Não sou eu, ou qualquer anti-petista de plantão que entoa esse mantra, mas sim o próprio Lula e sua defesa constituída no processo do tríplex. Pois é.
Desde a condenação do ex-presidente na primeira instância em Curitiba, em 2017, a nação petista vem insistindo na tese de que seu líder máximo é um preso político, condenado sem provas por pura perseguição política, e com o único objetivo de tirá-lo do páreo das eleições presidenciais de 2018. Daí então, surgiu a campanha “LULA LIVRE”, organizada basicamente nos escritórios dos sindicatos ligados ao PT, e por seus próprios integrantes, tentando sensibilizar, em especial, a imprensa e comunidade internacional ligada à esquerda. Mas tem alguns pontos nesse roteiro que sugerem erro de continuidade e clara inverossimilhança, tal qual uma pornochanchada barata dos anos 70.
Primeiramente, o discurso de que Lula é um preso político não passa de uma estratégia usada pelo PT para politizar o julgamento, com dois objetivos imediatos: tentar primeiro sensibilizar e pressionar a Justiça para obter algum sucesso em Recursos e pedidos de Habeas-Corpus, o que convenhamos, não teve o efeito esperado até o momento. O outro objetivo era manter uma retórica que possibilitasse mobilizar a militância, artistas e intelectuais que dessem visibilidade na mídia ao discurso de perseguição política.
Para mim, e para a quase totalidade dos juristas sérios de nosso país, é muito claro que Lula não é um preso político. Insistir nessa tese, é deslegitimar as instituições nacionais, nesse caso, a Justiça, ao invés de lutar pelo seu fortalecimento. Lula participou, através de sua defesa constituída nos autos, de todos os atos processuais, oferecendo seus argumentos para provar sua tese de inocência, arrolando testemunhas, questionando outras tantas arroladas pelo Ministério Público, esteve presente em audiências, juntou documentos, requereu prazos, ofereceu Alegações Finais… ou seja, jogou o jogo da Justiça sempre aceitando suas regras, estabelecidas pela legislação federal, legislação que em alguns casos foi promulgada por ele próprio quando esteve no exercício da presidência.
Na realidade, Lula, sua defesa e seus “asseclas”, não questionam a lisura do processo e a legitimidade da sua sentença. Eles simplesmente não aceitam a decisão que o condenou por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, condenação essa que foi confirmada em segunda instância e no STJ. E isso, convenhamos, não consegue sustentar absolutamente nenhum argumento favorável à tese de prisão política nesse caso.
Pois bem! Agora, com o cumprimento de 1/6 da pena, o ex-presidente tem direito ao benefício da progressão de pena, passando ao regime semi-aberto, onde o preso trabalha durante o dia, e retorna ao local da prisão à noite, para dormir. E não é que Lula quer ficar preso!?! Tenho minha tese para esse súbito apego de Lula á prisão.
No semi-aberto, Lula teria que acordar todo dia pela manhã e se dirigir ao local de trabalho, bater cartão, apresentar relatórios mensais ao Juízo da Execução sobre as atividades que cumpriu durante seu horário de trabalho (sempre com o aval do seu empregador, logico), sair da labuta à tarde, e voltar direto para o presídio (ou sala de Estado Maior, regalia que possui por ser ex-presidente). Isso todo dia, como um trabalhador comum, e detalhe: com tornozeleira! Perceberam porque ele deve ter tido calafrios ao imaginar-se no semi-aberto?
Detalhe final importante: sabe aquela paradinha naquele barzinho para o happy-hour, depois do serviço para uma cervejinha com amendoim e torresmo? Lula não teria previsão legal para tal benefício…