Os monumentos são construídos para serem eternizados, muitos o são, porém outros são simplesmente trocados, substituídos ou mesmo destruídos propositalmente.
Em nossa cidade, ‘reza a lenda’ que já tivemos alguns bustos e esculturas que foram trocados, outros substituídos, outros simplesmente ‘desapareceram’ e, infelizmente, não sabemos o paradeiro.
De acordo com nossas pesquisas, na década de 40, foi feita uma subscrição popular para se fazer um monumento em homenagem ao sesmeiro Germano Moreira, o doador das terras do arraial novo de Batatais. Porém, sua construção não aconteceu.
Outra figura pública que alguns batataenses pretenderam homenagear com um busto foi Getúlio Vargas. Segundo consta, o busto deveria ser instalado nos altos do Riachuelo, na Rua Santos Dumont. Porém, tal qual Germano Moreira, acreditamos que a subscrição não atingiu os fundos necessários para sua execução.
Outro busto famoso, e, este sim, muitos ainda devem se lembrar, ficava na entrada do prédio onde funcionou por longos anos a Caixa Econômica Estadual. Tratava-se de um busto com dimensões generosas do batataense e ex-governador de São Paulo, Altino Arantes. Qual o paradeiro de tal monumento? Não temos informações.
MONSENHOR JOAQUIM ALVES FERREIRA (1880-1946)
Data de Nascimento, Local: 29/outubro/1880, Batatais/SP.
Filiação: Major João Cândido Alves Ferreira (1853-1926) e Maria das Dores de Lima Alves, nascida Pereira Lima (1863-1940)
Irmãos do Monsenhor Joaquim Alves: Paulo Alves Ferreira (1), Maria José Alves Ferreira(2); Major Chrysantho Alves Ferreira(3) e João Cândido Alves Ferreira Filho(4)
Antecedentes familiares: Neto pelo lado paterno do Coronel Joaquim Alves Ferreira e de Maria Joaquina da Conceição(5). Seus tios paternos foram José Alves Ferreira, Cônego Joaquim Alves Ferreira(6), Cândida Alves Pereira(7) e Mariana Alves Ferreira Freire(8).
Bisneto pelo lado da avó paterna de Domingos José Fernandes e Margarida Joaquina da Conceição e pelo avô paterno de Antônio Alves Ferreira e Joaquina Custódia da Conceição (a famosa ‘Madrinha da Serra’). Seus tataravós foram pioneiros no povoamento de nossa região, provenientes de Minas Gerais e Portugal, Manoel Ribeiro Guimarães e Helena Maria Martins(7) e Antonio Alvarez Guimarães e Josefa Gomes Moreira de Assumpção – todos receberam sesmarias na região.
As primeiras propriedades em nome da família Alves (Alvares) Ferreira em terras batataenses datam do início do XIX e estão relacionadas às Fazendas Batataes, Cajuzoeiro e Prata. A ascendência materna e paterna do Monsenhor Joaquim Alves remonta os primeiros grupos familiares chamados ‘entrantes mineiros’ para o nordeste paulista que vieram em busca de enriquecer com terras para plantar e criar.
Atividade exercida: Sacerdote diocesano
Histórico: Nosso biografado, Monsenhor Joaquim Alves Ferreira foi o chefe da Igreja local durante boa parte da primeira metade do século XX, entre 1909 e 1946, numa época em que o poder religioso atrelado ao poder econômico e político trazia ainda maior prestígio ao sacerdote que ocupava este lugar. De inteligência notável, privilegiado em relação aos estudos, o Monsenhor Joaquim Alves sempre foi admirado e respeitado na cidade.
Infelizmente não temos informações sobre sua infância e juventude, apenas que fez as primeiras letras em Batatais e em seguida, aos 12 anos foi para o famoso Colégio São Luís, em Itu. Prestou exames com êxito para o curso de Direito na Faculdade de Direito de São Paulo.
Em 1899 entrou para o Seminário Episcopal, frequentando os cursos de Filosofia e Teologia, além de reger francês e inglês no Ginásio Diocesano da capital paulista.
Em 09/11/1903 recebeu o diaconato e em 08/12/1904, aos 24 anos, recebeu a ordem de presbítero, conferida na antiga Igreja da Sé pelo Bispo de São Paulo, Dom José Camargo Barros.
Celebrou a sua 1ª missa cantada no dia 18/12/1904 na Igreja Matriz de Batatais.
Serviu como secretário particular do Bispo Dom Alberto José Gonçalves, na Diocese de Ribeirão Preto até tomar posse como vigário na Paróquia de Batatais em 18 de abril de 1909.
Recebeu condecorações, as quais mostravam seu prestígio religioso: no ano de 1926, foi condecorado com o nobre título eclesiástico de Monsenhor com o grau de Camareiro Secreto de Honra* do Papa Pio XI.
“VIDA SOCIAL – DISTINÇÃO PONTIFICIA – Sua Santidade o papa Pio XI, atendendo aos serviços prestados à Religião, honrou com a nomeação de Camareiro de Honra o sr. padre dr. Joaquim Alves Ferreira, nosso distincto conterrâneo e por dilatados anos foi vigário desta parochia. O título a que acima referimos dá direito ao tratamento de monsenhor.
Monsenhor Joaquim Alves Ferreira, que continuará a residir nesta cidade, já tem o seu coadjuctor que é o sr. padre João Angeli.
Batataes em peso recebeu a nova notícia com grande satisfação, tanto mais porque o ilustre sacerdote, além de piedoso nos seus actos de fé reúne outras bellas qualidades que muito enaltecem a sua cultura e inteligência. (…)” (GB, 31/10/1926)
Em 08/12/1929 celebrou em Batatais, seus 25 anos como sacerdote com a presença do Bispo de Ribeirão Preto e seu amigo, Dom Alberto Gonçalves.
No ano de 1934, celebrou em 18 de abril seu Jubileu de Prata como pároco em Batatais, e foi novamente condecorado com outro título honorífico, elevado à honra de Prelado Doméstico** pelo Papa XI em 07 de julho do mesmo ano.
Desempenhou o cargo de 1º Inspetor Federal de Ensino no Ginásio São José, onde também foi reitor no final da década de 10.
Foi, por vários anos, provedor da Santa Casa de Misericórdia de Batatais e do Orfanato Santo Antônio, dirigido pelas Irmãs Salesianas de São João Bosco e esteve à frente do Lar e Conferência São Vicente de Paulo de Batatais.
Além de religioso e educador, foi um grande investidor do ‘progresso’ de Batatais em seu tempo: proprietário do Salão Santa Cecília (1911) e sócio fundador da Fábrica de Tecidos (1914), entre outros empreendimentos.
Data de Falecimento, Local: 08/maio/1946, em Batatais/SP.
Local enterramento: Inicialmente foi enterrado no Cemitério Municipal Senhor Bom Jesus (antigo Cemitério Paroquial), quando em 06 de agosto de 2006 teve seus restos mortais trasladados para o templo religioso da paróquia do Senhor Bom Senhor da Cana Verde de Batatais.
Outros dados:
1927 – Segundo consta, construiu às custas pessoais, um requintado palacete na Praça Cônego Joaquim Alves, no local onde anteriormente era residência de seu tio, o Cônego Joaquim Alves. Com o término do palacete na década de 30, passaram a especular que seríamos sede do Bispado da região, o que não se concretizou. Foi a luxuosa residência do pároco da cidade até a sua morte em 1946. Com a morte do Monsenhor, o palacete passou a ser residência de dois irmãos do reverendo: Major Chrysanto e Maria José.
1947 – Monsenhor Joaquim Alves Ferreira foi homenageado com o seu nome na segunda escola estadual urbana da cidade, o Grupo Escolar do Castelo. “O decreto nº 16.804, de 28 janeiro de 1947, dá a denominação de ´Monsenhor Joaquim Alves Ferreira’ ao Grupo Escolar do Castelo, em Batatais, quando era interventor federal do Estado de São Paulo, José Carlos de Macedo Soares. ”
1949 – Monsenhor Joaquim Alves teve uma rua batizada com seu nome, que passava ao lado de sua residência, a então chamada Rua Afonso Pena, antiga Rua das Palmeiras. Em seguida, rebatizaram a Rua Belo Horizonte com o nome de Rua Afonso Pena.
2021 – O palacete que serviu de residência para o Monsenhor Joaquim Alves Ferreira atualmente é uma propriedade privada, está desocupado e é considerado patrimônio Estado de São Paulo, tombado em conjunto com o Santuário e Praça Cônego Joaquim Alves, no dia 6 de maio de 2021, pelo CONDEPHAAT, órgão de proteção patrimonial do Estado.
Data da inauguração da escultura: 07/09/1963
Autor da escultura: Claudie H. Dunia – não obtivemos nenhuma informação sobre o artista.
Sobre a obra: A colocação de uma estátua do Monsenhor partiu da municipalidade na década de 60 (FB, 07/09/1963).
Localização do monumento: Aos fundos do Santuário Bom Jesus da Cana Verde, na praça Cônego Joaquim Alves. Sua herma está de frente para os transeuntes, a convidar o povo a entrar no templo. Possui uma inscrição com os seguintes dizeres: “Porque amou sua terra, vive sempre no coração e na saudade de sua gente, que, na eternidade deste bronze, afirma sua eterna gratidão.”
É considerado o segundo monumento de corpo inteiro da cidade. Antes da colocação definitiva da escultura no local onde está, ficou temporariamente entre a Igreja e a residência pessoal do Monsenhor Joaquim, mas foi retirado para construção dos banheiros públicos atuais.
Algumas Notas:
- Foi farmacêutico.
- Falecida em 1950.
- Nascido em 1885 e falecido em 1981. Foi capitalista, proprietário de terras, político, casado com Julieta Cabral de Oliveira Alves (1888-1945), filha do médico Dr. Raymundo Justiniano de Oliveira. Um dos filhos do Major Chrysanto, Chrisanto Alves Ferreira Filho casado com Maria José, filha de João Batista Garcia e Ermengarda Figueiredo Garcia.
- Fazendeiro, casado com Rita de Barros Alves, filha do Capitão João Martins de Barros. Uma das filhas do casal, Luiza Alves Ferreira casou-se com José Monteiro de Aguiar, natural de Santos/SP, nascido a 29/03/1920, industrial.
- Os avós paternos do Monsenhor, Coronel Joaquim Alves e Maria Joaquina da Conceição casados em Batatais no ano de 1826, foram proprietários de extensas terras na Fazenda Batatais. Com a morte do Coronel Joaquim, as terras foram divididas aos seus herdeiros em 1876.
- Tio do Monsenhor Joaquim Alves Ferreira, um dos irmãos de seu pai, o Cônego Joaquim Alves Ferreira (1840-1898) foi também sacerdote em Batatais de 1866 até sua morte em 1898. Foi também deputado provincial pela 21ª legislatura (1876-1877)
- Nascida em 1838 e falecida em 1922. Casada com José Alves Pereira. Mãe de vários filhos, entre eles: o Major Antônio Candido Alves Pereira, patrocinador da construção do Hospital de Batatais.
- Nascida em 1835, foi casada com João Baptista Freire, farmacêutico e proprietário de terras em Batatais.
- Conhecida como ‘Madrinha da Serra’, fazendeira estimada na região de Patrocínio Paulista. Possuía terras na região de Franca e Batatais.
*o título de Camareiro de Sua Santidade ou Camareiro Papal era uma das mais importantes honras concedidas a um leigo católico pelo Papa, sendo comumente atribuído aos membros de famílias nobres. Era uma função honorífica, em que existia o compromisso do Camareiro servir o Papa pelo menos uma semana por ano durante as cerimónias pontifícias oficiais”. In: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Monsenhor
** Prelados eram dignitários eclesiásticos que exerciam alguma jurisdição por direito do seu ofício, tais como autoridades eclesiásticas que desempenhavam a direção de uma Prelatura ou Prelazia. Em especial, o título de Prelado Doméstico era conferido a certos sacerdotes, por reconhecimento papal. In: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Monsenhor