Diante da iminência do colapso na rede pública e privada de saúde, com o aumento do número de contaminados pela Covid-19 e a situação epidemiológica de toda a região de Ribeirão Preto, com índices de emergência próximos no limite do atendimento aos pacientes, Batatais e várias cidades próximas mantiveram 5 dias com a maior restrição imposta desde o início da pandemia. Na cidade, a medida terminou na segunda-feira, 22 de março. Se o índice de isolamento foi bom nestes cinco dias, infelizmente, não foi o mesmo verificado antes e depois deste período.
Na véspera da entrada em vigor do Decreto de Emergência, os supermercados ficaram lotados o dia todo, inclusive com filas se formando do lado externo. Já na terça-feira, dia 23, filas gigantescas se formaram, desta vez em frente às lotéricas e agências bancárias. A população ficou desesperada, primeiro para abastecer a dispensa, mesmo com o anúncio do delivery de alimentação funcionando normalmente, e também para o recebimento de auxílios, como o Bolsa Família, que ficaram represados com os bancos fechados.
Mas, foi uma tentativa das autoridades para conter a pandemia, pois o número de contaminados só cresce a cada dia. Por outro lado, as medidas restritivas estão literalmente quebrando parte do comércio. Em contato com alguns empresários eles relataram o grande impacto financeiro com o avanço das restrições. Até o dia 30 de março, com o Plano São Paulo se mantendo na Fase Emergencial, boa parte do comércio só pode fazer delivery, ou seja, entregar a mercadoria na casa do cliente.
“Está última parada foi muito impactante para nós, foi uma medida drástica e negativa. Ficar sem poder fazer nada, sem delivery e o drive thru todos perdem. Sabemos que o vírus tem que ser combatido, mas de uma maneira inteligente, com todas as normas de segurança para que não piore o que já estamos vivendo. Estamos com todos os nossos compromissos comprometidos, impostos, funcionários, água, luz e tudo mais. O fechamento total dificulta ainda mais todo o processo. Vamos tentar divulgar mais todas as normas de segurança, uma conscientização em massa, isso sim vai ajudar no combate ao vírus, até que todos sejam vacinados”, afirmou Marilene Soave Ribeiro Chagas – proprietária da Loja Queda Livre.
“O impacto é fulminante, não estamos faturando quase nada, estamos recebendo poucas prestações, ou seja, um prejuízo enorme. Tenho 18 funcionários e, infelizmente, terei que demitir alguns. Se a restrição continuar dessa forma, e acho que vai, muitas empresas irão fechar as portas, inclusive eu. Do jeito que está vou conseguir sobreviver por mais três meses, no máximo, bancando o prejuízo”, Sérgio Xavier – proprietário da Casa Nova Móveis e Acessórios.
“A nossa forma de trabalhar mudou, investimos no serviço de delivery, que foi um ponto de crescimento. Diminuímos nossa folha, por conta da saída de alguns e também acertamos as questões de férias pendentes. Nossa economia de energia foi grande, pois paramos de trabalhar com a pista, enquanto a pandemia não passar. Se a gente não tivesse um delivery forte estaríamos passando por um aperto financeiro maior”, Rodrigo Campez, sócio proprietário do Restaurante Ana Luiza.
Assim como no ano de 2020, estamos vivendo uma verdadeira “montanha russa” e sem saber qual o sentido irá tomar. Em nossas empresas (tanto no setor fabril, como no comercial), conseguimos manter o mesmo volume físico de produção e comercialização, mas com variações que se alternaram muito ao longo dos últimos 12 meses. Felizmente, foi possível manter nosso quadro de funcionários, mas sentimos uma grande elevação nos custos da matéria-prima e dificuldade de fornecimento. Todo e qualquer planejamento ficou prejudicado e vimos nossa margem de lucro despencar e, infelizmente, ainda não conseguimos ver um horizonte diferente nos próximos meses”, Antônio S. Moraes Júnior – proprietário da Confecção Morvinyl e da loja Nibia Lingerie.
“Há um ano estamos vivendo essa pandemia que impacta a vida de milhares de pessoas. É triste ver pessoas perdendo a vida, perdendo o seu emprego, fechando seus estabelecimentos, perdendo seu ganha pão. No nosso ramo, que é loja de roupas, o impacto foi muito grande. Fomos e somos criativos, as lives ajudam a todos os que vendem e os que compram, mas não podemos negar que o percentual de queda foi muito grande, na casa de 40%. Segundo alguns amigos, os que sofreram menos impacto foram supermercados e lojas de materiais de construção. Espero que consigamos todos atravessar essa noite escura que estamos vivendo”, Ana Maria Mazzaron Passos Soares Dessotti – Gerente Comercial da Loja Descendo a Ladeira.
“Tenho três negócios que giram dentro da minha empresa, sendo dois deles considerados pelo Plano SP como essenciais. Infelizmente, como atendemos diversas empresas e as mesmas não estão podendo trabalhar normalmente, afetou muito o faturamento. Já colocamos vários funcionários de férias e, infelizmente, precisei demitir alguns. E para piorar, tivemos um fechamento total, onde nem Delivery podíamos fazer”, Ennio Fantacini, proprietário da 3D Informática e presidente da ACE.