Com o prolongamento da situação de pandemia que vivemos, aqui no Brasil, desde março do ano passado, passamos a encarar o combate ao coronavírus como uma tarefa que poderá nos afetar por muito tempo, e na qual provavelmente teremos que inserir algumas novas ações preventivas no nosso dia a dia daqui pra frente, ou pelo menos até que seja descoberto um medicamento eficiente e seguro para o tratamento e cura desta doença.
Digo remédio, e não vacina, uma vez que essa segunda não impede a infecção, mas sim a progressão para um quadro mais grave, “preparando” nosso organismo para o embate com o vírus. Ou seja, assim como o vírus da gripe comum, que continua circulando desde sempre, o coronavírus e suas variantes também continuarão, e a vacina terá de ser aplicada periodicamente, em toda a população.
Nesse cenário, ganha imensa importância a conscientização de que teremos que tornar a utilização das chamadas “medidas não farmacológicas”, hoje consideradas como excepcionais, em rotinas cotidianas, como tomar banho ou escovar os dentes, por exemplo. Estas medidas tem a importante função de manter controlada a taxa de contaminação do vírus, e manter a pressão sobre o serviço de saúde em níveis suportáveis.
Ações simples que deverão compor uma nova rotina no convívio social, no ambiente de trabalho, no lazer e mesmo no relacionamento familiar, uma vez que, dada a gravidade que no momento é imposta pelo contágio pelo coronavírus, estas medidas continuam sendo as mais efetivas para evitar a continuidade de sua disseminação. Estou me referindo às medidas de distanciamento social, o uso correto e adequado de máscaras em situações específicas, a etiqueta respiratória, e os protocolos de higienização de mãos e vestuários. Essas medidas, chamadas de “não farmacológicas de nível 1”, não serão provisórias nem substitutivas às medidas farmacológicas, pois a Covid-19 veio para ficar, e precisamos nos preparar para conviver com o vírus, incorporando ao nosso dia a dia alguns novos costumes.
Em uma fase mais avançada, que os infectologistas chamam de “medidas não farmacológicas de nível 2”, entraria o trabalho mais efetivo do poder público, com a necessidade permanente da vigilância em saúde nos territórios (ou bairros, setores, ou “clusters”), com a notificação inteligente, detecção (testagem) e acompanhamento dos casos, isolamento domiciliar dos casos e quarentena dos contatos, atividades a serem desenvolvidas nos municípios pelas equipes de Atenção Primária à Saúde.
Mas essas medidas só funcionam com um grande movimento de conscientização de toda a população, com amplas campanhas educativas em todos setores da sociedade, pois sem a mobilização de toda a sociedade, os efeitos não serão suficientes para iniciarmos uma volta à normalidade possível. Logicamente a ciência avança a cada dia, e poderemos futuramente termos na prateleira da farmácia da esquina, um “Covidex” para tratar a doença. Mas até lá, prevenir sempre será nossa melhor e mais eficiente arma.