No Brasil é assim: ano par, é ano de eleição. A diferença é que as eleições gerais (presidente, governadores, deputados e senadores) vêm acompanhadas de Copa do Mundo, e as eleições municipais (prefeitos e vereadores) de Olimpíadas. Seguindo a regra, nesse ano teremos os Jogos Olímpicos de Tóquio e eleições em Batatais.
Quando se fala em Olimpíadas, logo vem a expectativa de emocionantes competições e quebra de recordes. Se pensarmos bem, nas eleições também teremos as duas situações, com grandes embates entre os candidatos, e possibilidade de quebra de recordes em algumas modalidades, como a de abstenção de eleitores, pois confesso que nunca havia notado tamanha falta de motivação para votar por parte da população em geral.
Nas Olimpíadas, uma seleção atenta de fiscais monitora a possibilidade de fraudes nas disputas, principalmente através do doping, que quebra um dos princípios básicos das grandes competições: a igualdade de oportunidades entre os participantes. Nas eleições, existem várias modalidades de doping, como a compra de votos, adulteração de resultados, uso indevido da máquina pública, doações irregulares, e o pior de todos: as promessas mentirosas que iludem o eleitor de boa-fé.
Nas competições olímpicas nem sempre o favorito leva a medalha de ouro. Nas últimas olimpíadas do Rio de Janeiro, na final do salto com vara masculino o favorito era disparado, o francês Renaud Lavillenie, então campeão olímpico, mas quem levou o ouro foi o brasileiro Thiago Braz, naquela ocasião considerado apenas um azarão. Eleições também podem reservar surpresas. Aqui mesmo em Batatais já tivemos candidato à prefeito que iniciou a campanha com 2%, e terminou vencendo a disputa no final.
Nos Jogos Olímpicos, a maioria das modalidades possuem disputas em chaves, que levam os dois melhores a uma grande final, como no futebol, natação e judô, mas a mais tradicional prova olímpica, a maratona, é disputada em uma única prova, onde o vencedor leva o ouro, é claro.
Nas eleições municipais, uma parte minoritária dos municípios, aqueles com mais de 200 mil eleitores, elegem seus prefeitos em dois turnos, caso nenhum candidato atinja 51% dos votos válidos no primeiro turno. No segundo turno temos a grande final, onde será decidido que leva a medalha de ouro. Porém, nesse caso específico, a medalha de prata não vale lá muita coisa.
Mas na grande maioria dos municípios de nosso país, a disputa é em turno único, como na maratona olímpica, e quem tiver melhor preparo, a estratégia ideal para poupar folego e utiliza-lo no memento certo, controlar a distância dos adversários, e principalmente, conseguir ganhar o apoio da torcida, terá suas chances de vitória consideravelmente aumentadas. Assim como na maratona, a preparação antes da disputa é fundamental, com disciplina no treinamento e uma equipe de apoio bem profissional e experiente.
Uma diferença fundamental, e de interesse direto para todos nós. Os vencedores nas Olímpiadas mudarão o futuro deles próprios, os vencedores das eleições irão influenciar no futuro de nossa cidade, do local onde vivemos e criamos nossos filhos. Preciso dizer qual evento é mais importante para todos nós?