butantan se prepara para enfrentar, se necessário, esta epidemia. Uma das medidas mais efetiva seria a disponibilização de uma vacina que, neste momento, não existe. Entretanto, em associação com entidades congêneres internacionais participa de esforço conjunto para se chegar a uma vacina.
JC – Acredita que nosso país estaria preparado para enfrentar um surge de Coronavírus, como o que vem ocorrendo na China?
Dr. Dimas Tadeu Covas: O Brasil tem um sistema de saúde pública organizado em todo o território nacional. Tem conhecimento avançado e vem tomando medidas de controle eficientes. Obviamente que uma epidemia nas proporções da que vem ocorrendo na China requereria esforço adicionais e a disponibilização de recursos humanos e financeiros compatíveis com a gravidade da situação. Estamos nos preparando para esta eventualidade e as ações, até aqui tem sido efetivas.
JC – Percebe-se uma preocupação crescente da população mundial com essa nova doença. Qual a sua posição, como estudioso da saúde em seus diversos aspectos?
Dr. Dimas Tadeu Covas: O risco representado por este vírus é real e existe motivo de preocupação por parte da população. Entretanto, temos também que acreditar que nossas autoridades tomarão todas as medidas necessárias para evitar a sua disseminação em nosso meio. As próximas semanas serão decisivas para definir o que acontecerá com a epidemia. Se ela começar a regredir significa que será controlada. Caso contrário, o panorama será de disseminação mundial. O surto poderá se limitar a este único episódio ou o vírus poderá se cronificar na população e se comportar com os vírus da gripe, por exemplo, que são de ocorrência sazonal.