É muito comum encontrarmos pessoas que acreditam que a tecnologia exclui posições de trabalho de humanos, porem sempre defendemos que isso não é verdade, ela automatiza trabalhos que um humano não deveria fazer, e por outro lado oferece um numero bem grande de novas oportunidades de trabalho. Isso vem ocorrendo ao longo dos anos e agora com uma rapidez um pouco maior, pois a inteligência artificial (IA) mudou um pouco esta regra.
O termo “inteligência artificial” representa um conjunto de software, lógica, computação e disciplinas filosóficas que visa fazer com que os computadores realizem funções que se pensava ser exclusivamente humanas, como perceber o significado em linguagem escrita ou falada, aprender, reconhecer expressões faciais e assim por diante. Explicando de forma mais simples, os programas analisam um grande numero de informações e começam a entender padrões, com base nestes padrões eles criam duvidas, e continuam aprendendo conforme novas informações entram para a analise. Quando mencionei duvidas é porque preciso chamar a atenção de vocês para isso, pois quem tira estas duvidas são “seres humanos”, sendo assim podemos afirmar que quando usamos Inteligência Artificial precisamos de um ser humano para responder as perguntas que ela não conseguiu responder, e a partir da resposta ela continua aprendendo.
Recentemente lendo um artigo de uma das grandes empresas americanas, percebi naquele conteúdo uma nova profissão, trata-se de tirar duvidas dos serviços de Inteligência Artificial oferecidos pela Amazon. São os chamados Turks, que na Amazon são apelidados de MTurks.
O MTurk funciona como um marketplace (site como o Mercado Livre, por exemplo), em que são publicadas diversas tarefas oferecendo um determinado valor. Geralmente, são trabalhos tediosos com “micro-tarefas” que computadores teriam dificuldade de fazerem sozinhos inicialmente. Um exemplo simples é o trabalhador ficar olhando para uma tela recebendo imagens com a seguinte ordem “ Analise a imagem e diga se é um gato ou cachorro”, simples assim. Depois de um tempo a IA vai conseguir analisar sozinha. Doido né?
Embora seja nativa dos Estados Unidos e com a maioria dos trabalhadores composta por norte-americanos, muitos brasileiros em busca de algum dinheiro viram no MTurk uma oportunidade para não ficarem parados ou complementar a renda.
A companhia define um preço para a tarefa, de no mínimo um centavo de dólar. Já os trabalhadores podem escolher quantas tarefas quiserem, uma por vez.
Como se trata de um intermediário, a Amazon, dona da plataforma, leva uma fatia de cada trabalho publicado. Uma fatia bem gorda, inclusive: 20% de cada remuneração vai para a empresa, mas se a tarefa tiver mais de 10 passos ou atribuições, o corte passa para 40%.
O mTurk foi aberto ao público em 2005 com Peter Cohen, um executivo da companhia, afirmando que “as forças do mercado iriam definir o quão efetivo [a plataforma] seria para quem precisasse do serviço e o quão lucrativo seria para os trabalhadores.”
Reportagens nos Estados Unidos já apontaram a precariedade desse tipo de trabalho que não é regulamentado, uma vez que faz parte da chamada “gig economy”, pense nos motoristas do Uber, entregadores do iFood ou outros serviços em que os prestadores fazem um “bico” e não têm vínculo empregatício com ninguém. Os brasileiros, por sua vez, são ainda mais precarizados uma vez que a plataforma não faz pagamentos para contas bancárias de fora dos EUA, para receber a grana adquirida no mTurk, os trabalhadores brasileiros recebem gift cards (cartões de presente) que são válidos apenas na Amazon americana.
Para contornar isso, a pesquisa descobriu que a maioria deles leiloam os gift cards em sites como o eBay – desta forma, incidem ainda mais taxas de outras plataformas. Porem, podem ganhar um salário significativo se conseguirem atingir uma boa perfomance.
Este exemplo de uso de tecnologia e criação de uma nova versão de profissões ou sub profissões acontecem a todo momento, precisamos estar atentos para entender estas transformações.
Até breve!