Você acorda e, ainda na cama, pega o celular (que ficou ligado) para checar WhatsApp, Instagram, Facebook, e-mail e últimas notícias. Só depois espreguiça, levanta e vai para o número 1 no banheiro.
O café da manhã não tem mais jornal, mas tem o smartphone ligado, com um suporte que deixa ele inclinado em sua direção, para melhor visualização, lógico.
No trabalho ele fica ali do lado, no vibracall claro, porque você não quer que ele atrapalhe ninguém além de você, que a cada vibradinha, dá aquela conferida na mensagem, porque pode ser alguma coisa importante tipo: o Neymar está com um joanete novo no terceiro metatarso…
A hora do almoço é para relaxar! Então coloco o fone de ouvido, e separo uma playlist bem light no Deezer ou Spotify, e não perco as atualizações das redes sociais. Ah sim, e fico com as duas mãos livres pra comer, que também é importante.
É lógico que lazer é sagrado, e sair para aquele bate papo com os amigos é a oportunidade de colocar todas novidades em dia, em especial aquelas que não foram compartilhadas no “Grupo da Galera”.., mas se bem que sempre vai faltar alguém nesse encontro, é melhor estar com o celular à postos pra postar aquela selfie com todo mundo com o copo na mão!
E como é revigorante entrar naquele barzinho e perceber que uma banda legal está tocando aquele som maravilhoso da Elis Regina, e 70% dos clientes estão com o celular na mão, curtindo uma “live” do Scalene no Lollapalooza, ou mostrando o último vídeo do “Porta Dos Fundos” para o colega sentado ao seu lado.
No futebol de final de semana, surge aquela dúvida: quem marcou aquele gol na final do Brasileirão de 1982 mesmo? Dá um Google aí, e tá tudo certo. Afinal, pra que ficar pensando demais quando o smart tá ali do lado da porção de torresmo?
Chega o final do dia, é hora de desligar de tudo e preparar a cama para uma merecida noite de sono. São 4 travesseiros e duas almofadas, para que a posição fique correta para aquela última repassada nas redes sociais, no portal do G1, no Youtube e nas ofertas daquele site quinquilharias da China que você nunca vai precisar. E lá se vão minutos, em alguns casos, horas preciosas de seu sono…
Esse roteiro que acabei de escrever, embora romantizado, é, segundo uma pesquisa feita pelo Ibope Conecta no início deste ano, a realidade de cerca de – pasmem – 52% dos brasileiros das classes A, B e C. Estes não conseguem, de acordo com a pesquisa, ficar mais de 24 horas sem contato com o celular, e sentem necessidade de conferir a tela do smartphone à cada 5 minutos, em média. Isso configura a chamada “Nomofobia”.
Você se identificou com o texto acima? É bom tentar umas férias num lugar sem sinal de celular. Se é que eles ainda existem…
Nota final: Quem marcou o gol na final do Brasileirão 1982 foi o Nunes, na vitória do Flamengo sobre o Grêmio… mas foi roubado, viu? Quer saber porque? Dá um Google ué..!