Ao caminhar nosso olhar pela cidade, passamos muitas vezes de forma desapercebida por seus monumentos históricos, bustos, esculturas e painéis artísticos espalhados, principalmente, pela região central da cidade. Quando os notamos, nos perguntamos o motivo de tais homenagens; quem foram essas pessoas; se o lugares escolhidos estão relacionados aos homenageados; se ocupam espaço público ou privado; de quem foi a iniciativa da homenagem; quem pagou pelo busto; quem foi o escultor; qual material utilizado etc
Dessa forma, o Museu Histórico e Pedagógico ‘Dr. Washington Luís’ fez um estudo de alguns desses monumentos a fim de conhecer um pouco mais da história de Batatais e de seus personagens.
Segue o resultado do mapeamento inicial. Nele existem 22 exemplares, entre bustos, esculturas e painéis em nossa cidade, que passamos a descrevê-los, começando pelos que estão nas proximidades da Rua Sete de Setembro.
PAULO DE LIMA CORRÊA (1894 – 1943)
Data de Nascimento, Local: 28/04/1894, Batatais/SP. Paulo de Lima Corrêa nasceu na casa onde, durante as décadas de 20, 30 e 40 foi o Hotel São José (cruzamento da Rua Capitão Andrade com a Praça Cônego Joaquim Alves e a Rua Dr. Alberto Gaspar Gomes).
Filiação: Capitão Augusto Corrêa e Maria Carolina de Lima Corrêa. Foram seus padrinhos de batismo: Major José Antônio de Lima e Ledoina Leopoldina de Castro. Viveu sua infância na Fazenda Engenho.
Estado Civil e Filhos: Casou-se em 28 de junho de 1918 com Maria Carolina Ferreira da Rosa, na cidade de Batatais, de onde a noiva também era natural (filha de João Ferreira da Rosa e Dorothea Ferreira da Rosa). Tiveram os filhos: Vera, João Augusto e Caio Roberto.
Data de Falecimento/ Causa/ Local enterramento: 30/08/1943, morreu prematuramente aos 49 anos de idade, em decorrência de um derrame cerebral e posterior parada cardíaca. Está sepultado no Cemitério da Consolação, São Paulo.
Formação Acadêmica e trajetória profissional: Fez seus primeiros estudos no Colégio Julio Dufrayer* e depois no Colégio São José de Batatais. Entre 1912 e 1919 estudou na Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz (ESALQ)/Piracicaba onde formou-se como Engenheiro Agrônomo. Aprofundou seus estudos em zootecnia e economia rural na Escola Nacional de Agricultura de Grignon/França, onde viveu por alguns anos. Foi educador no Ginásio Estadual de Ribeirão Preto. Estudou e atuou na pesquisa de bovinos e equinos no Brasil. Deixou vários estudos sobre esses animais e a economia agro-pastoril brasileira, publicando as obras Criação de Cavalos, Problemas da Economia Rural, Dados sobre a criação de suínos, São Paulo e a Agricultura Moderna, O Cooperativismo e a Expansão do Consumo do Café, O Brasil e o problema da carne, A nossa agricultura e suas relações com a produção animal e De Rústica. Fundador da Associação dos Criadores de Cavalo Manga Larga, em 1916; diretor administrativo da Associação do Herd Book Caracú, instituição que ajudou a fundar. Participou da gerência do Instituto do Café, Associação Brasileira de Avicultura e criou a Casa do Lavrador. Participou e organizou grandes campanhas, como: O Reflorestamento, O combate à erosão e A Formação do Trabalhador Rural.
Cargo público: Começou a trabalhar para o Governo do Estado de São Paulo no Departamento de Produção Animal a convite de Júlio Prestes (1927-1930), onde foi vice-diretor e depois diretor na Superintendência dos Serviços da Agricultura, Indústria e Comércio. Ocupou o cargo de Secretário dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio do Estado de São Paulo no período de 10/06/1941 a 30/08/1943, no governo do interventor federal Fernando Costa. Dr. Paulo de Lima Côrrea, foi considerado por todos, ‘como hábil técnico e operoso administrador’. Além de um ser humano inteligente, bondoso e calmo.
Destaques: Enquanto secretário do Governo promoveu melhorias na sua cidade natal: apoiou a formação do Instituto de Proteção e Amparo à Criança, Lar da Infância,(1938) e do Aeroclube (1942); idealizou os planos de criação do Horto Florestal (1943); incentivou a construção do Instituto Agrícola de Menores (1946) e do novo Grupo Rural no Alto do Capão (1944), atual Riachuelo, entre outras benfeitorias.
Data da inauguração do monumento: 30 de agosto de 1944. A homenagem foi póstuma, aconteceu exatamente após um ano do aniversário de morte do homenageado. A população batataense e autoridades compareceram em massa à inauguração do busto. O local escolhido para a instalação do busto foi a Autor da escultura: Arlindo Castellani de Carli (1910 – 1985, São Paulo/SP). Ficou conhecido como pintor. “Estudou no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, em 1925; foi aluno de José Maria da Silva Neves, Enrico Vio (1874 – 1960) e Avelino Nagera; em 1928 foi aprendiz de modelagem na Casa Francesa e na Oficina Nicola & Sala, em Santos/SP. Entre 1938 e 1940, viveu em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, onde tem maior contato com a arte figurativa. Especializou-se em interiores, nus e retratos, utilizando um estilo de inspiração clássica, que lembra ao observador as grandes pinturas da segunda metade do século XIX. (…)” (in: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8941/castellane). Pouco se sabe de seu trabalho com modelagem e como escultor; é também do artista o busto de Carlos Botelho, no parque da Aclimação.
Localização: Praça XV de Novembro (antiga Praça da Liberdade) e está situado na área central da cidade; hoje a Praça leva o nome do Dr. Paulo de Lima Corrêa e fica a Prefeitura Municipal de Batatais.
Curiosidade: Na base do monumento está o MARCO ZERO DA CIDADE.
Outras homenagens:
Praça Dr. Paulo de Lima Côrrea – Batatais/SP (1944)
Núcleo de Escoteiros Dr. Paulo de Lima Corrêa, dirigido por Ruy Charles – Batatais/SP (1944)
Escola Prática de Agricultura Paulo de Lima Corrêa – Guaratinguetá/SP
Parque Recinto de Exposições Agropecuária Paulo de Lima Côrrea – Barretos/SP (década de 40)
Escola Estadual Dr. Paulo de Lima Côrrea – Catanduva/SP
Rua Paulo de Lima Côrrea – São Paulo/SP
* Nas obras de Jean de Frans e no Acervo Histórico da Câmara Municipal de Batatais, temos notícias de Julio Dufrayer de Oliveira, como ex-oficial do Exército, vivendo em Batatais do final do sec. XIX, como professor autônomo e da rede municipal, na Escola Agrícola de Batatais e na Escola Municipal de Engenheiro Brodowski. Escreveu artigos e charadas nos semanários locais, como A Comarca e O Ósculo.
Data de Nascimento, Local: 28/08/1901, Batatais/SP
Filiação: Filho de Antônio Simioni e Angelina Mei Simioni (falecida em 1916), ambos imigrantes italianos. O pai, empreendedor nato, tornou-se abastado comerciante e industrial em Batatais e, conseguiu adquirir terras, tornando-se com o tempo capitalista e fazendeiro. Na cidade, inicialmente trabalhou como cocheiro, em seguida prosperou com a casa comercial de secos, molhados, fazendas etc, o Armazém Simioni, foi dono de uma Agência de Loteria, de uma Fábrica de Macarrão e de máquinas de beneficiar arroz, milho e café, entre outros negócios. Irmãos de Gustavo Simioni: Josephina Simioni Mascagni, Tarcillia Simioni, Adelino Simioni (casado com Stella Scatena); Helena Simioni Viana (casada com Dr. Carlos Pereira Viana), Antonieta Simioni Nogueira (casada com João Nogueira Junior), Julieta Simioni e Paulo Simioni.
Estado Civil: Casado com Elza Scatena em janeiro de 1922. O casal não teve filhos.
Data de Falecimento, Local: 08/10/1946, São Paulo/SP – 46 anos
Causa, Local enterramento: Tumor hipófise, Cemitério Bom Pastor (Paroquial), Batatais/SP
Profissão: A partir de 1929, efetivou-se como Oficial do Registro Geral de Hipotecas e anexos da Comarca de Batatais.
Dados do homenageado: Foi um entusiasta do progresso cultural, esportivo, automobilístico e político de Batatais. Correspondente do Correio Paulistano na década de 20, idealizador e fundador da Sociedade Recreativa 14 de Março (1929), membro de várias diretorias do Tiro 26, participou da 1ª comissão para construção do Instituto de Proteção e Amparo da Infância de Menores (Lar da Infância) em 1938, presidente do Batatais Futebol Clube, à época do “Quadro de Ouro”, presidente do Centro de Cultura Física de Batatais (CCFB), apoiador das reformas da Igreja Matriz e da Conferência São Vicente de Paulo. Membro fundador do Batatais Tênis Clube. Exerceu em 1945 o cargo de prefeito interino de Brodowski.
Data da inauguração da escultura: A herma com o busto de Gustavo Simioni é provavelmente de 1954 (FB, 28/03/1954) e ficava numa área externa do clube. Na década de 70, após nova mudança e ampliação na sede do clube, a herma onde ficava o busto foi trocada e novamente reinaugurada.
Autor da escultura: Otto Felner, escultor e pintor austríaco, radicado no Brasil. Morou em São Paulo, Santos e São Vicente. Diplomado pelo Conselho de Orientação Artística de Viena. Participou do Salão Paulista de Belas Artes em 1935 e 1945, sendo premiado em escultura. Na década de 50 foi proprietário na capital paulista da Decorart – Casa & Jardim, produzia esculturas, pinturas, decorações, fontes, vasos luminosos, nichos e altares e dava aulas de desenho e pintura. Produziu em 1943, para a IV Feira Nacional de Indústrias, no Parque Antártica em SP, as esculturas dos pioneiros Edison, Santos Dumont, Barão de Mauá, Pasteur, Jorge Street, James Watt e Ark Wright. Uma de suas esculturas mais famosas, o busto de Getúlio Vargas, encontra-se em Santos, na Praça dos Andradas, inaugurada em 1955. Na década de 60, foi professor de desenho, pintura e escultura na Associação Santista de Belas Artes. Em 1962, foi o executor do Monumento aos Constitucionalistas Mortos de 32 no distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá/SP. Outros bustos: Lúcia Hedl Caiaffa. (in: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa343677/otto-felner ).
Localização: Sociedade Recreativa 14 de Março
Outras homenagens:
Rua Gustavo Simioni – Batatais/SP (Lei 55, 22/10/1949)
Praça de Esportes Gustavo Simioni – CCFB – Batatais/SP
ALTINO ARANTES MARQUES (1876 – 1965)
Data de Nascimento, Local: 29 de setembro de 1876, Batatais/SP. Nasceu num sobrado onde hoje é o prédio da Nova Elétrica Casa & Lazer na praça da Matriz e depois de casado, residiu na mesma praça, ao lado de uma Livraria e Sebo de livros. Quando em SP, morava na Frei Caneca, n. 1820.
Filiação: Filho do casal de mineiros, casados em Batatais, o Coronel Francisco Arantes Marques (1833-1914) casado em 2ª núpcias com Dona Maria Carolina de Arantes, ‘Cota’ (1833-1917) nascida Garcia de Oliveira. O pai de Altino Arantes era mineiro de Airiuoca e a mãe nascida em Caldas. O Coronel Francisco Arantes Marques foi Capitão da Guarda Nacional, político, comerciante, pecuarista, cafeicultor e maçom. Foi um dos primeiros iniciados na Loja Maçônica Amor e Caridade, em 1873.
Irmãos de Altino: Adolfo Arantes Marques (capitalista e proprietário), Artur Arantes Marques, Minervina Arantes Junqueira (casada com o Coronel Manoel Gustavino de Andrade Junqueira, coletor estadual em Batatais), Alfredo Arantes Marques (fiel do Tesouro do Estado), Aristides Arantes Marques (auxiliar do Banco de Crédito Agrícola e Hipotecário de SP) e Tarsila Arantes Marques (casada com o Coronel Vigilato Franco, proprietário da Farmácia Águia de Ouro na capital paulista); ‘Meio’ irmãos de Altino, do 1º casamento do pai com Balduína Arantes Marques: Maria Carolina Arantes Marques e Vítor Aurélio do Carmo.
Estado Civil, Filhos: Altino Arantes casou-se em 1ª núpcias no ano de 1899, na França com Maria Theodora Arantes Marques, nascida Andrade Diniz Junqueira. A primeira esposa nasceu na cidade de Franca/SP em fevereiro/1880 e faleceu em Batatais no dia 12/03/1915, aos 34 anos, vitimada por um ataque de uremia (GB, 14/03/1915). Era filha do Capitão Francisco Marcolino de Andrade Junqueira e de D. Maria Umbelina de Andrade Junqueira, ambos da mesma família, a Andrade Diniz Junqueira). O casal Altino e Maria Theodora teve dois filhos, Paulo Francisco e Maria Stella que nasceram e foram criados em Batatais.
Em 1919, casou-se na capital paulista em 2ª núpcias com Maria Gabriela da Cunha Diniz Junqueira, filha de Joaquim da Cunha Diniz Junqueira (Coronel Quinzinho) e Maria Emerenciana Junqueira. Maria Gabriela nasceu na cidade de Ribeirão Preto em 1884 e faleceu na capital paulista no ano de 1962, aos 77 anos. O casal Altino e Gabriela teve dois filhos, Maria Bernadette e Joaquim Arantes Junqueira.
Data de Falecimento, Local: 05 de julho de 1965, após ataques cardíacos sucessivos. Está sepultado no Cemitério da Consolação – São Paulo/SP
Estudos: Fez seus estudos básicos no Colégio São Luís em Itu. Aos 16 anos ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo. “Na faculdade, participou da Bucha, derivado do alemão Burschenschaft, organização secreta que prosperava naquela academia e teve importante papel na política paulista”. Aos 19 anos formou-se, voltou para sua cidade natal e começou a atuar como advogado com farta clientela. Manteve contato com os advogados Dr. Washington Luís e Joaquim Celidônio dos Reis, residentes em Batatais, desde quando Altino era acadêmico de Direito. Em Batatais, fundou a Loja Maçônica Caridade Universal II ou Philantropia II junto com seu pai, o Coronel Francisco Marques, Celidônio Jr e Washington Luís e outros colegas.
Carreira profissional: foi advogado, político, jornalista e escritor. O apoio e a significativa influência de sua tradicional família, fortalecida pelos laços matrimoniais com a Família Junqueira, o levou a uma carreira política ascendente. Foi governador do Estado antes dos 40 anos de idade. Sua notoriedade o levou a ser presidente da Academia Paulista de Letras por 14 anos, onde ocupou a cadeira nº. 33 e foi membro homenageado do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Altino Arantes, Washington Luís, e Celidônio Jr. fundaram e dirigiram o jornal A Lei em 1897, um periódico em defesa da causa do municipalismo, além de colaborarem com artigos em outros como O Direito, A Penna e A Justiça.
Histórico político:
– Foi eleito vereador pela CMB de Batatais em 1898, mas a eleição foi anulada. Portanto, Altino Arantes nunca ocupou cargo político em sua cidade natal.
– Deputado Federal (PRP/ 1906 a 1908 – com 8.989 votos; 1909 a 1911 – com 10.217 votos; 1921 a 1930; 1946 a 1950). Na Câmara, seus principais discursos versaram sobre a valorização do café, a Caixa de Conversão e a expulsão dos estrangeiros. Opôs-se também à supressão da representação diplomática brasileira ao Vaticano, apoio incondicional ao Convênio de Taubaté.
– Em 1911 renuncia ao cargo para assumir a Secretaria de Negócios do Interior de São Paulo, nos governos de Manuel Joaquim de Albuquerque Lins e Rodrigues Alves (1911 a 1915), sendo também Secretário interino da Fazenda e da Agricultura de São Paulo. Em suas gestões, preocupou-se especialmente com o ensino primário, em particular nas zonas rurais do Estado, e com a higiene pública. Foi ainda um dos principais incentivadores da criação da Faculdade de Medicina de São Paulo, em 1912.
– Presidente da Liga da Defesa Nacional, entidade que defendia o serviço militar obrigatório – 1914 e com papel importante durante a Segunda Guerra Mundial.
– Presidente do Estado de São Paulo (atual cargo de governador) – 1916 a 1920. Candidatou-se à vice-presidência do Estado (nome dado ao vice-governador na época) na chapa encabeçada por João Álvares Rubião Júnior. Com o falecimento deste durante a campanha, substituiu-o como candidato a presidente. Eleito em março de 1916; governou São Paulo até 1920, tendo enfrentado portanto o difícil período das greves operárias de 1917 a 1919 (contra as quais agiu com severas medidas repressivas), a crise do café, as geadas, a gripe espanhola e a crise da 1ª Guerra Mundial.
– Em 1921 retornou à Câmara Federal.
– Foi o 1º presidente do Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado de São Paulo, no governo paulista de Carlos de Campos, posteriormente, renomeado Banco do Estado de São Paulo S/A, em 1927.
– Participou da Revolução de 32, como apoiador propagantista. Após a revolução, exilou-se em Lisboa. Em 1934, dois anos depois, de volta ao Brasil, assumiu a presidência do PRP e chegou a concorrer às eleições indiretas para o governo de São Paulo, sendo derrotado.
– Em 1938, ocupou o cargo de vice-presidente da delegação brasileira à VIII Conferência Internacional Americana, realizada em Lima, como ministro plenipotenciário.
– Após a queda do Estado Novo, foi eleito deputado federal por São Paulo à Assembleia Nacional Constituinte em 1945 na legenda do Partido Republicano (PR). Participou dos trabalhos que resultaram na promulgação da nova Constituição (18/9/1946) e na legislatura ordinária que se seguiu; integrou a Comissão de Constituição e Justiça e opôs-se à cassação dos mandatos dos parlamentares comunistas.
– Ingressou no Partido Social Democrático (PSD) e, por esse partido, candidatou-se à vice-presidência da República no pleito de 1950, na chapa encabeçada por Cristiano Machado. Obteve 1.649.309 votos, ficando em terceiro lugar atrás dos candidatos Café Filho, da aliança Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) – Partido Social Progressista (PSP), com 2.520.790 votos, e Odilon Braga, da União Democrática Nacional (UDN), com 2.344.841 votos.
Data da inauguração da escultura: provavelmente 15/11/1960, conforme ata da sessão solene com presença ilustre do homenageado, Dr. Altino Arantes quando era presidente da CMB, Dr. Jorge Nazar.
Autor da escultura: Fabrizio Fabbriziani, 1956. A escultura feita quando Altino Arantes era vivo. A Câmara Municipal de Batatais não tem informações específicas sobre a escultura. É sabido apenas que a obra consta no patrimônio da CMB como doada pela PMB. O escultor, participou de algumas edições do Salão Paulista de Belas Artes na década de 50, recebendo no 52º Salão, o Prêmio Prefeitura de São Paulo, no 53º a menção honrosa em pintura e no 54º, o Prêmio Botelho Souza Aranha em pintura. Em 1964, Fabbriziani foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Desenho Industrial (ABDI) junto com Julio Katinsky e outros.
Localização: Praça Dr. Washington Luis, na ante-sala da Sala de Sessões de Audiências da Câmara Municipal de Batatais, denominada Altino Arantes.
Obras de Altino Arantes: Bonum opus e Elogio do Arcebispo Dom Duarte Leopoldo (1929), A educação, fator predominante da recuperação moral e cívica (1934), Saudades de Portugal (1938), O pan-americanismo e suas realizações, Conferência Pan-Americana de Lima (1939), O dever dos mestres (1942), Bons portugueses (1943), O culto das letras (1943), Cícero (1944), Elogio da imprensa (1944), A ação social e política dos bispos de São Paulo (1945), O sacerdote na Igreja, na sociedade e na família (1946), Imprensa e Política (1951), Elogio do livro (1951) e Passos do Meu Caminho (memórias, 2v. 1958). Teve também alguns discursos e conferências publicados.
Sobre sua vida e carreira: O Dr. Altino Arantes, esboço político e biográfico (1920) de Leopoldo de Freitas e recentemente o livro O diário íntimo de Altino Arantes – 1916-1918 (2015) do casal de historiadores, Robson Mendonça Pereira e Sônia Magalhães. Sendo o autor nascido em Batatais.
Outras homenagens: retrato no salão de reuniões da Câmara Municipal de Batatais, pintado por Carlo De Agostini (1913); Estação ou Posto Zootécnico “Dr. Altino Arantes” – extinta; Grêmio Estudantil ‘Altino Arantes’ do Colégio São José; o município de Altinópolis recebeu este nome em sua homenagem; foi agraciado pelo Estado português com o grau de Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo a 6 de novembro de 1919; o edifício sede do Banco do Estado de São Paulo (ex-Banespa) recebeu o nome de Edifício Altino Arantes em homenagem ao primeiro presidente da extinta instituição financeira; o posto do km 14 da linha tronco da Estrada de Ferro Sorocabana, localizado em Osasco, foi nomeado Estação Presidente Altino. A estação fica ao lado do bairro nomeado em sua homenagem; nome de Avenida no município de Ourinhos/SP; a Avenida Doutor Altino Arantes, no bairro Vila Clementino, na Zona Sul de São Paulo; a rodovia SP-351 (trecho coincidente paulista da BR-265), que passa por Altinópolis, é denominada Rodovia Altino Arantes; escola municipal “EMEF Altino Arantes” na capital paulista; bairro Altino Arantes no inicio da década de 80 em Batatais; escola estadual com seu nome no município de Quintana/SP na região da Alta Paulista; em Patrocínio Paulista existe a Travessa Dr. Altino Arantes e a Praça Dr. Altino Arantes; avenida com o nome de Altino Arantes no bairro de Jundiapeba, em Mogi das Cruzes.
Curiosidade: Segundo consta, Altino Arantes gozava de grande influência junto ao Papa Pio XI. Como amigo de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, viajaram juntos para Europa e Oriente Médio no início de 1926, nessa ocasião Altino Arantes interveio para que o Papa recebesse em audiência a Oswald de Andrade que solicitava uma benção papal para a anulação do primeiro casamento de Tarsila do Amaral com André Teixeira Pinto. A audiência aconteceu e poucos meses depois o novo casal oficializou sua união em 30 de outubro de 1926, com a presença de Altino Arantes e do presidente Washington Luis, que foi padrinho do noivo.
Muitos ainda devem se lembrar da existência de outro busto de bronze, de maior proporção, retratando Altino Arantes. Ficava na entrada do antigo Banco do Estado (atual Lojas Americanas). O busto de Altino Arantes existente na Câmara Municipal, é de tamanho natural, bem menor que o monumento que ficava na entrada da antiga instituição bancária, portanto, NÃO é o mesmo monumento. E fica a pergunta: por onde andará o busto de Altino Arantes situado na agencia do Banco do Estado de Batatais?
ARTUR SCATENA – CALISTO ARTURO SCATENA (1878 – 1967)
Data de Nascimento, Local: 23 de agosto de 1877, Massarosa, Província da Toscana, Itália
Filiação: Seus pais foram os italianos Paolo Scatena (filho de Antônio Scatena e Angelina Seipparelli) e Stella Lovi. Sua mãe morreu quando Arturo era criança e seu pai casou-se com a irmã da mãe, tia de Artur, Clorinda (conforme registro no Museu da Imigração), pela qual foi criado.
O pai de Artur, Paolo Scatena, morreu em 1918, aos 72 anos, na cidade de Batatais/SP; sua tia-madrasta veio a óbito na mesma cidade no mês de abril de 1939.
Estado civil e filhos: Casado no religioso com D. Augusta desde 1902, três anos depois, quando tinha 28 anos, oficializou o matrimônio no civil e a esposa contava com 24 anos, também natural da Itália, filha de Sesto Testa e Francisca Vanelli Dell’Éra.
Artur e Augusta (~1881 – 1947) tiveram 13 filhos (todos já falecidos): Jayme (casado com D. Nair Yole), Stella (casada com Adelino Simioni), Albertina (casada com Nicolau Liparelli), Elza (casada com Gustavo Simioni), Leonor (faleceu solteira), Archimedes (casado com Ida Biagi), Lauro (casado em 1ª núpcias Maria Cecília Niemeyer e em 2ª com Maria das Neves), Elma (divorciada de Carlos Collini Netto), Marina (casada com Oto Mello), Paulo (casado com Gilka Viana), Oswaldo (casado com Flora Pereira Lima), Ézio (falecido aos 21 anos em 1935, na França, solteiro, vitimado pela hanseníase) e Elvira (esse nome consta na certidão de óbito).
Data de Falecimento/Local enterramento/Causa: 28/05/1967, aos 88 anos. Faleceu em decorrência dos problemas de saúde decorrentes da idade avançada. Está enterrado no mausoléu da Família Scatena no Cemitério Bom Pastor (Paroquial), Batatais/SP.
Breve biografia:
Segundo consta nos registros do Museu da Imigração do Estado de São Paulo (MI), Arturo chegou ao Brasil em 1891 aos 13 anos de idade, acompanhado do pai, Paolo (~1846 – 1918) e de sua tia-madastra, conhecida como Deolinda (~1855 – 1939) e mais três irmãos: Ângela (conforme registro no MI, porém chamada de Angelina,17 anos), Aurélia (conforme registro no MI, porém chamada de Amélia, 8 anos), Luigi (3 anos).*** Foram imigrantes urbanos, vieram com recursos próprios e com certo pecúlio para ‘ganhar a vida’ na cidade.
Antes de se instalar em Batatais, a família de Arturo teria vivido em São Simão, na região de Ribeirão Preto, por volta de 8 anos. Depois desses anos, em 1899, a família muda-se para Batatais.
Em Batatais, já no início do século XX, encontramos registros de Arturo como proprietário de um armazém no ramo de secos e molhados e de produtos importados da Itália, na Rua da Estação. Em seguida, seu estabelecimento passa para um prédio na esquina da Rua Coronel Joaquim Alves com a Ladeira Dr. Mesquita.
Com o tempo, junto à sua casa comercial, por volta de 1913, abriu uma seção bancária onde representava diversos bancos provenientes dos grandes centros nacionais e estrangeiros, como da França e da Itália. Em 1926, Arturo Scatena criou seu próprio estabelecimento bancário, a Casa Bancária Arturo Scatena S/A. Em 1943, a casa bancária foi elevada à categoria de banco, o Banco Artur Scatena S/A (BAS), perdurando até final de 1959.
Na década de 50, esteve entre os 50 maiores bancos nacionais e contou com mais de 70 agências filiais pelo Estado de São Paulo e uma agência na cidade do Rio de Janeiro, na época, capital federal, inaugurada em 1954. Chegou a ocupar em 1956, o 17º. lugar no ranking dos bancos brasileiros em poderio econômico.
Pintura de Cândido Portinari
O BAS sempre esteve sediado na cidade de Batatais, no prédio onde hoje está estabelecido o Tabelionato de Notas. A edificação demonstra o poderio da família Scatena à época, construindo um império econômico no decorrer do século XX. O prédio não pertence mais à família.
O fechamento das atividades financeiras do BAS no seu auge econômico, ainda está no campo das suposições. São elas: a queda do preço do café na 2ª metade da década de 50; a própria política financeira nacional que apoiava a incorporação de instituições financeiras de menor porte pelas instituições de grande porte e os ‘boatos’ depreciativos que deixaram seus clientes inseguros quanto ao futuro do banco.
Atividades econômicas: comerciante, banqueiro e industrial.
Arthur Scatena foi um membro ativo da sociedade batataense, participativo nas ações empreendedoras, sociais e filantrópicas. Foi um dos fundadores e vice-presidente da primeira Associação Comercial de Batatais em 1918; voltou a participar de uma nova Associação Comercial local em 1933; foi um dos sócios fundadores da Sociedade Recreativa 14 de Março em 1930; ajudou de maneira concisa na Revolução de 32; foi coproprietário da Empresa Teatral Santa Helena Ltda; em 1942, colaborou grandemente para a fundação do Aeroclube de Batatais e na década de 50, foi um dos grandes financiadores das obras do renomado pintor, Cândido Portinari para a Igreja Matriz de Batatais, juntamente com o fazendeiro José Martins de Barros. Em 1952, encomenda pintura retrato de corpo inteiro com Portinari.
Data da inauguração da escultura: 21/05/2001
Autor da escultura: Roque de Mingo (São Paulo, 1890 – São Paulo, 1972). O artista plástico, mestre de fundição e escultor brasileiro frequentou o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Suas obras em bronze estão espalhadas por diversas cidades e cemitérios brasileiros. Algumas de suas obras são: Águia (1914); Lagostas (1923) e busto em bronze do Marechal José Arouche de Toledo Rondon (1940). Participou do Salão Paulista de Belas Artes nas décadas de 30, 40 e 50. Recebeu a medalha de ouro do Salão Paulista de Belas Artes em 1959. (in: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa260782/roque-de-mingo)
Sobre a escultura: Em 1999, a família ofertou o monumento ao município. A escultura existia há algumas décadas, quando em conversa com representantes da extinta Sociedade Amigos da Cultura e Prefeitura Municipal, ficou acertado que o busto seria instalado na Praça defronte ao antigo Banco Artur Scatena S/A, sua residência e residência de um de seus filhos. A Família Ragiotti doou a placa de identificação do antigo banco, que foi inaugurado junto ao busto.
Localização: Praça Dr. Washington Luís – Centro
Outras homenagens:
Título de Cidadão Batataense – Cavalheiro Arthur Scatena (Resolução 46 de 03/03/1965)
Curiosidades: Na década de 40, durante a 2ª Guerra Mundial, Arturo, naturalizou-se brasileiro, passando a denominar-se Artur. Nesse mesmo período, a Família Scatena intercalou sua residência entre São Paulo e Batatais.
* De acordo com a Folha de Batatais, Angelina Scatena Liparelli, irmã mais velha de Artur, faleceu em 09/11/1957, com aproximadamente 85 anos, na Itália onde residia. Era viúva de Agapito Liparelli, italiano que conheceu em Batatais e tiveram os filhos: Nicola (casado com a prima Albertina Scatena), Julio casado com Stela Scatena (residente em SP), além de Eduardo, Dario, Egidio e Orsolina. (FB, 17/11/1957)
** No Cartório de Registro Civil de Batatais, o nome de ‘Amélia Scatena” consta como mãe da noiva Fany Costa (16), casando-se com o comerciário Antônio Ferreira Guedes (21). Na Gazeta de Batataes de 1920, surge o nome ‘Amélia Scatena’ morando em Batatais com o filho Guilherme, na época convocado para o alistamento militar e, em 16/01/1949, O Jornal noticia o falecimento da irmã de Artur Scatena, ‘Amélia Scatena Chelotti’, residente em Bueno Aires. Acreditamos tratar-se de ‘Aurélia’ que consta nos registros do MI.
*** Conforme registros cartoriais, o meio-irmão de Artur, Luis Scatena, em 1906, casou-se, aos 19 anos, com D. Antonia Geurgin (Giraldi?) com 16 anos, com quem comemorou Bodas de Ouro. O casal de italianos teve numerosa prole: Pedro, Angelina, Antônio, Laura, Dercílio, Niger, Stela, Yolanda, Osvaldo, Lourdes, Marma, Therezinha e Luiz. O primo-irmão de Artur, Luis faleceu em 1970. Luis foi proprietário de um estabelecimento comercial na Avenida Ana Luiza em Batatais.